André Viana diz que a Vale foi arrogante no Codema e vai cobrar no CA a sua participação no debate sobre o Fechamento das Minas de Itabira

Foto: Carlos Cruz

Representantes da Vale apresentaram planos genéricos ao órgão ambiental municipal e recusaram a responder perguntas sobre o Plano Regional de Fechamento Integrado das Minas de Itabira (PRFIMI), apresentado ao antigo DNPM em 2013 e os subsequentes 

O presidente do sindicato Metabase de Itabira e Região, André Viana Madeira, disse que vai cobrar, na próxima reunião do Conselho de Administração (CA) da Vale, a participação efetiva e propositiva da mineradora no Grupo de Trabalho (GT), constituído pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema).

O objetivo desse GT é discutir e propor ações, desde já, para o descomissionamento das minas locais, como também para o uso futuro de todas as estruturas e ocupações da Vale após o encerramento das atividades minerárias no município.

A exaustão mineral no complexo de Itabira está prevista para 2041, conforme último relatório Form-20, encaminhado à Bolsa de Valores de Nova Iorque, Estados Unidos. Mas antes, já ocorreram a exaustão das minas Cauê, em 2003 – e Chacrinha em 2016, sem que esse fato histórico de grande relevância fosse sequer comunicado à sociedade itabirana.

Na reunião do Conselho Administração, no qual Viana tem assento como representante dos trabalhadores da Vale, eleito democraticamente em fevereiro do ano passado, obtendo 6.697 votos (48,8%) em um colégio eleitoral que contou com 13.682 votantes em todo Brasil, o sindicalista diz que fará valer o seu direito de fala, como representante não só dos empregados, mas também em nome da comunidade itabirana.

Para André Viana, ao se negar a discutir os planos de fechamento das minas de Itabira com a sociedade itabirana, a mineradora adota um postura postura arrogante e desrespeitosa para com a cidade de Itabira

Angústia e incertezas

“A cidade vive nessa eterna angústia de não saber quando será o fim, que já vem acontecendo”, diz o sindicalista, para quem é grande o temor entre os trabalhadores, mais ainda depois do fechamento abrupto, sem aviso prévio, da usina da Gerdau, em Barão de Cocais, com a demissão de mais de 480 trabalhadores.

“Imagine se algo semelhante acontece em Itabira, ainda que não seja um fechamento total, mas queda paulatina e vertiginosa da produção de minério, embora no momento atual o viés seja de alta. Seria um caos econômico e social , com abalo sem precedentes nas finanças do município”, ele teme.

É que, segundo o sindicalista, tudo pode acontecer neste mercado global volátil de minério de ferro, com uma desaceleração da produção local por uma eventual queda abrupta no preço da commodity, ou mesmo pelo início de operação de complexos minerários mais competitivos, seja da Vale e ou de seus competidores, com teor de ferro acima do que é extraído e beneficiado em Itabira, impactando negativamente a economia local.

Daí que, defende André Viana, o processo de discussão e implementação de ações possíveis para o descomissionamento das minas deve ter início desde já, com ampla discussão com a sociedade itabirana, não somente no Grupo de Trabalho do Codema, mas também na Câmara Municipal, sindicatos, associações empresariais e comunitárias.

“Que a Vale comece por debater com a sociedade itabirana os planos de fechamento de minas já apresentados à agência reguladora, com as atualizações das reservas e recursos minerais, para que o processo de exaustão aconteça de forma planejada e bem equacionada, a fim de Itabira dispor, desde já, do uso futuro das estruturas que já estão sendo descaracterizadas”, reivindica André Viana.

Segundo ele, é esse posicionamento que irá defender na reunião com os conselheiros da Vale. “Vou, inclusive, cobrar a ampla divulgação das atualizações dos Planos de Fechamento das Minas de Itabira, que a cada cinco anos são atualizados apresentados à agência reguladora da mineração juntamente com o planejamento econômico para as minas locais”, adianta André Viana.

Em comunicado ao Codema, sindicato classifica como arrogante a postura da Vale 

Esse posicionamento de André Viana, em nome do Sindicato Metabase de Itabira e Região, foi adiantado em nota encaminhada ao Codema. Nela, os sindicalistas itabiranos repudiam o que chamam de postura “não urbana e arrogante da Vale ao se eximir de participar de importantes grupos de trabalho sobre esse mais importante tema que preocupa a população itabirana: a exaustão mineral que se avizinha”.

A nota foi encaminhada em nome da diretoria da gestão 2022-2026, com o endosso também dos representantes do sindicato no órgão ambiental, os diretores José Custódio Pires Guerra e Geraldo Magela Batista Júnior. E foi lida na reunião de sexta-feira (14) do Codema.

Para os sindicalistas, a criticada postura da mineradora ao se negar participar da discussão e encaminhamento do Plano de Fechamento de Minas, é um acinte à população itabirana.

“Frisamos ainda que o presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região e conselheiro Administrativo da Vale S.A. no Brasil exigirá, a curto prazo, que a empresa reveja tal postura e aja com a responsabilidade que lhe cabe”, destaca a nota dos sindicalistas.

Por último, os sindicalistas manifestam “apoio incondicional ao Codema e demais conselheiros”, comprometendo-se com a luta por uma Itabira verdadeiramente sustentável. “Se preciso”, registra a nota sindical, “estaremos em outras instâncias exigindo a mudança de postura da empresa”.

Ofício do sindicato Metabase ao Codema

 

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1 Comentário

  1. A posição da mineradora Vale no Codema não foi de arrogância, mas de menosprezo ao futuro de Itabira. Uma empresa que nasceu, cresceu, enriqueceu e desenvolveu às custas do subsolo itabirano, teríamos que ter um tratamento digno e respeitoso com Itabira. Além do mais, todas solicitações da mineradora quando é do interesse foram acatadas pelo Codema. Então mais do que justo e honesto, a Vale colocar à disposição seus profissionais para discutir a questão do fechamento de minas em Itabira. Não seria um favor, mas uma obrigação social da mineradora. Isso se chama “Responsabilidade Social”.

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