Alguns acontecimentos da Igreja Católica na Cidadezinha

Procissão festiva em 1908: sagração do bispo Dom Prudêncio Gomes da Silva

Foto: Brás Martins da Costa/
No Tempo do Mato Dentro 
Pesquisa: Cristina Silveira

Memórias da Semana Santa: tradições da Igreja Católica no início do século XX em Itabira do Matto Dentro

Essas opções adicionam um toque histórico e emocional, ajudando a situar o leitor no contexto. Qualquer uma dessas sugestões pode ser ajustada conforme o tom e o conteúdo do texto. O que acha? Posso também ajudar a revisar o próprio texto, se desejar!

1905 Ecos dos Estados – Minas

(Dos nossos correspondentes)

Itabira do Mato Dentro. A quinze de agosto deste ano celebrou-se nesta cidade a grandiosa festa do Divino Espirito Santo.

Na véspera, às nove horas da noite, levantou-se o mastro ao som dos sinos da nossa Matriz e ao espocar de girandolas de fogos de artificiais.

Às 11 horas da manhã houve missa solene, cantada pelo Ver. vigário, o qual foi auxiliado por três jovens esperançosos estudantes do seminário de Mariana, revestidos de batina e sobrepeliz.

Pedindo para o Espirito Santo. Gravura de Joaquim Lopes de Barros Cabral Teive. Coleção da BN-Rio

Tocou durante a missa a orquestra Euterpe Itabirana habilmente dirigida pelo maestro farmacêutico José Amâncio Ferreira.

O festeiro Romualdo de Oliveira assentou-se ao lado do Evangelho, tendo à sua direita o alferes da bandeira, o qual empunhava um rico estandarte, obra prima feita pela Exma. Sra. D. Vitalina de S. José, aluna do Asilo da Piedade.

A matriz achava-se ricamente adornada.

Às 5 horas da tarde, saiu da matriz importante procissão, a qual percorreu as principais ruas da cidade. Abria o préstito o estandarte do Divino Espírito Santo e logo após as Irmandades de Nossa Senhora do Rosário, Irmandade das Dores e do Santíssimo Sacramento, ocupando o centro um lindo grupo de anjos; fechava o préstito o palio sob o qual o Rev. vigário carregava o Santo Lenho.

Atrás do palio a banda de música e o povo, cujo concurso era extraordinário. Reinou no percurso da procissão respeito e silêncio.

A entrada da procissão pregou o mesmo vigário da freguesia, seguindo-se o Te-Deum a benção solene do Santíssimo Sacramento.

Honra, louvor e glória ao Santo Espírito!

[A União (RJ), 25/8/1905. Hemeroteca da BN-Rio]

Nossa S. da Piedade, padroeira dos Católicos de MG, na Catedral Cristo Rei, em BH. Grafite de Hely Costa, de Belo Horizonte. (Foto: Reprodução/Acervo: Cristina Silveira)
1905 Ecos dos Estados – Itabira do Matto Dentro

A 22 de outubro deste ano houve nesta cidade solene procissão em honra da Virgem Santíssima Nossa Senhora da Piedade.

Saiu o esplendido préstito da Matriz da freguesia em demanda da Capela da Piedade, sita no lugar denominado Campestre aprazível subúrbio desta cidade.

As ruas,  Municipal, Rosário, Conselheiro Dantas e Campestre, estavam tapizadas de flores e ramagens.

A frente das casas, por onde passou tão terna procissão achava-se bem ornada; lindas colchas e jarras de flores viam-se nas janelas.

Aqui e ali, em números de sessenta, notavam-se belos arcos e galhardetes em renque.

Mais de duas mil pessoas acompanhavam com boa ordem e devido respeito à excelsa Senhora, dando assim prova cabal dos sentimentos de piedade gravados em seus corações.

Serviu na procissão a banda musical Euterpe Itabirana, habilmente dirigida pelo farmacêutico Sr. José Amâncio Ferreira, o qual com os seus bons companheiros prestou-se gentilmente a encantar a divina procissão.

Procissão em Itabira, no início do século passado (Foto: Brás Martins da Costa/No Tempo do Mato Dentro)

Ao chegar a esplendida procissão na capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade, o povo permaneceu no vasto adro da mesma capela, e nessa ocasião solene, ao estrugir de fogos artificiais e ao som de um belo dobrado executado pela banda de música, o pároco subiu ao púlpito postado ao lado da porta principal do templo sagrado, e depois de ter cessado o ultimo som da bela musica e dos sinos que alegremente saudavam a Virgem Mãe de Deus, deu começo ao sermão, agradecendo aos fieis que ali se achavam cheios de fé e amor filial e patenteando o caminho maternal da Virgem Santíssima para com os pobres pecadores.

Conclui-se a festividade com a Salve-Regina cantada pela orquestra.

