Minas Novas, a Vila dos Fanados
Mauro Andrade Moura
Segundo informação de diversas fontes, a cidade de Minas Novas (MG) recebeu uma forte influência dos Cristãos-Novos portugueses, que para lá imigraram por ocasião do ciclo do ouro e da rica mineração na região. Essa cidade era também popularmente conhecida como “Vila dos Fanados”, que quer dizer “mutilados ou circuncidados, e também degredados”. Isso pela relevante presença dos Cristãos-Novos.
Não nos esqueçamos que por desvio de informação mais precisa à época da colonização do Brasil, diversas pessoas foram “degredadas” (somente com a alcunha de degredados) para a colônia, simplesmente por serem contrárias aos dogmas da igreja católica e os termos da santa inquisição católica. Eram os cristãos-novos e os criptojudeus.
Na Bandeira de 1674, Fernão Dias Paes Leme e sua comitiva – formada por diversos cristãos-novos, sendo ele também um – chegaram ao vale do rio Jequitinhonha, nas proximidades de onde hoje é a cidade de Araçuaí. É por onde corre o rio Fanado, pequeno afluente do rio Araçuaí, que por sua vez é o principal afluente do Jequitinhonha.
Naquelas terras, o valoroso bandeirante achou que tinha descoberto o que procurava, as decantadas pedras verdes, as cobiçadas esmeraldas. Entretanto, ledo engano, encontrara as não menos belas, porém menos valiosas turmalinas. Fernão Dias faleceu considerando que eram esmeraldas.
Por volta de 1727, um grupo de bandeirantes chefiados por Sebastião Leme do Prado, localizou a ocorrência de ouro em um dos afluentes do Rio Fanado que, por essa razão, recebeu o nome de Bom Sucesso. A notícia de grandes jazidas atraiu os faiscadores.
Entre o Rio Fanado e o seu afluente Bom Sucesso, formou-se o primeiro núcleo populacional, em torno de uma capelinha, erigida em homenagem a São Pedro. Assim nasceu o Arraial de São Pedro do Fanado, que rapidamente prosperou, recebendo, dois anos depois, o título de Vila do Bom Sucesso do Fanado de Minas Novas.
Sebastião Leme do Prado, fundador de Minas Novas, a Vila dos Fanados, tem clara ascendência sefaradita, sendo descendente do sertanista João do Prado e de Filipa Vicente.
A respeito de João do Prado e Filipa Vicente, os mesmos foram citados nas seguintes publicações:
- Os Cristãos-Novos e os Descobrimentos Mineralógicos, autor Prof. José Gonçalves Salvador;
- Tribulações do Povo de Israel, autor historiador Marcelo Amaral Meira Bogaciovas; e
- Cristãos-novos em São Paulo, autor historiador Marcelo Amaral Meira Bogaciovas.
Filipa Vicente, já no alto dos 80 anos de idade e viúva, conforme nos apresenta o antigo historiador e genealogista brasileiro Pedro Taques de Almeida, foi tratada de uma doença pelo também cristão-novo Antônio Rodrigues Alvarenga, que rogou pela sua cura ao também cristão-novo Pe. Anchieta. Constituiu-se assim, com a cura da beneficiada, um dos primeiros milagres alcançado pelo jesuíta e hoje santo católico.
Em entrevista concedida pela professora Deolinda Alice dos Santos – A história de Minas Gerais, ao programa “Conheça os aspectos culturais das cidades mineiras, ela cita um festejo popular em Minas Novas com influência judaica, descrevendo os costumes e as histórias de cada região de Minas Gerais”. Assista o breve comentário da historiadora Deolinda Alice dos Santos a respeito de Minas Novas a partir do minuto 16:30:
https://www.youtube.com/watch?v=0fRucmnCSBA
Existe também em Minas Novas um dialeto somente utilizado naquela região com o nome de “Dicionário do Fanadês”, falado ainda hoje por alguns por alguns moradores. O dicionário foi publicado há uns dez anos pelo Instituto Sociocultural Vale Mais, que cuida de preservar as tradições do Vale do Rio Jequitinhonha, na qual está inserida o Rio Fanado e as cidades de Minas Novas e Francisco Badaró.
Fonte: Museu da Inquisição – Belo Horizonte – MG
Olá!
Muito bom!!!
Preciso de ajuda…
Estou procurando filhas ou netos de Rozendo Francisco Pereira com Ana Antunes do Amaral.
