Amianto: um perigo oculto na saúde ocupacional
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Médico do Hospital Edmundo Vasconcelos alerta sobre graves danos à saúde causados pelo amianto
Amplamente utilizado em indústrias e construções por suas propriedades de isolamento térmico e resistência, o amianto tornou-se sinônimo de risco à saúde. As fibras microscópicas desse mineral, invisíveis ao olho humano, têm potencial devastador no organismo, principalmente no sistema respiratório.
Segundo o médico especialista em cirurgia oncológica, Vinicius de Borba Marthental, a exposição ao amianto está associada a uma série de doenças graves, predominantemente respiratórias. Marthental é cirurgião oncológico no Hospital Edmundo Vasconcelos e diretor técnico da Clínica do Paciente, ambos em São Paulo (SP).
“As principais condições incluem asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma maligno, um câncer raro da pleura, a membrana que reveste os pulmões. Além disso, pode causar câncer de laringe, ovário e doenças pleurais não malignas”, explica o cirurgião.
Os números são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 100 mil mortes por ano estão relacionadas à exposição ao amianto. Mesmo com o uso do material proibido em muitos países, estima-se que 125 milhões de pessoas ainda estejam expostas ao amianto em todo o mundo, incluindo no Brasil.
As fibras do amianto, quando inaladas, podem se alojar nos pulmões e causar inflamação crônica.
“A exposição resulta em cicatrizes no tecido pulmonar, condição conhecida como asbestose, que leva à falta de ar severa e aumenta o risco de câncer de pulmão”, explica Marthental.
O mesotelioma pleural, por sua vez, é praticamente exclusivo da exposição ao amianto e pode se manifestar décadas após o contato inicial.
O especialista destaca que os sintomas das doenças relacionadas ao amianto costumam ser sutis no início, o que dificulta o diagnóstico precoce. “Falta de ar, tosse persistente e dor no peito são alguns dos sinais, mas podem demorar até 40 anos para aparecer”, ressalta.
Uma das questões mais alarmantes é que não há uma quantidade segura de exposição ao amianto. “Qualquer nível de exposição pode ser prejudicial”, alerta o médico.
Organizações como a OMS e a International Agency for Research on Cancer (IARC) classificam o amianto como um agente carcinogênico de nível 1, o que significa que qualquer contato com suas fibras oferece risco à saúde.
Diante de uma possível exposição, é crucial realizar exames preventivos. “Radiografias de tórax, tomografia computadorizada de alta resolução e espirometria são ferramentas importantes para avaliar a função pulmonar. Nos casos de suspeita de mesotelioma, biópsias podem ser necessárias”, orienta Marthental.
Infelizmente, para muitas doenças causadas pelo amianto, como a asbestose e o mesotelioma, ainda não há cura. “O tratamento é paliativo, visando o alívio dos sintomas e a melhora da qualidade de vida. No caso do mesotelioma, a quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, cirurgia são opções, mas com taxas de sobrevida ainda baixas devido à agressividade da doença”, lamenta o especialista.
Para aqueles que acreditam ter sido expostos ao amianto, Marthental sugere uma ação rápida e decisiva. “É fundamental interromper imediatamente a exposição e procurar um médico especializado, de preferência um pneumologista ou médico do trabalho.”
Além disso, exames regulares devem ser feitos para monitorar a função pulmonar e identificar precocemente qualquer sinal de doença relacionada ao amianto. Uma das principais recomendações é o abandono do tabagismo. “O cigarro tem um efeito sinérgico com o amianto, aumentando significativamente o risco de câncer de pulmão”, destaca o médico.
Muito bom o alerta sobre os riscos de contato com o amianto.
Kelé 666