Antes da derrota incomparável, Bernardo Mucida cobra da Vale reparação e compensação pelo fim do minério

Fotos: Carlos Cruz

Para fazer com que a mineradora Vale inclua a dívida histórica que tem com Itabira, o deputado Bernardo Mucida (PSB) teve aprovado, nessa terça-feira (22), requerimento apresentado à Comissão de Minas e Energia solicitando que a empresa apresente, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os projetos de reparação dos territórios minerados em Minas Gerais, com destaque para Itabira.

O deputado Bernardo Mucida quer que a Vale se comprometa internacionalmente com a reparação ambiental e econômica de Itabira

Mucida é vice-presidente dessa comissão. Segundo ele, o requerimento é um desdobramento de sua iniciativa para que a Vale inclua os danos ambientais e as perdas incomparáveis com a mineração entre as ações socioeconômicas/ambientais que a mineradora deve cumprir daqui para frente como parte de sua agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance).

A agenda ESG é novo instrumento do marketing empresarial para melhorar a imagem das corporações multinacionais – e assim dar uma roupagem social e ambiental aos seus empreendimentos.

Nessa mesma cruzada, o parlamentar enviou carta à presidente da Bolsa de Nova Iorque, Lynn Martin, com cópia ao presidente da Vale, Eduardo Bartolomeu, pedindo para que interceda junto à mineradora em prol do município de Itabira.

A cidade sofre há oito décadas com a poeira de minério em suspensão, com a degradação paisagística, além do quase monopólio das águas superficiais e dos aquíferos – e tem as suas minas já à beira da exaustão, sem que tenha recebido a contrapartida necessária para reduzir a dependência econômica com a atividade, que desmantelou a sua economia diversificada.

O deputado Mucida, assim como o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), acredita que Itabira pode virar para a Vale um caso de sucesso, desde que receba investimentos capazes de reverter esse quadro, criando condições para que a cidade exaustivamente minerada possa se tornar sustentável.

Isso mesmo depois da extração da última tonelada de minério de seu subsolo, o que deve ocorrer em meados da próxima década. “A minha cobrança é para que a Vale especifique em sua política ESG um compromisso de investimento em infraestrutura e ações para que as cidades mineradoras (na verdade mineradas, mineradora é a empresa) possam diversificar as suas economias”, afirma o deputado.

Para isso ele reivindica a participação financeira da mineradora em projetos, além da Unifei, para transformar o município em polo educacional, com fornecimento de água em abundância para atrair novos empreendimentos industriais.

É o que deve ocorrer com a transposição do rio Tanque, já que o prometido legado de acesso às águas dos aquíferos Cauê e Piracicaba ficou para as calendas gregas, que pelo visto jamais será efetivado, até mesmo por não ser cobrado.

Segundo o prefeito Marco Antônio Lage, um pacote de obras com investimentos diversos deve ser apresentado pela Vale em junho, quando se completam 80 anos da assinatura do decreto de Getúlio Vargas que criou a estatal Companhia Vale do Rio Doce, hoje multinacional Vale S.A.

Saiba mais aqui:

“Vale vai colocar as cartas sobre a mesa e abrir o jogo com Itabira”, diz Marco Antônio Lage

Bernardo Mucida espera que esse “pacote de bondades”, que na realidade é parte do resgate da dívida histórica para com Itabira, seja também apresentado na comissão de Minas e Energia, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Para saber mais, acesse:

ANM pede informações à Vale sobre o complexo de Itabira antes de aprovar novo plano de aproveitamento econômico de suas reservas

Aqui:

Vale já prepara, pelo menos desde 2013, o Plano de Fechamento das Minas de Itabira, agora previsto para 2031

E também aqui:

Cultivo de plantas medicinais e novo hospital constam, em 2013, do Plano de Descomissionamento das Minas de Itabira

 

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