Amanda Drumond, poeta itabirana, participa da Hora da Poesia, segunda-feira (19), no Centro Cultural, com leitura e roda de conversa
Foto e imagens: Divugação/Amanda Drumond
A poeta e artista plástica Amanda Drumond participa, na segunda-feira (19), às 16h, na biblioteca Luís Camillo de Oliveira Netto, no Centro Cultural, da Hora da Poesia, ocasião em que fará a leitura de alguns de seus poemas, além de participar de uma roda de conversa sobre o fazer poético com os participantes convidados, todos que curtem a poesia, tão necessária em nossas vidas.
Amanda Drumond é itabirana, mas tem as suas raízes familiares em Santa Maria de Itabira – ela é sobrinha de Joana D’Arc Torres Assis, escritora, memorialista santamariense – e de Fátima Drumond, outra cronista garrucheira que precisa desengavetar os seus escritos, assim como também é preciso retirar dos escaninhos da memória os poemas do tio Marcos Drumond.
Irrequieta, Amanda Drumond escreve e ilustra os seus próprios poemas. A sua obra literária é marcada por sensibilidade e profundidade. As suas poesias, crônicas e contos exploram temas como amor, feminilidade, empoderamento e autoconhecimento.
Não raro, em seus versos ela mergulha na dualidade entre força e vulnerabilidade, com muita habilidade ao expressar emoções de forma autêntica e cativante. A sua poesia é também engajada, não se omite diante da realidade, como é exemplo o seu poema Cavaca: “(…) Cavaco noite e dia,/ levo tudo para o futuro./ No Japão, estou de dia,/ trabalhando sempre o turno./ Nunca parei, desde o primeiro furo”.
Outro exemplo é o poema A pepita que estava aqui, no qual ela questiona a ausência de algo valioso que se perdeu, como uma pepita de ouro que desapareceu.
Por meio de metáforas, Amanda aborda questões sociais, filosóficas e existenciais. É altruísta e solidária ao abordar a fome, a miséria, em oposição à ambição desmedida, mas sempre de maneira poética e reflexiva. A sua poesia reflete o amor ao próximo, buscando compartilhar emoções com outras pessoas.
Em um outro poema, Eu te amo, revela a profundidade das emoções e a busca pelo significado do amor. “(…) Amo-te/ Vou embora/ silencio-te/ abandono-te/ sofro/ recomeço-te/ te amo como sempre.”
Amanda Drumond tem o dom de capturar a essência da experiência humana em suas palavras, tocando os corações dos leitores e das leitoras.
Vale a pena participar desse encontro poético marcado com Amanda Drumond na segunda-feira, às 16h, no Centro Cultural.
Enquanto isso, conheça alguns dos seus poemas publicados aqui na Vila de Utopia, com ilustrações da própria autora.
A pepita que estava aqui
Cadê a minha pepita
eu quero saber
Eu sou a fome com a vontade de comer
Sou a máquina e o coração
A bomba forte em explosão
Cadê meu ouro?
Não sobrou nenhum tostão?
Nem um vintém
Diziam ser mais de milhão
Mas vejo fome, miséria e ambição
Cadê minha pepita que estava aqui?
O gato não comeu
Morreu com veneno e destruição
Cadê a pepita que estava aqui?
Repito e insisto
Este ouro é seu?
Que eu saiba é mais meu.
Cadê a pepita que estava aqui?
A vale comeu.
Poesia da Despedida
O que eu vim buscar aqui
Não encontrei
Perdidas às palavras
Ao ar de derrota
Os amores
Não foram
Os meus pedaços
Eram
O que eu perdi aqui
Não achei
Nem com sonda avançada
Sumiram as mãos,
a raiva
Vejo vagando pela madrugada
os insultos
Vagam o que antes importava
Esperei eternamente
Ao pedido de perdão
Você veio com facas
O que vim buscar aqui
Se achasse seria um corpo,
triste, um véu na cara
Um coração banido
Em revolta da sua amada
O que vim buscar aqui
Foram os cacos da minha alma.
Penumbra
Nada se é visto igualmente
Olhei no olho da moça
Vi sua angústia ao instante que o noivo lhe dera o esperado anel
Fatal, a penumbra que se instalara
Nada mais era ou será
O sim ou o nao
O véu ou o fel
Ela ali, em ânsia e êxtase
Ao tempo, a surpresa
Seus drinks, seus pratos e a sobremesa
Entre a penumbra
Que separa a luz divina
Do umbra
Aquela dúvida
A musa novamente passa
Sempre com sua brisa esvoaçante
Desta vez, a musa, sem saber
Iluminou a cena do noivo
Com sua taça de vinho tinto
A noiva ali, escolheu com quem foi.
Cavaca
Eu sou a cavaca
vendo pá, enxada e faca.
Cavo sem parar,
no trem, faço o despacho.
Dia e noite, troco o turno,
feijão com arroz e alho puro.
Medíocres os punhos,
carregam defuntos.
Cavaco noite e dia,
levo tudo para o futuro.
No Japão, estou de dia,
trabalhando sempre o turno.
Nunca parei,
desde o primeiro furo.