Meus avós paternos.
Atenciosamente,
Sandra Pereira
Se eu lá for, vou precurar por esses nomes também.
Boa noite
Acredito que minha mãe tem descendência judaica. Ela é de Minas Novas. Conversando com ela descobri várias expressões do judaismo. Como gostaria de de fazer parte desse povo .
O seu sobre nome é dos Santos.
Prezada Janete, desculpe-me a demora na resposta.
É preciso primeiro procurar saber os nomes dos pais dos seus avós e depois os nomes dos pais dele.
Depois confirmar a região onde viviam, pois as pessoas mudavam-se muito de acordo com suas necessidades de sobrevivência.
Saudações,
Mauro
Ótima matéria sobre nossa história brasileira que tb se une aos imemoriais judeus da diáspora. Pena não ter encontrado nada sobre a a Revolta dos Escravizadeos de Fanados, ou Levante de Fanados. Parabéns pela trabalho. Nossa história estra prenhe de utopias.
Paulo Mancini
pjpmancini@gmail.com
Olá, Paulo José.
Por acaso houve a coincidência do termo FANADO, entre essa revolta e a antiga vila no norte de Minas Gerais.
Grato pela leitura,
Mauro
Consta na tradição oral de Pitangui, uma lenda muito curiosa que envolve, logo depois que se debandam da Guerra dos Emboabas, um guia – mordido por uma cobra e deixado para morrer nas Minas de Pitangui – e os irmãos Domingos e Francisco Dias Prado, primeiros mineradores do rio Fanado que depois de se envolverem com a tropa do primo Sebastião Leme do Prado, a mando do Gov. Lourenço de Almeida, são decapitados em 1732, por crime de lesa majestade por não quintarem o ouro e outros crimes bárbaros como cita Waldemar Barbosa, no artigo FANADO do IHGMG, em 1981.
Essa lenda deu origem ao Roteiro do Cururu.
O senhor tem algum conhecimento a respeito dessa história?
Muito bem, Maria da Graça.
Isto da debandada foi um equívoco do Diogo Vasconcelos, ele se aprofundou pouco na genealogia dos que ficaram na região do Quadrilátero Ferrífero.
Outrossim, ficou como tenente-general, ou seja o administrador geral, a parte paulista dos combatentes da Guerra dos Emboabas, o Manoel de Borba Gato, em Sabará e o seu cunhado foi administrar Pitangui, o Garcia Roiz Paes Leme filho mais velho do Fernão Dias Paes Leme.
Aquando do término da Guerra dos Emboaba, Borba Gato autorizou suas filhas e genros a irem viver nos Açores, terra do bisavô dele e isto deve ter patrocinado essa confusão da debandada.
Outro fato relevante é que o antigo Curral do Del Rey pertencia a Francisco Portes Del Rey, o qual era filho do Amador Bueno da Veiga que fora comandante paulista contra os emboabas na batalha de São João Del Rey/São José Del Rey hoje Tiradentes.
Portanto, como se nota, nada de debandada.
O Governador Lourenço de Almeida, também Leme ou Lemes, era parente do Fernão Dias, considerando ainda que essa história dos irmãos Prados foi um terror e na época a pena aplicada era mesmo a capital, a de morte.
Em tempo, Pitangui e Sabará são ainda um rincão de ouro, o verdadeiro Eldorado, onde ainda se extrai muito ouro nestas terras após contínuos trezentos anos.
Minha família toda é do vale do Jequitinhonha de Turmalina mg, muito bom conhecer toda essa história.
Muito bem, Suellen.
Sim, Minas Novas é bem próxima à Turmalina, daí há toda uma ligação histórica e familiar.
Apesar de que Minas Novas é mais antiga.
Grato pela leitura e comentário,
Mauro
parabéns pela matéria , isto é muito para o conhecimento histórico do nosso Brasil .
José Geraldo – Rio de Janeiro – RJ.
Grato pela leitura e comentário, José Geraldo.
Esse tema é muito pouco estudado e divulgado, principalmente quando se trata de locais mais no interior e que existem menos referências.
O ideal é avançar com as pesquisas, mais informações e um dia tudo ir ao prelo.
Saudações,
Mauro
Meu padrasto é da família
Santiago Leite por parte da mae aí dessa região se alguém conhecer me informar minhas irmãs querem saber suas origens.por parte de pai é Alves da Cruz.