Chuvas fortes deixam Santa Maria insegura. Mas, a Vale garante: Santana é segura

Todos os anos, assim que tem início o período chuvoso, quem mora em Santa Maria de Itabira fica apreensivo, uma vez que a cidade está a cerca de 12 quilômetros abaixo da barragem Santana, pertencente à empresa Vale. E não é para menos.

É que, enquanto na estiagem a vazão a jusante da barragem é de 1,2 mil metros cúbicos por hora (m³/h), com a intensificação da chuva, só em janeiro passaram 4,2 mil m³/h de água pelo vertedouro, que é um instrumento de controle – um dos itens que asseguram a estabilidade da barragem.

O rio Jirau percorre toda a extensão de Santa Maria e, não raro, transborda com as chuvas fortes. Para a Vale, barragem controla vazão da água que segue pelo rio a jusante (Fotos: Reprodução PMSMI e Carlos Cruz)

A Vale não dispõe dos dados de fevereiro, que ainda estão sendo “compilados”. Mas assegura que o volume de água na barragem oscila pouco entre os períodos de estiagem e chuvoso, justamente pelo controle que se tem por meio do vertedouro.

Com ele, a água das chuvas é escoada para o rio Jirau de forma segura, informa a empresa por meio de nota encaminhada a este site Vila de Utopia. “A barragem acaba servindo como ‘amortecedora’ de chuvas intensas, atrasando naturalmente a sua liberação para o rio, o que auxilia no controle da cheia.”

O vertedouro tanto controla a vazão máxima no período chuvoso, como também a água que segue pelo rio na estiagem. Impede assim que as fortes chuvas ameacem moradores e propriedades a jusante, como assegura o volume mínimo que deve seguir para o curro d’água no período seco, de acordo com a outorga.

Assoreamento

Água no limite no rio Jirau. Encontro com o Tanque faz o rio menor transbordar, explica secretário (Foto: Átila Lemos)

Mesmo com esse controle, não raro quando chove muito, o rio Jirau transborda no centro de Santa Maria.

“Neste ano isso não ocorreu no centro, mas sim na região dos bairros Conselho, onde as inundações são recorrentes devido ao estancamento do rio Tanque e também no Lambari”, informa o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Santa Maria, engenheiro ambiental Luiz Augusto Moysés de Magalhães. “Por ser um rio maior, com o aumento da água das chuvas, o Tanque acaba represando o Jirau quando os dois se encontram”, explica.

Magalhães concorda com a Vale quando diz que a barragem Santana é segura. Porém, ele afirma que há necessidade de desassorear o leito do rio Jirau no perímetro urbano de Santa Maria.

O assoreamento esse rio tem sido recorrente. Foi amenizado com a construção da barragem Santana na década de 1970, quando o “fino” do minério processado na usina Cauê parou de descer pelo rio. Mas o assoreamento com material proveniente de outras fontes a montante de Santa Maria e abaixo da barragem não deixou de ocorrer.

De acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Santa Maria, a falta de mata ciliar nas margens do rio provoca erosão, com o consequente carreamento de terra e areia para o seu leito. “Estamos aguardando a aprovação de licenciamento ambiental para iniciar a limpeza do leito do rio no trecho que passa pela cidade.”

Outra medida que pode impedir o represamento, e o transbordamento do rio Jirau, seria mudar o seu percurso no trecho onde há o encontro com o Tanque. Para isso a solução técnica, apresentada no passado, é abrir um pequeno novo leito à direita, de forma diminuir a velocidade da água e amortecer a sua absorção pelo rio mais caudaloso. Uma alternativa já estudada, mas que até hoje não saiu do papel.

Barragem tem função operacional e também de controle ambiental

Barragem Santana, da Vale, fornece água para a usina Cauê e ajuda no controle da vazão que segue pelo rio Jirau

Conforme explica a Vale, a função da barragem Santana é armazenar água para as operações na usina Cauê. Nessa barragem, diferentemente de outras existentes em Itabira, não ocorre disposição de rejeito gerado pela usina de concentração.

Para tranquilizar ainda mais os moradores, e em cumprimento da legislação, as barragens da mineradora dispõem de um documento chamado Plano de Ação de Emergência de Mineração. Esse plano, segundo informa a Vale, encontra-se protocolado junto às defesas civis de Itabira e Santa Maria de Itabira.

“Como parte das melhorias que estão em andamento, a Vale está em processo de implantação de sirenes de alertas nas regiões próximas. Treinamentos e simulados para as comunidades devem acontecer nos próximos meses”, informa a mineradora.

O vertedouro é que controla a vazão do rio

O que se espera é dar mais tranquilidade e segurança aos moradores. “Todas barragens da Vale têm seus atestados de estabilidade emitidos. Elas passam por inspeções regulares, cujos resultados são verificados por auditorias externas que comprovam a boa situação de suas estruturas”, complementa a nota da empresa.

As auditorias externas são realizadas com base em normas internacionais de segurança. Os auditores verificam se todos os aspectos construtivos e os procedimentos de segurança são observados para a correta – e segura utilização das barragens.

Além disso, técnicos da mineradora fazem inspeções rotineiras durante todo ano, mesmo na estiagem. São 27 barragens e diques da empresa em Itabira. Dessas, apenas cinco estão diretamente ligadas aos complexos mineradores: Pontal, Itabiruçu, Conceição, Rio de Peixe e Santana. As outras são menores, como Cemig I e II, Alcindo Vieira, Três Fontes, Cambucal I e II.

Somente as três primeiras recebem rejeito das usinas, impedindo o assoreamento de cursos d´água a jusante. As barragens são também importantes por servirem como reservatórios de água. São elas que permitem à Vale reutilizar cerca de 90% do que consome em seu processo industrial, sem que seja necessário captar água nova.

 

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5 Comentários

  1. Offínho ambiental e notas meio dipersas Quem foi ao Pará parou, tomou açaí e chorou. Mizifios, até estimulado por uma cobrança de colegas de formação, e mais um tanto por recentes notícias, estou sendo estimulado a preparar um textão sobre contaminações e acidentes de mineração na Banânia. Eu tinha localizado um artigo de anos atrás que já apontava contaminações percebidas de barragens na região de Mariana, e agora com este caso no Pará, acho que chegou a hora. Agora o fofo: uma das “etecs da vida preparou apostila de Toxicologia citando artigo do titio muquirana aqui. Pai Xicão tornando-se referência até no que ele nem se dedica muito. MÓ-ORGULHO, sabem? “Pai xicão não teme os efeitos do álcool. O álcool teme o consumo de Pai Xicão. Apologias aos Poderes do Metabolismo do POFRETA

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