A resposta do povo a 88,8% ou a falsa “Primavera Árabe” na Tunísia

A Tunísia é um país localizado no norte da África com uma costa do Mar Mediterrâneo bem no coração da África Mediterrânea. Está localizada ao sul da Itália e de Malta, faz fronteira com a Líbia, a sudeste, e a Argélia, a oeste.

Foto: Reprodução

Veladimir Romano*

Canais da informação absorvendo tudo da Ucrânia, o resto do mundo vai sendo esquecido e o continente africano, pior ainda. Está acontecendo uma tão intrigante batalha entre o presidente tunisino, instâncias democráticas e o povo, criando uma instabilidade desnecessária, arrastando ou deixando a Tunísia num conflito descontrolado.

O forçado referendo proposto por Kais Saied (1958-), vencedor das eleições de 2019, em várias situações e desde o começo arrastando o país ao abismo, criou na base da luta contra a corrupção, propondo o “seu” referendo ao qual a população não correspondeu, chegando a uma abstenção na casa dos 88,8%.

Nada o invalidou para se autoproclamar no executivo como outro todo poderoso, aqui, querendo legitimar através dos truques que hoje o processo democrático oferece para depois ir enquadrando encrenca, formalizando respostas astutas, assim como novas formas de ditadura renascem dentro de outro formato garantida pela democracia.

Uma esperteza nunca vem só. Entretanto já em julho do ano passado, apenas 30% haviam votado na eleição para emenda constitucional. O país vive sem governo tem 22 meses.

Ora, Kais Saied, eleito em outubro de 2019 com 70% dos votos, mas logo se adivinharam problemas quando em confronto com administração escolhida [Tunísia tem sistema presidencialista], onde igualmente a oposição nunca manifestou qualquer capacidade para ir eliminando abusos e recortes vindos de um presidente cada vez mais autoritário.

Considerado um “mu-zayat” [farsante], pelos parlamentares onde as mulheres ocupam 12% dos lugares, na rua, o povo já o apelidou de “o catastrófico” [al-karitha].

Não deixam dúvidas, todos querem ou pelo menos uma boa maioria pede a saída deste presidente vindo da famosa e tão glorificada “Primavera Árabe”, preparada nos laboratórios dos países ocidentais e patrocinada suposta “revolução”, acarinhada pela OTAN quando destruiu a Líbia.

País magrebino com 11 milhões de habitantes [três vezes maior que Paraíba], entalada entre dois gigantes como Argélia e a Líbia, também sofreu com o terrorismo de qual trauma ainda não se recuperou, incluindo o seu maior negócio com forte impacto na economia, qual seja o turismo.

Nação muçulmana mas fundada há três mil anos pelos cartagineses, preso na sindicância de um presidente, contudo, sem que o mundo da informação se preocupe analisando seriamente efeitos negativos dessa falsa oportunidade que outras forças alheias ao país procuraram contaminar.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.   

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1 Comentário

  1. Veladimir, saudações. As suas análises da política internacional, as guerras, são as únicas, e lúcidas, na Vila de Utopia. O mundo está do avesso e o senso comum do brasileiro demoniza a Rússia, os povos mulçumanos, e, creem de olhos fechados no desatino destruidor do ocidente coletivo. A culpa é da Russia…
    Ontem, o chanceler russo Sergey Lavrov explicou a diferença entre Brics e Otan. Entretanto o senso comum dos brasileiros, a fantasia, apoiam a Otan. E a guerra continua, inclusive no Brasil em que burguesia, apoiadora do império do norte, prepara um golpe de Estado contra o presidente Lula da Silva. America Latina em chamas, los hermanos sufocados pela cia etc etc.

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