Arco do monumento na praça do Areão está com as bases corroídas e área precisa ser isolada até que seja feito o reparo

Carlos Cruz

Um vídeo que circula pela rede social, sem identificação do autor, chama atenção para o estado de iminente colapso do arco que ornamenta a velha Maria-Fumaça, na praça do Areão. “É onde a sociedade se encontra para levar as crianças para brincar e até mesmo para rever os amigose trocar ideias.”

Base do arco está corroída e pode levar a estrutura ao colapso. Prefeitura vai contratar perícia técnica, mas área precisa ser isolada desde já (Fotos: Carlos Cruz)

Entretanto, esse cidadão já não mais vê a praça como um lugar seguro. Ele teme pela ruptura do pesado arco, que está com as suas bases corridas pela ferrugem nos dois extremos.

“Essa estrutura não tem uma base de concreto para se firmar e está visivelmente deteriorada”, diz ele, alertando as autoridades municipais sobre essa situação de perigo para quem frequenta a praça.

A praça do Areão foi construída pela Vale juntamente com o antigo escritório. Anos mais tarde, incluiu na praça o monumento com a Maria-Fumaça.

Em abril de 1993, como uma das “compensações ambientais” de um acordo firmado com o Ministério Público para pôr fim a três ações civis públicas (poluição do ar, degradação paisagística da serra do Esmeril e supressão de matas nativas para plantio de eucalipto), a praça foi doada pela Vale ao município. E a cerca que a circundava foi retirada, abrindo-se para o público.

Com a “doação” veio também o ônus, já que a mineradora se desincumbiu de dar manutenção à praça e ao monumento. Não se tem registro de que, após a doação, a Prefeitura tenha dado manutenção desse pesado arco. “Imagine a tragédia se desmoronar em dia de evento na praça”, preocupa-se, com razão, o internauta.

Vistoria técnica

No outro pilar do arco a corrosão é também forte e internauta teme pela sua ruptura

Segundo informações da Prefeitura, o arco foi vistoriado recentemente pela Secretaria Municipal de Obras. Nessa primeira vistoria, constatou-se que a deterioração aparente é só na parte externa, estando intacta a estrutura interna.

Mas para se ter uma avaliação mais precisa, vai ser contratada uma vistoria técnica especializada. Enquanto isso, o perímetro no entorno do arco, por precaução, precisa ser imediatamente interditado.

Isso enquanto a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, por meio da Diretoria de Patrimônio Histórico, elabora o projeto de revitalização da praça e do monumento histórico ferroviário.

Outras vistorias necessárias

Viaduto do Alto Pereira antes da reforma realizada pela administração passada, mas não se sabe se as infiltrações foram eliminadas

Mas não é só o arco da praça do Areão que precisa de urgente vistoria, demandando medidas preventivas e corretivas urgentes.

Conforme já alertou esse site, em reportagem de 22 de março de 2019, são várias estruturas que precisam ser vistoriadas e reforçadas, antes que entrem em colapso, colocando em risco a vida da população.

São obras de engenharia muito antigas e que, historicamente, estão sem manutenção – e sem que se saiba o seu real estado de integridade, com risco de sofrerem colapsos diversos e até desmoronar.

É o caso do viaduto do Alto Pereira, construído no segundo governo do prefeito Daniel Grisolia (1967/70). No final da administração passada, passou por uma reforma, encobrindo as corroídas ferragens com reboco e pintura.

Mas não foi informado, por ocasião da maquiagem, se foram eliminadas as infiltrações de água em sua estrutura.

Sem prevenção

Guarda-corpo na rua Coronel Linhares Guerra, acima da Catedral, é outra ameaça que precisa ser eliminada

Como no Brasil não existe uma cultura de prevenção, em Itabira não é diferente. Consequentemente, não existe na Secretaria de Obras registro de vistoria cautelar dessas estruturas, sejam elas de pequeno, médio ou de maior impacto.

