Bolsonaro sinaliza que Braga Netto sai de vice com ele na disputa da presidência para evitar impeachment caso reeleja
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
Rafael Jasovich
General da reserva é vice de escolha do presidente, que resistiu a pressões do PL e da base para escolher nome político que pudesse agregar votos à campanha
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que já está decidido quem será o candidato a vice em sua chapa e, apesar de não querer confirmar o nome, deu indicações suficientes de que será de fato o atual ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto.
“Eu não quero adiantar o nome. Devemos ter um vice que demonstre a população que não é vice para ajudar a ganhar a eleição, mas para ajudar a governar o Brasil. Ganhar a eleição é bem mais fácil, ou menos difícil, que governar”, afirmou o capitão.
Em seguida, acrescentou que o candidato é de Minas Gerais –Braga Netto nasceu em Belo Horizonte.
O general da reserva é o vice de escolha do presidente, que resistiu a pressões do seu partido, o PL, e de outros da base para escolher um nome político que pudesse agregar votos à sua campanha.
A fala de Bolsonaro mostra que essa não é a maior preocupação do presidente, e sim os riscos para um eventual segundo mandato.
“Eu tenho que ter um vice que não tenha ambições de assumir minha cadeira ao longo de um mandato”, afirmou.
Bolsonaro quer alguém de sua absoluta confiança, e Braga Netto, que se revelou fiel ao presidente desde que foi chamado para o governo – ao ponto de pressionar pessoalmente senadores durante a CPI da Pandemia e encampar a defesa do voto impresso e suspeitas sobre as futuras eleições– se encaixa no perfil.
Braga Netto é um dos ministros que deve deixar o governo até o dia 2 de abril para poder ser candidato. Mas ele ainda não se filiou a um partido. A tendência é que se una ao PL, formando uma chapa puro-sangue com Bolsonaro.
Boulos se lança candidato a deputado federal em São Paulo
Enquanto isso na esquerda, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST, Guilherme Boulos (PSOL) anunciou nesta segunda-feira (21) que não vai mais participar da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes nas eleições deste ano. Ele anunciou a sua candidatura à Câmara dos Deputados.
A sua candidatura reveste de um significado especial. Trata-se de uma sinalização clara da união dos partidos de esquerda para derrotar o bolsonarismo. “Serei candidato para que nossas pautas tenham voz no congresso” declarou num twitter.
O apoio de Boulos dará maior ímpeto a candidatura de Fernando Haddad (PT) a governador de São Paulo e Lula a presidência do Brasil.
É provável que tenha se firmado um acordo entre PT e PSOL para lançar Boulos a prefeito de São Paulo em 2024.
No anúncio de sua candidatura a deputado federal, Boulos arranjou um mote poderoso para fazer dele o campeão de votos no estado mais populoso do Brasil.
O pré-candidato pelo PSOL quer se colocar como o político em condições de bater Eduardo Bolsonaro (PL) nesta disputa paralela – a do deputado mais votado de São Paulo.
“No nosso estado, temos outro desafio: derrotar Eduardo Bolsonaro. Não podemos deixar que seja de novo o deputado mais votado. SP precisa dar outra mensagem: derrotar Bolsonaro na presidência e o seu filho na Câmara dos Deputados.”
Se Boulos será o deputado federal mais votado em São Paulo somente será confirmado nas urnas. Mas que a sua candidatura é emblemática, disso não há dúvidas.