Ainda não se sabe quem vai arcar com os custos para a solução do esgoto no Pontal que atormenta moradores
Para debater um grave problema ambiental na região da barragem do Pontal, na vizinhança com os bairros Bela Vista e Nova Vista, e que vem se arrastando há mais de 30 anos, foi realizada uma audiência pública nessa quarta-feira (18), no ginásio poliesportivo do bairro Bela Vista, por iniciativa da Câmara Municipal.
“O objetivo é dar satisfação aos moradores, que sofrem as consequências há tanto tempo. Esperamos que sejam informados sobre o que já está sendo feito pela Vale, Prefeitura e Saae e o que ainda precisa ser feito para encontrar uma solução definitiva”, disse o presidente da Câmara, vereador Neidson Freitas (PP).
A crônica situação vivida pelos moradores é ocasionada pelo transbordamento das redes de esgoto e do sistema de drenagem pluvial, que se misturam, ocasionando impacto nas residências vizinhas.
A presidente da Associação dos Moradores do Bairro Bela Vista, Maria Aparecida Oliveira, pediu agilidade na solução definitiva dos problemas. Essa agilidade, porém, não será atendida, como ela e os moradores gostariam.
É que, conforme frisou o representante da Vale, engenheiro Daniel Bastos, a solução definitiva só ocorrerá com a instalação de um sistema subterrâneo de drenagem, saindo do bairro Bela Vista, passando pela rua Ouro Preto, até desaguar em uma galeria pluvial, na avenida Mariana. “A solução definitiva é fazer a drenagem do fundo do vale”, explicou.
Segundo ele, não há como apressar o projeto executivo, pois serão necessários fazer as sondagens dos terrenos por onde a rede irá passar, além do levantamento topográfico em vários pontos e que são imprescindíveis. O projeto já foi encomendado pela Vale, mas só será concluído em maio de 2019.
Após a conclusão do projeto executivo terá inicio um novo capítulo dessa novela que se arrasta desde o século passado. Ocorre que ainda não está definido quem irá arcar com os custos dessa obra.
“Entendo que deve ser paga por quem provocou o estrangulamento da drenagem, ocasionado pelo alteamento dos cordões que a Vale construiu na barragem do Pontal”, apontou o secretário de Obras, Ronaldo Lott, em entrevista a este site. Segundo ele, o custo desta obra não está previsto no orçamento da Prefeitura para o próximo ano.
Impactos de vizinhança
Enquanto a solução definitiva não ocorre, os moradores reclamam do impacto da incômoda vizinhança com a barragem do Pontal. Uma moradora contou que, no período de estiagem, com a água da chuva empossando na redondeza, é grande a proliferação de pernilongos.
Além desse incômodo, há ainda o agravante do mau cheiro provocado pelo esgoto estourado e que invade as residências. “Tenho vergonha de receber visitas em minha casa”, contou a moradora na audiência pública.
A líder comunitária Maria Aparecida Alves Coelho acompanha a novela desde os primeiros capítulos. Ela disse que continua como São Tomé. “Depois de tantas promessas, só vou acreditar quando essa obra estiver pronta.”
Ela tem sido uma crítica contumaz do jogo de empurra que vem ocorrendo ao longo dos anos. “Espero que as responsabilidades sejam definidas e que os moradores deixem de sofrer e correr risco à saúde”, afirmou, ainda mantendo-se cética. “Outros acordos já ocorreram, mas, infelizmente, não foram cumpridos.”
Outras medidas já realizadas
Segundo relataram os representantes da Vale, da Prefeitura e do Saae, várias obras de saneamento já foram realizadas na região. São medidas paliativas para amenizar os incômodos provocados aos moradores dos bairros Bela Vista e Nova Vista.
Para solucionar o acúmulo de água na lagoa Coqueirinho, que transborda quando há maior vazão de água no período chuvoso e invade as residências com a interferência na rede de esgoto, a Vale aumentou a sua capacidade de contenção.
Com o mesmo objetivo, rebaixou a sua cota para três metros abaixo de qualquer interferência. Por meio de duas bombas, a empresa faz o controle do nível da água na lagoa.
“Desobstruímos uma caixa de drenagem na rua Antônio Germano Barbosa, no bairro Bela Vista, que devolvia o fluxo da água”, relatou o engenheiro da Vale. Além disso, a empresa desassoreou o córrego que passa ao lado, e que também transbordava, provocando mais transtornos aos moradores vizinhos.
“Se o canal era um dos problemas, a Vale não quer que seja mais”, disse o engenheiro Daniel Bastos, para quem a solução definitiva só irá ocorrer com a drenagem do fundo do vale.
Fumaça
O presidente do Saae, Leonardo Lopes, também relatou as medidas já executadas pela autarquia municipal, com intervenções nas ruas Antônio Germano Barbosa e Ouro Fino. “Havia nessa rua um esgoto correndo a céu aberto há pelo menos 13 anos”, disse ele, reconhecendo que o sofrimento dos moradores é mesmo antigo.
Lopes contou que, nos próximos dias, um equipamento adquirido pelo Saae irá entrar em operação para identificar, por meio da introdução de uma fumaça não tóxica, as residências que estão com esgoto interligado ao sistema de drenagem pluvial.
Segundo ele, muito material sólido lançado pelos moradores tem sido carreado para o sistema de drenagem, o que também causa entupimento e transbordamento. “O que for de responsabilidade do Saae, nós vamos resolver imediatamente”, comprometeu-se. “Esperamos que os moradores também colaborem, cuidando adequadamente de seus resíduos.”
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