O difícil caminho pela justiça social no Brasil
Rafael Jasovich*
Nascido das lutas estratégicas de construção de uma nova identidade política na sociedade brasileira, o Partido dos Trabalhadores (PT) representa uma experiência concreta de emancipação das classes populares em busca de sua autodeterminação social. Uma marca de luta daqueles que são cotidianamente subtraídos do fruto de seu trabalho, alienados de seu lugar na produção, despossuídos da condição de sujeitos ativos e construtores de sua própria história.
A construção do PT representa uma guinada neste processo. E a afirmação de que os dominados já não se deixam dominar e que os que sempre dominaram, já não poderiam dominar como antes. A fundação do partido em 1980 é resultado do acúmulo de centenas de anos de resistência indígena, negra e dos trabalhadores brasileiros. A emergência de Luiz Inácio Lula da Silva como principal líder deste processo carrega o simbolismo político, revelador de um ineditismo histórico, inimaginável de ser alcançado, até então, por um cidadão genuinamente oriundo das fileiras da classe trabalhadora.
Ao longo dos anos as lutas se avolumam: anistia; reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE); Diretas já; defesa do meio ambiente; fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT); greves gerais; Movimento Fora Collor e dos Caras Pintadas; oposição às privatizações; eleições de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010. A cada luta renhida, a cada companheiro tombado, a cada vitória sofrida, a cada alegria na vida, assim, com o suor e o sorriso dos rostos de seus militantes e com a moral erguida, que o PT foi sendo construído, consolidado e confirmado como o partido do povo brasileiro.
Foi com essa marca que o partido das lutas chega aos parlamentos. Mas uma vez revolucionando a forma de fazer política. A organização partidária autônoma dos trabalhadores elevou à condição de representação institucional, empregadas domésticas, sem-terra, intelectuais de esquerda, pescadores, seringueiras, metalúrgicos, professoras(es), bancários(as), garis. Salões empoeirados com cheiro de casa grande foram, nos últimos 30 anos, ocupados pelo povo que adentrou estes espaços com vontade de preparar a sua própria festa.
Esta mesma energia libertadora levou o partido aos governos municipais, constituindo o modo petista de governar, um modo ímpar, com respeito à vontade popular, inversão de prioridades, política social, ética política e gestão transparente. Neste processo, símbolos da efetividade prática desta nova política foram erguidos em homenagem ao povo deste país. Experiências inéditas da maneira petista de governar com a participação do povo.
Este somatório de gestões exitosas, de luta social e de força institucional nos levou no ano de 2002 a conquistar o objetivo estratégico de comandar o governo central do Brasil, à frente do qual, nos últimos anos, promoveu mudanças que impactaram estruturalmente a composição da sociedade brasileira, acelerando a redução das desigualdades, distribuindo renda, alavancando a economia do Norte e Nordeste, melhorando a educação e a saúde em um país que se encontrou próximo do pleno emprego, uma nova marca de crescimento sustentável.
E que vitalidade tem este projeto, pleno de força, pujança e reconhecimento popular! Mesmo sofrendo os maiores ataques já proferidos contra um partido político na história do Brasil, sai da eleição como o partido mais votado do país, conquistou 635 prefeituras e elegeu 5.191 vereadores. Nestes resultados obteve vitórias emblemáticas, como a volta para a prefeitura de São Paulo.
Para ampliar o apoio ao PT e manter a liderança de um projeto de transformação social, o partido da classe trabalhadora precisará manter as atuais políticas em curso e apresentar um novo programa, mais avançado, que incorpore na agenda petista uma nova geração de políticas públicas na direção do programa democrático e popular.
Precisa retomar com fôlego a agenda das reformas estruturais, a reforma urbana, agrária, sanitária, a democratização da mídia, as reformas tributária e política – esta última, a mãe de todas as reformas. Não fará nenhuma delas sem modificar a concentração da riqueza. Para isso, o PT precisa assumir o seu papel de educador das massas e aproveitar os processos internos para fazer um amplo debate com a sociedade sobre a continuidade do avanço do projeto, responsabilizando-a e compartilhando com a mesma a condição de direção de um novo período de acúmulo de forças.
O golpe praticado pela conjunção de interesses da classe dominante, a mídia golpista e o judiciário leniente deu um duro impacto na classe trabalhadora e escolheu como alvo político o Partido dos Trabalhadores que vinha praticando reformas estruturais com grande sucesso.
A prisão do líder máximo da classe trabalhadora, Luiz Inácio Lula da Silva é um duro golpe não só para o PT, mas para todos os que querem um país mais justo com as liberdades democráticas asseguradas e os direitos da classe trabalhadora garantidos.
É com este espírito renovado dos que nunca se cansaram de lutar, pois lutarão a vida toda, que conclamamos nossos amigos (as), colaboradores (as), aliados (as), apoiadores (as), todos (as) que estão conosco nesta caminhada a se juntarem a nós em mais esta etapa, a batalha que faremos no próximo período em defesa de Lula, do PT e das conquistas do povo Brasileiro.