“A pandemia não acabou”, alerta Miguel Nicolelis e Prefeitura de Itabira adota medidas para conter nova onda de Covid-19
Nicolelis é apontado como um dos 20 maiores cientistas da atualidade
Foto: José Luiz Somensi/ Reprodução
Para se fazer frente e evitar nova onda da pandemia que pode ser avassaladora para quem não concluiu o esquema vacinal – e para as pessoas com comorbidades –, o prefeito de Itabira. Marco Antônio Lage (PSB), acaba de assinar decreto com novas medidas restritivas contra a Covid-19.
São medidas necessárias, e que podem ser ampliadas no caso de as novas medidas não surtirem o efeito desejado, que é cair a taxa de retransmissão (Rt), que estava em 1.3 na semana passada e com viés de alta, além das internações hospitalares, outro ponto de preocupação.
O risco é maior também para crianças com idade abaixo de 3 anos, que ainda não foram imunizadas. Para esse público, a prefeitura de Itabira deve anunciar o início da vacinação ainda nesta semana, o que já está atrasado pela demora da remessa do imunizante pelo Estado – e que agora aguarda a finalização da logística pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para dar início à aplicação.
Sublinhagem
Para o neurocientista Miguel Nicolelis, as prefeituras precisam ser céleres na vacinação das crianças, assim como desenvolver campanhas mais incisivas para que as pessoas que estão sem tomar as doses de reforço se conscientizem para os riscos que correm e completem o esquema vacinal.
Em Itabira, apenas 60,5% dos moradores tomaram a segunda dose de reforço, o que significa que não completaram a imunização. Com isso, podem ser acometidos com sérios agravos pela nova variante da Ômicron, já em circulação no país. “A BQ.1 causou sérios problemas na Europa, Ásia e Estados Unidos. Já chegou ao Brasil e está se espalhando rapidamente.”
Prova disso é o que mostra o boletim epidemiológico divulgado pela SMS nessa terça-feira (22), com registro de 46 pessoas testadas positivas em Itabira para a Covid-19, fora as subnotificações e os casos assintomáticos.
Além dessas, duas pessoas estão internadas na UTI e outras seis em enfermaria. No total, 103 pessoas estão em isolamento domiciliar no município.
“Essa nova variante escapa muito mais da cobertura das vacinas disponíveis no Brasil”, adverte Nicolelis em artigo publicado no portal VIOMUNDO. “É preciso evitar o crescimento dos casos, porque esta variante também pode levar à Covid crônica”, acrescenta.
“Se alguém ainda tem dúvida do dano que a Covid-19 crônica causa, olhe para o colapso do sistema de saúde do Reino Unido como um exemplo do que pode acontecer com o SUS em 2023”, recomenda o médico neurocientista, que discorda da versão de parte da mídia que tem tratado a Ômicron como causadora de casos leves.
“Na realidade, para quem não tem proteção vacinal, ela mata igual”, diz ele, referindo-se as sublinhagens anteriores que causaram a onda avassaladora no passado recente, com registro atual de 689 mil mortes no país, fora as subnotificações.
No mundo o registro oficial é de 6,6 milhões de mortes. Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número real supera a casa de 15 milhões de mortes pela Covid-19 em todo o mundo.
O esquema vacinal, acrescenta o neurocientista, não garante imunidade total, mas geralmente quem pega Covid-19 tem sintomas leves.
Entretanto, a nova sublinhagem BQ.1 pode ser perigosa e até fatal para quem não completou o esquema vacinal recomendada para a sua faixa etária, conforme demonstram as recentes internações hospitalares no pós-flexibilização das medidas preventivas.
Medidas restritivas
É essa nova conjuntura epidemiológica que leva o prefeito Marco Antônio Lage, assim como outros prefeitos e governadores a adotarem novas medidas restritivas.
Para Nicolelis, a pandemia está longe de acabar – e a preocupação agora é com as aglomerações que ocorrerão no país nos jogos da seleção brasileira, principalmente em ambientes fechados.
Nesse aspecto, o decreto da Prefeitura não foi específico, embora mantenha a recomendação do uso de máscara em locais fechados. Deveria ser obrigatório. Mas sem e cobrança dos estabelecimentos comerciais, com certeza a maioria não vai seguir a recomendação.
Pelo decreto municipal 3.489/2, publicado nesta quarta-feira (23), o uso de máscaras volta a ser obrigatório em estabelecimentos e serviços de saúde, incluindo farmácias e drogarias, no transporte coletivo e nas estações de embarque e desembarque de passageiros, no transporte escolar e nos serviços de táxi e aplicativo.
O equipamento de proteção é também recomendado para pessoas com fatores de risco para complicações com o novo coronavírus, em especial para os imunossuprimidos, idosos, gestantes e pessoas com múltiplas comorbidades ou não vacinadas contra a Covid-19.
No caso de as medidas restritivas não surtirem o efeito esperado, que é a queda do índice Rt e das consequentes internações hospitalares, com o agravamento do cenário, medidas mais restritivas devem ser adotadas, antes que seja tarde, com graves consequências para a saúde da população e que ainda podem ser evitadas.
Vacinação
“As pessoas precisam completar os esquemas vacinais de suas faixas etárias. Insistimos que a vacinação é o principal meio de enfrentamento à Covid-19”, convoca a secretária municipal de Saúde, Clarissa Santos.
Embora seja expressivo o número de itabiranos que já tomaram a primeira dose (91,35%), esse índice cai para 90% em relação à segunda dose – enquanto 73,57% já tomaram o primeiro reforço (3ª dose), e apenas 57,47% têm o segundo reforço (4ª dose).
Isso significa que mais de 10 mil pessoas em Itabira ainda não tomaram uma dose sequer de imunizante contra a Covid-19, e mais de 47 mil estão sem completar o esquema vacinal.
Entre as crianças a situação é ainda mais preocupante: 78,59% tomaram a primeira dose e apenas 60,5% a segunda dose.
Para esta semana a prefeitura promete divulgar o início da imunização de crianças com menos de 3 anos. Para as demais faixas etárias, segue o calendário e os locais de vacinação nos PSFs e Policlínica Regional de Saúde já divulgado.
Confira o calendário e locais de vacinação em Itabira
Tanto é que nas contratadas “VALE” há uma exigência de que o empregado tem que comprovar que tomou todas as quatro campanha de vacinação. Caso o empregado não tenha sido vacinado ele não é contratado. Simples assim!