Itabira começa a superar crise hídrica após dois meses de racionamento

Foto: Divulgação/
Ascom/Saae

Mananciais da Pureza (foto) e dos Gatos seguem em recuperação, mas ainda dependem das chuvas de verão para estabilizar abastecimento

Mesmo ainda sem tempestades mais intensas na região, o racionamento de água em Itabira foi encerrado nessa segunda-feira (1º). A medida havia sido implantada em consequência da estiagem prolongada que vem se repetindo nos últimos anos.

Com isso, chega ao fim também o rodízio de abastecimento entre os bairros, entre 24 de setembro e 30 de novembro. A ação foi considerada necessária diante da estiagem mais severa dos últimos anos e do nível crítico dos mananciais que abastecem a cidade.

Foram 68 dias,dias de rodízio, período em que os mananciais atingiram níveis alarmantes. A seca prolongada, marcada por temperaturas elevadas e chuvas muito abaixo da média, expôs a fragilidade do sistema hídrico local, agravado historicamente pelo quase monopólio das outorgas superficiais e subterrâneas pela mineração.

Em diversos bairros, moradores precisaram se adaptar a dias sem fornecimento, recorrendo ao armazenamento doméstico e a práticas rigorosas de economia de água. Instituições essenciais, como hospitais e escolas, receberam atenção especial para evitar desabastecimento.

Dependência das chuvas de verão

Embora o racionamento tenha sido suspenso, a situação ainda exige cautela. É que os reservatórios permanecem abaixo do ideal e a recuperação plena dependerá das chuvas previstas para os próximos dias.

A expectativa climatológica para dezembro é de 260 milímetros de precipitação, com tendência de chuvas mais intensas e regulares até março de 2026, período que coincide com o verão. Essas chuvas serão decisivas para recompor os mananciais e garantir a segurança hídrica da cidade.

Mobilização e consumo consciente

Durante a crise, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) mobilizou equipes para manter o abastecimento em toda a cidade. “Foi um período desafiador, vencido graças ao trabalho intenso e ao comprometimento de toda a equipe de servidores”, destacou o diretor-presidente da autarquia, Valdeci Luiz Fernandes Júnior, que destaca também a participação da população ao fazer uso racional da água em seus reservatórios.

A Prefeitura e o Saae reforçam que, mesmo com o fim do rodízio, é fundamental que a população mantenha hábitos de consumo consciente, evitando desperdícios e contribuindo para a preservação dos recursos hídricos.

Contexto climático em Minas Gerais

O fenômeno da estiagem em Itabira não foi isolado. Em todo o estado de Minas Gerais, os últimos meses foram marcados por anomalias climáticas que reduziram drasticamente os volumes de precipitação.

Especialistas apontam que a combinação de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ausência de chuvas regulares intensificou a crise hídrica. Em Itabira, os mananciais chegaram a níveis críticos, exigindo medidas emergenciais do Saae, além do reforço adicional da mineradora Vale, estabelecido em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público de Minas Gerais.

A estiagem de 2025 já é comparada às mais severas da última década, reforçando a necessidade de planejamento para enfrentar futuros períodos secos. Isso porque, é bem possível que o cenário se repita no próximo ano, até que seja concluída a transposição de água do rio Tanque, anunciada como “solução definitiva” para pôr fim à histórica crise hídrica que se repete ano após ano na cidade.

 

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