Vila de Utopia

A poesia naïf de Tãozinho Lopes – III

Fotos: Acervo do autor

Tãozinho Lopes*

Minerador

Nosso camarão é o torresmo, onde eu tenho apego neste meu sossego.

E nunca larguei meu queijo, que eu tanto desejo nesse nosso aconchego.

Levo a vida com a natureza que é cordial.

Me dá a natureza a minha maior  nobreza

Nesta Itabira que é a minha princesa, que me deu as pedras e o ouro como nobreza

Baton

Mandei a irmã dela levar o seu batom que esqueceu.

Porque você já era, não é mais a minha cinderela!

Por causa  da sua amiga ficamos na briga!

Tico-tico que acompanha João de barro vira servente de pedreiro.

Agora vem me dizer pra mim que você está no desespero.

Larga a sua amiga e segue o seu paradeiro que já estou com outra no espelho.

Matéria

Você é tudo o que quiser, depende da sua fé.

Neste mundo do bem, o mal te quer.

A vida é a matéria que você habita neste mundo material.

É tão disputada pela a ganância da sobrevivência nesta nossa permanência existencial.

Ex-mamãe do vale doce

A centralizada, onde a mamãe doce mandava.

Hoje vale, se merecer.

Mamãe doce é poeira e desapego pra quem construiu com tantos apegos neste nosso aconchego da nossa Itabira dos estrangeiros,

que ganha nosso dinheiro, e nos deixa neste desespero de um dia não haver mais dinheiro neste nosso paradeiro.

Lamento

E o Sol brincava entre as folhas das árvores e o vento.

Mas não consigo tirar você do pensamento.

Todas que passaram ficaram no esquecimento.

Mas você é o meu lamento.

Amor sem consciência

O seu amor me pegou no alçapão como se eu fosse um pássaro na escuridão.

Seu amor foi um feitiço que nunca conseguiu sair do seu arredor como se fosse um cachorro fazendo dó.

Ó amor que não sai da minha permanência e só me traz sofrência.

Que amor danado que não tem paciência e nem consciência.

Alexandrita

Alexandrita pedra da minha vida.

Tu és mais cobiçada que uma escola na avenida!

Você é minha querida nesta minha conquista.

A pedra mais rara do mundo neste nosso território que é o nosso quintal mineral.

Que a vida nos deu a  conquista por ser raridade que sempre será a grande nobreza dessa nossa realeza.

Alexandrita, você é o diamante do berilo, que se parte em três cores como o Arco-íris em nossas ires.

Uma Safra

Toda mineração só dá uma safra.

Se você fica ativo, vira magnata .

Se não, você quebra e racha .

A vida não é só uma bolacha.

Vamos andar juntos na mesma marcha,

para não ficarmos só de faixa.

Mineiro

Meu psicólogo é o meu espelho.

Por isto sei enxergar o vermelho, não precisa de me dar conselho.

Levo a vida sem desespero, sei escolher meus companheiros .

Não sou forasteiro.

Sou do fundo da grota. Sou Mineiro!

Tretas

Sou um cara cheio de facetas, cada uma tem uma treta.

Treta da vivência pela sobrevivência.

Treta de sabedoria pela sua autoria.

Treta de fé pelo que você quer.

Treta da sorte porque você é forte.

Treta de opinião porque você é um cidadão.

Só não tenho a treta do amor, porque sou um   sofredor.

Astro Rei

O Sol é o regente da nossa mecânica celestial.

E o astro é imortal.

Que privilégio a terra dar a volta ao seu redor como uma dama que nunca se cansa.

Sem você a terra não surgiria. Você é  a primeira maravilha que brilha.

Ó Sol, você me guia e ilumina na  minha trilha.

Você é o gerador do Big-bang, sem você nada surgiria na Terra.

Cantiga do Galo

Um galo não canta sozinho.

Perto e longe dele respondem os vizinhos.

Um vai passando a cantiga para o outro e a cidade inteira fica na zueira.

Onde não tem galo não tem povoado.

Onde não tem galo não tem madrugada e nem galinhada.

Onde não tem galo não tem ovo para o povo.

Onde não tem galo não tem galo-pé, seu mané!


*Sebastião “Tãozinho” Antônio da Silva Lopes é minerador, poeta, observador de pássaros e de OVNIs

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