Nunca nesta cidade se fez uma festa que deixasse tão grata saudade e despertasse tanta emoção no povo itabirano, como a que se realizou no Campestre, local que se acha, por sua topografia, o mais elevado desta cidade.

Ao concluir esta notícia, não posso prescindir do grato dever de dar parabéns ao digno Procurador da Capela da Piedade, o bom cidadão e fervoroso católico o Sr. Manuel Anastácio de Brito, o qual não poupou esforços para o brilhantismo da dita festividade.

Ao tão zeloso Procurador que com justa razão acha-se completamente repleto de jubilo cabe a honra de ter promovido tão solene procissão, mandando encarnar a imagem de Nossa Senhora e aformosear a capela-mor por distinto pintor o nosso alferes Joaquim Bethônico. Glória a Jesus e honra a sua e nossa Mãe Eterna.

[A União (RJ), 31/10/1905. Hemeroteca da BN-Rio]

Foto: Reprodução/Acervo Cristina Silveira)
1914 Cidade de Itabira

Ao nosso prezado amigo Padre Olympio Augusto Hemetrio, estimado vigário dessa cidade, por ocasião de seu aniversário natalício, ofereceram os Zeladores e Zeladoras do Apostolado, uma rica imagem do Sagrado Coração de Jesus que foi solenemente colocada em sua residência. Nossas felicitações.

[A União (RJ), 7/6/1914. Hemeroteca da BN-Rio]

1917 Efemérides da Semana – Minas Gerais

A grande solenidade da colocação da imagem de N. Senhor Jesus Cristo no Grupo Escolar da Cidade de Itabira do Matto Dentro contou com numerosa massa popular que acompanhou o diretor desse estabelecimento à sua residência. A imagem foi conduzida até a Igreja Matriz, onde foi benta pelo revmo. Vigário.

Da Matriz saiu a procissão solene, até o edifício do Grupo Escolar. Na porta, o diretor pronunciou eloquente discurso, sendo a imagem colocada no salão nobre. Oraram neste momento monsenhor Júlio Engrácia, vigário Olympio Hemeterio, e a professora Josephina Araujo.

[A União (RJ), 1/11/1917. Hemeroteca da BN-Rio]

Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, primeira Catedral de Itabira, demolida pela incúria humana (Foto: Acervo Cristina Silveira)
1919 O futuro Diário Católico

O revmo.  Mons. Olympio Augusto Hemeterio, mui digno vigário de Itabira do Matto Dentro (E. de Minas) escreve-nos uma carta cheia de estímulos, e é dela que vamos tirar algumas linhas:

“… Fiz uma coleta na Matriz desta cidade, e expliquei à estação da missa paroquial a conveniência e urgente necessidade de um diário católico no Brasil para defender a nossa sacrossanta religião, e refutar os erros dos hereges e ímpios, que blasfemam do que ignoram. Envidarei todos os esforços para fazer com que os meus amados paroquianos compreendam o alcance da boa imprensa, e assim procurem como é dever de todos os católicos, auxiliar tão patriótica e santa empresa. Como cidadão e sacerdote, anseio do intimo d’alma pelo aparecimento, quanto antes, do nosso diário católico; pois sem essa arma formidável de nada valem discursos e sermões, cujo auditório é restrito. Venha o mais depressa possível O Diário, centro luminoso para onde devem convergir as aspirações dos católicos e donde deve irradiar para a terra de Santa Cruz a defesa dos sãos princípios, base do bem da Pátria.”

[A União (RJ), 26/6/1919. Hemeroteca da BN-Rio]

Foto: Acervo Cristina Silveira

1919 Dos Estados

O revmo. Monsenhor Júlio Engracia, amigo vigário em Itabira do Matto Dentro, e seu amigo farmacêutico Jacintho Martins de Figueiredo, mandaram celebrar ali missa de 30º dia pela alma do saudoso professor Costa Senna, diretor da Escola de Minas de Ouro Preto.

[A União (RJ), 31.7.1919. Hemeroteca BN-Rio]

Reprodução: Acervo Cristina Silveira
 1920 Dos Estados. Itabira do Matto Dentro

Realizou-se a 25 do mês próximo passado a cerimonia da entronização do Sagrado Coração de Jesus na Fazenda da Ribeira – alegre vivenda do ditoso casal coronel José da Silva Torres e d. Emereciana Pinto Torres.

Foi oficialmente o revmo.  Frei Vicente, do Colégio Conceição, e estiveram presentes, o revmo. Padre Santos Acha, vigário do Carmo, e grande número de pessoas.

O coronel Pereira é sobrinho do saudoso conselheiro Penna e sua senhora é descendente das famílias Motta e Pinto Moreira, sendo, portanto, ambos oriundos de famílias reconhecidamente católicas e que tem dado à pátria filhos ilustres.[A União (RJ), 28.3.1920. Hemeroteca da BN-Rio]

Foto: Reprodução/Acervo Cristina Silveira
 1920 Na Hora das Contas. Uma conversão!

