A Cidadezinha e a guerra da Tríplice Aliança

Batalhão de Voluntários da Pátria, regimento da província do Ceará, entre 1867 e 1868.

Pesquisa:Cristina Silveira

Parte 1

Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870)

Em dezembro de 1864, o presidente do Paraguai Francisco Solano López Carrillo (1827-1870) – “o vândalo do Prata, o bárbaro Guarany do Paraguai, o vil escravo de López, penetrou no limiar de nossa casa: incendia, rouba, assola, assassina e leva prisioneiras nossas famílias” – sem declarar guerra invade o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul, com 10 mil soldados armados.

O exército brasileiro contava com 13 mil soldados, número insuficiente para o campo de batalha; a solução foi o decreto 3.371, de 7/1/1865, uma convocação aos brasileiros não militares a servir de Voluntários da Pátria. 3371, número do pânico, do medo e da covardia masculina. Os brasileiros muito apegados a sombra e limonada fresca repeliram a ideia da guerra.

Na província de Minas Gerais, as forças constituídas para atender ao decreto do imperador foi batizada pelo Visconde de Taunay, de Bela Brigada Mineira. Mas o romântico nome não colou, eles não acreditaram que, se ficar o bicho pega se correr o bicho come e aderiram ao contingente nacional da desobediência civil.

Urra! Viva os valentes soldados russos! (Cristina Silveira, uma Z)

A Guarda Nacional da Itabira

Dom Pedro II, primeiro Voluntário da Pátria. O imperador do Brasil, tirou este retrato na Europa, no fim da guerra. Coleção do Museu Nacional.

Relação de oferecimentos feitos ao governo para as urgências da guerra – Oficiais da Guarda Nacional de Itabira – Manifestaram os sentimentos patrióticos de que se acham possuídos pela causa do Brasil. [Relatório do M. da Guerra, 13/2/1865. BN-Rio]

De Joanésia: 8 bravos voluntários!

Noticiário – O sr. Capitão Felicíssimo José Pereira de Mello, residente em Joanésia, termo da Itabira, chegou no dia 2 a esta capital conduzindo oito voluntários, aos quais forneceu cavalgaduras e tratamento gratuitamente: são mais oito bravos que se propõe a defesa da nossa justa causa. [Diário do Rio de Janeiro, 15/3/1865. BN-Rio]

De Itabira: 10 bravos voluntários!

Partida ao início da guerra. L’Illustration, 9 de setembro de 1865.

Interior – Alistados em diversos pontos e que se destinam a esta capital, e as localidades designadas pelo governo, a saber: Diamantina, 99, Serro 58, Itabira 10 voluntários. [Jornal do Comércio, 11/4/1865. BN-Rio]

 O Batalhão n. 67

Os bravos soldados da Guerra.

Província de Minas – No dia 12 do corrente verificou-se a revista do Batalhão n. 67 de guardas nacionais da cidade de Itabira.

Reuniram-se 9 oficiais e 167 praças das quais 35 foram aquartelados por acharem-se em circunstâncias de marchar. [Jornal do Comércio (RJ), 25/9/1865. BN-Rio]

 Pedro Barcellos não vai a guerra

Parte Oficial. Governo Provincial – Ao comandante superior da Itabira comunicando que por despacho de 28 de junho último foi dispensado do serviço de guerra para que fora designado o Guarda Nacional Pedro Gonçalves de Barcellos, e determinando a designação de outro que o substitua. [Diário de Minas, 26/10/1867. BN-Rio]

Prisioneiros paraguaios fotografados durante a ocupação de Assunção, capital do país

Henrique Gomes não vai a guerra

[Diabo Coxo (SP), 31/12/1864. BN-Rio]
Parte Oficial. Governo Provincial – Maria dos Santos, moradora na cidade da Itabira pedindo isenção do recrutamento para seu filho Henrique Gomes – informe o sr. dr. Chefe de Polícia ouvindo o recruta.

[Diário de Minas, 20/7/1867. BN-Rio]

O oferecimento patriótico

O comendador Cassemiro não foi a guerra e ofereceu dinheiro. O anúncio do ofereciemnto foi publicado em três edições do Diário de Minas. Nas mesmas edições, em um outro anúncio o comendador ofertava recompensa a que lhe entregasse um seu escravo fugido.

Desenho dos uniformes usados por soldados brasileiros durante o conflito. Coleção BN-Rio

Oferecimento patriótico do comendador Carlos Cassemiro da Cunha Andrade

Pelo presente anúncio ratifica o abaixo assinado a promessa que tem feito e continua a fazer, da quantia de 150 a 200$000 mil réis retirada do seu bolso para cada um dos munícipes da cidade da Itabira que, oferecendo-se para o serviço da guerra contra o bárbaro governo do Paraguai, em defesa de nossa nacionalidade ultrajada, for reconhecido achar-se nas circunstâncias de bem servir.

Isto faz o abaixo assinado não só movido por sentimentos de patriotismo, como pelo desejo que tem de proporcionar aos que forem servir mais esta vantagem, além das quantias, terras, honras e isenções que lhes são garantidas pelo decreto n. 3.371, de 7 de janeiro de 1865.

Fazenda do Giráo no distrito da cidade da Itabira de Matto-Dentro, 3 de maio de 1867 – Cassemiro Carlos da Cunha Andrade.

[Diário de Minas, 14/5/1867. BN-Rio]

 

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2 Comentários

  1. Essa guerra foi um sofrimento para todos , disparate total.
    O pai do Solano Lopes já vinha preparando seu exército e os demais todos passando o tempo.
    A guerra durou demasiado, a Argentina e o Uruguay abandonaram a tríplice aliança e acabou o Brasil imperial suportando todo o ônus.
    Iniciou em 1860 e findou em 1868, contando com o Paraguay totalmente destruído, o que havia de indústria sucumbiu e quase sem população.
    Do outro lado, o Brasil saiu vencedor na peleja, porém falido.
    Tudo muito ruim é desnecessário, o Paraguay vinha tentando acesso ao mar via rio da Prata, acho que até hoje continua tentando.
    Quanto ao Comendador Cassemiro Carlos de Andrade procurou fazer sua parte financiando o exército imperial, na altura ele contava já com aproximadamente setenta anos, tendo o filho mais velho evitado participar, era o futuro Barão do Alfié, e o filho mais novo, o Casimiro Carlos, ainda não tinha idade para se alistar no exército.
    Outros sobrinhos direto ou colaterais do Comendador tinham idade para se alistarem, porém alguns já casados.
    Certo é, a participação dos itabiranos foi mínima e sendo o mais falado o Pio Guerra.

  2. Mauro, você é o herdeiro legitimo do que sobrou de itbiranos da gema. Um Andrade. Os seus comentários ampliam e completam as pesquisas que a Vila de Utopia faz a partir da Biblioteca Nacional

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