A vistoria preventiva é imprescindível até mesmo para evitar que pequenos acidentes aconteçam e ameacem a vida das pessoas. É o que poderia ter ocorrido, em 2018, com o rompimento de parte de um “guarda-corpo” na praça Joaquim Pedro Rosa, que caiu sobre um banco, que se quebrou.

Se o pedaço do balaústre que se soltou caísse sobre alguém que estivesse sentado no banco da praça, pelo seu peso e tamanho, poderia ser fatal. Só depois desse quase acidente que a Prefeitura reforçou a estrutura.

Mais à frente, no entorno da Catedral, outros sinais de deterioração são evidentes, como na rua Coronel Linhares Guerra. Lá também o guarda-corpo está perdendo suporte.

Para conter a inclinação, a Prefeitura fez um serviço de contenção, com cintas de aço. Trata-se de um paliativo, quando deveria ter sido refeitos os pilares de contenção.

Tanto o serviço não foi suficiente que, recentemente, ocorreu um deslizamento na encosta. Se o guarda-corpo ceder, o risco de ocorrer um grave acidente é grande, podendo arrastar junto parte da rua Coronel Linhares Guerra.

E a cidade pode perder mais um patrimônio histórico que remonta à década de 1950, construído pelo prefeito Luiz Brandão (1950/56).

Situação semelhante, mas por motivo diverso, ocorre na rua Doutor Guerra, onde se observa um ainda leve abatimento da via asfáltica em direção à encosta do clube Atlético Itabirano.

É preciso fazer uma urgente vistoria no muro de contenção, que parece frágil e antigo, construído na década de 1970 – e que, com certeza, está com prazo de validade vencido. Se o muro romper, é também grande o risco de levar junto a rua Doutor Guerra.

Rua Doutor Guerra: abatimento é visível no asfalto, na encosta do Clube Atlético

Canal da Penha e João Pinheiro

No canal que conduz o córrego da Penha existem também vários riscos de ruptura, principalmente na avenida Carlos Drummond de Andrade, que é mais antiga, construída pelo prefeito Virgílio Gazire (1973/76).

O canal e a avenida foram construídos sobre rejeito de minério que descia da mina Cauê. Como hoje se sabe, com as tragédias de Mariana e Brumadinho, rejeito se move pelo efeito de liquefação, podendo causar graves acidentes.

Construída pelo prefeito Li Guerra (1993/96), com modelo de canal fechado, que já não é mais licenciado pelos órgãos ambientais, a avenida João Pinheiro, com as suas galerias subterrâneas, nunca passou por uma vistoria técnica.

Canal fechado da avenida João Pinheiro nunca passou por vistoria técnica para se saber qual é o seu real estado de conservação

Sem saber como estão essas galerias, se existem trechos com obstruções, o risco de um colapso também é grande, podendo acarretar graves consequências para moradores, pedestres e motoristas que passam por essa importante avenida no maior centro comercial da cidade.

Outras obras que precisam ser vistoriadas são os muros de contenção de encostas, como por exemplo, o que segura o beco do Caixão – e que liga a rua Tiradentes à rua Irmãos de Caux.

Muro de contenção no Beco do Caixão: aparentemente está seguro, mas também precisa passar por vistoria técnica

Na década de 1980, uma forte erosão corroeu o beco, ameaçando levar junto parte da rua Tiradentes com seu casario histórico.

Foi quando a Prefeitura construiu o muro para conter a encosta, na administração do prefeito Jairo de Magalhães Alves (1978-82).

Esse muro aparentemente está seguro. Mas as barragens da Vale que romperam em Mariana e Brumadinho também eram consideradas seguras.

A prevenção salva vida e torna mais barata a recuperação do que está deteriorado pelo tempo. Que a Prefeitura faça as vistorias em todas as suas estruturas urbanas – e reforce o que for preciso, ou até mesmo eliminando estruturas obsoletas, se necessário.

Saiba mais aqui:

Com mais  de 25 anos, canal da João Pinheiro nunca passou por vistoria técnica e deixa moradores apreensivos com as chuvas

E também aqui:

Obras públicas, sem manutenção, são riscos permanentes de acidentes em Itabira

 

 

 

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