Na cidade de Itabira do Matto Dentro (E. de Minas), freguesia denominada por um príncipe da Santa Igreja – Católica de Itabira – onde as seitas nefastas têm sido plantas exóticas, um protestante, vindo da capital Federal para se tratar naquela cidade, no meio de seus parentes, de uma grave enfermidade, recebeu a visita do ínclito bispo de Goiás [D. Prudêncio], que aqui se achava em visita à sua terra, e do vigário, que envidou todos os esforços para convencê-lo do erro em que estava, e, afinal, de monsenhor Júlio Engracia, e oh! Prodígio! O tal protestante, devido às orações dos fieis, à intercessão da Imaculada Conceição e rogos do falecido Dom Viçoso, de saudosa memória, resolveu confessar-se com monsenhor Julio e receber a Extrema Unção, vindo a falecer no mesmo dia.

Reina na cidade um regozijo geral por tão estupenda conversão.

[A União (RJ), 26/12/1920. Hemeroteca da BN-RJ]

Convento do Colégio Nossa Senhora das Dores (Foto: Miguel Bréscia)
1926 As irmãs das Dores retiram-se de Itabira

Por ocasião da sentida retirada das reverendas Irmãs Missionárias de Nossa Senhora das Dores, da cidade de Itabira, lhes foi dirigida a seguinte mensagem:

“Reverendas Sras. Madre e dignas irmãs Missionárias de Nossa Senhora das Dores. Ao retirar-vos desta cidade, cumprimos o grato dever de vos testemunhar o pesar que todos nós sentimos, vendo nossa terra privada dos exemplos de trabalho, de virtudes e de abnegação de tão dignas religiosas. Itabira não se esquecerá dos assinalados serviços que tão zelosamente prestastes, educando a juventude, amparando órfãs desprotegidas, praticando a caridade, servindo a Deus e à pátria, com uma fé tão viva e luminosa que até acendia a crença nas almas menos fervorosas. Aqui cumpristes o vosso dever, para maior glória de Deus e deixastes um sincero admirador de vossas virtudes peregrinas e excelsas. Que Deus vos ampare na nova e feliz seara que vos destinou, são os gratos votos que formulamos ao apresentar-vos as nossas despedidas. Itabira, 1 de setembro de 1926.

A presente mensagem vem firmada pelas figuras mais representativas de Itabira, como sejam o presidente da Câmara Municipal, o juiz Municipal, o promotor de Justiça, engenheiros, advogados, professores, comerciantes, industriais, funcionários públicos, médicos, etc.

[A União (RJ), 12/9/1926. Hemeroteca da BN-Rio]

Capadócia, Turquia, terra natal do glorioso Jorge (Foto: Acervo Cristina Silveira)
1926 Festejos a S. Jorge e a Virgem do Rosário

Lemos há dias o programma da pomposa solenidade com que Itabira do Matto Dentro festejou o Glorioso Martyr S. Jorge conjuntamente a Virgem do Rosário, sua Padroeira.

As procissões estrondosas tomando direcções opostas percorreram várias ruas encontrando-se em dado momento donde se recolheram ao Templo novamente. Os ânimos dos itabiranos aguardavam o dia 31 com aquella mesma anciedade  das vésperas do Natal, do Mez de Maio, da Semana Santa, da Festa de São Sebastião e tantas outras tão populares e isto foi bastante para a sumptuosidade com que ocorreu a magnifica solenidade.

  Estátua equestre de São Jorge (padroeiro de Moscou) e o Dragão (símbola da cidade) instalada no topo de uma cupula de vidro giratória na Praça Manezhnaya em Moscou, Russia (Foto: Reprodução/Adobe Stock)

Sessenta annos seguramente jazia na penumbra da Matriz de S. S. Rosário a imagem daquele Santo Martyr, cuja história já se tornára lendaria na boca daqueles que ainda puderam assistir “in illo tempore” a magnificancia desta festa deslumbrante de outrora, em que S. Jorge a cavalo percorrera as ruas entapetadas escoltados por duas alas de dragões a moda da “Independencia” conforme o uso daqueles tempos.

Dia 31, o sol havia sahido, ouviram-se vinte e um tiros de salva e o povo não mais se conteve na cama e com grande antecipação aguardava a missa campal a sombra das frondosas arvores do Largo da Matriz.

Após a procissão coroaram os festejos as barraquinhas, correndo tudo sob a mais rigorosa ordem. Méra iniciativa do jovem illustre  Pe. Sudario Mendes a quem os itabiranos devem (não tememos dizer) um que de dedicação, de desvelo e de engrandecimento pela sua parochia.

[A União (RJ), 4/11/1926. Pesquisa na BN-Rio]

 

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