Febre amarela não é motivo de alarme em Itabira. Já o risco de surto de dengue é altíssimo
Com mais de 95 mil pessoas vacinadas no ano passado, cobertura de 85% da população, e mesmo vivendo em uma das regiões que exigem atenção, os moradores de Itabira não têm porque se alarmar com o surto de febre amarela que atinge várias partes do país, principalmente Minas Gerais.
“Não é caso de alarme, mas de vigilância e preocupação. Quem não se vacinou, deve procurar um posto de saúde e vacinar, mesmo que não tenha contato com a zona rural, onde a pessoa pode ser infectada pelos Haemagogus e Sabethes (mosquitos transmissores do vírus da febre amarela e que são encontrados em florestas)”, tranquiliza a superintendente de Vigilância em Saúde, Thereza Cristina Oliveira Andrade Horta, da Prefeitura de Itabira.
Ela diz isso com segurança, mesmo já tendo sido registrado mais de duas dezenas de mortes em Minas Gerais de vítimas da febre amarela, além de quase cem casos notificados, aguardando confirmação. Mas ela recomenda a quem ainda não vacinou, que o faça no PSF mais próximo de sua residência.
Vacina
Não há motivo de correria, pois tem vacinas em todos os PSFs, assegura a superintendente de Vigilância em Saúde. “Só vacinando todo mundo, na zona rural e nas cidades, é que iremos evitar o retorno da febre amarela urbana, erradicada no país desde 1942“, diz a superintendente. “A vacina confere 98% de imunidade”, assegura
A vacina que protege contra a febre amarela silvestre é a mesma que irá impedir um improvável retorno da doença no meio urbano. É que mosquito Aedes aegypti não transmite a febre amarela, mas pode passar a ser também um transmissor caso absorva o sangue contaminado de quem contraiu a febre amarela silvestre. “Por isso é importante isolar o paciente em tratamento.”
Para quem for passar o carnaval na zona rural, e que ainda não tenha sido vacinado, a recomendação é que seja imunizado pelo menos dez dias antes. Diferentemente do que está ocorrendo no estado de São Paulo, em Minas Gerais a vacina é ministrada em dose única – e tem validade para toda a vida.
“Na zona rural de Itabira, tivemos uma cobertura de quase 100%”, assegura a superintendente. Mesmo assim, assegura, os PSFs dos distritos de Senhora do Carmo e Ipoema também dispõem da vacina para quem ficou de fora da campanha do ano passado.
Doença é grave
A febre amarela é doença grave. Pode levar à morte em uma semana se a pessoa não for tratada rapidamente. Segundo estatísticas, entre 20% e 25% das pessoas que contraem a doença podem morrer. Em Minas Gerais já foram registradas pelo menos 25 óbitos decorrentes da febre amarela, entre mais de 90 casos notificados.
Na área de influência da Gerência Regional de Saúde de Itabira, com 25 municípios, já foram registrados dois óbitos, um em Barão de Cocais e outro em Santa Bárbara, sendo, nesse caso, uma mulher acometida pela doença. Ela foi transferida para o Pronto-Socorro Municipal de Itabira, onde faleceu.
Mesmo com toda cobertura vacinal, há registro de casos suspeitos em Itabira – e as pessoas acometidas já estão em tratamento. Assim como existem internações com suspeita da doença em Rio Piracicaba e também em São Gonçalo do Rio Abaixo.
Macacos
Por ignorância, na região de Brumadinho, macacos saguis foram mortos a tiros de espingarda por moradores, como se fossem transmissores da doença. “O macaco é vitima da doença assim como é o homem”, diz Thereza Horta.
“Se há rumores de epizootias (doenças que acometem animais, como é o caso da febre amarela), o macaco acaba sendo a nossa sentinela. A sua morte é como um sinal de alerta”, explica,
A morte súbita de macacos pode indicar, após exames laboratoriais, que o vírus está presente na área onde vivem. “Os macacos são os principais hospedeiros, mas o homem ao entrar em contato com a natureza, pode também ser infectado, caso não tenha sido vacinado.”
Dengue, chikungunya e zica são as maiores preocupações
O que mais preocupa a equipe da superintendência de Vigilância em Saúde é o alto índice de proliferação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor de outras arboviroses como a dengue, chikungunya e zica.
De acordo com o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre 8 e 12 de janeiro, Itabira registra índice médio de infestação de 6,7%.
Trata-se, segundo parâmetro do Ministério de Saúde, de uma situação com alto risco de surto. São consideradas condições satisfatórias abaixo de 1%, já acendendo o sinal de alerta quando os índices se situam entre 1% e 3,9%.
Para a realização da pesquisa, foram visitados 1.932 domicílios, sendo encontrados focos em 130 endereços, principalmente em residências, com registro de 90% dos casos. Não há um só bairro em Itabira que esteja livre dos indesejados, mas sempre pouco combatidos Aedes aegypti.
“Diferentemente da febre amarela, em que a única ação que a pessoa tem a fazer é se vacinar, no caso dessas outras arboviroses é possível impedir a proliferação do mosquito vetor, desde que os moradores tomem os cuidados ambientais necessários”, considera Thereza Horta.
Entre esses cuidados estão a cobertura por completo das caixas d’água e piscinas, a retirada de vasilhames que acumulam água nos quintais e de quaisquer reservatórios abertos com água, seja limpa ou suja.
Ou seja, se a população, as empresas, os clubes e a Prefeitura não cuidarem da urgente profilaxia urbana, o risco de ocorrer no município um surto epidêmico com essas arboviroses é altíssimo.
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