Do panfleto ao post,  o que mudou na publicidade e o que nunca deveria ter mudado

Foto: Divulgação

Mesmo com o avanço das mídias digitais, especialistas defendem que o verdadeiro valor da comunicação continua sendo a reputação construída com consistência e propósito

Houve um tempo em que a publicidade literalmente ganhava o céu. Aviões sobrevoavam praias e avenidas lançando panfletos coloridos, enquanto nas calçadas promotores entregavam folhetos impressos com ofertas e promessas de novidade. A missão era simples: ser visto.

Os anos passaram, as telas tomaram o lugar do papel e as vitrines se transformaram em feeds. A propaganda migrou para o ambiente digital e, hoje, a disputa por atenção acontece em segundos, dentro das redes sociais.

Mas, mesmo com novas linguagens e formatos, o princípio continua o mesmo: conquistar o olhar do público. O que se transformou foi o modo de medir o valor da comunicação.

Para a jornalista Carolina Lara, fundadora da Lara Visibilidade Estratégica, as marcas precisam resgatar o sentido original do que é comunicar. “A publicidade muda de formato, mas a essência permanece. A confiança ainda é o que sustenta qualquer marca”, afirma.

Segundo ela, o erro mais comum das empresas é confundir visibilidade com credibilidade. “Nem todo mundo que aparece é lembrado, e nem todo mundo que é lembrado é respeitado. A diferença está em como a mensagem é construída.”

Carolina acredita que publicidade e assessoria de imprensa não são opostas, mas complementares. Enquanto o marketing cria presença imediata, o trabalho editorial constrói permanência e autoridade.

“A imprensa é o espaço onde a empresa ganha voz por meio da credibilidade. É um reconhecimento que não depende de investimento direto, mas de relevância real”, explica.

O paralelo entre os antigos panfletos jogados de aviões e os posts patrocinados nas redes sociais mostra que o desafio permanece. Ambos geram impacto rápido, mas passageiro. Assim que o orçamento termina, o efeito desaparece.

Já a visibilidade obtida por meio de um trabalho editorial bem planejado tende a atravessar o tempo. “Uma reportagem publicada em um veículo de comunicação continua sendo referência anos depois. É visibilidade com memória”, avalia a jornalista.

A profissional observa que, na pressa de acompanhar tendências, muitas empresas acabaram reduzindo a comunicação a números de alcance e curtidas.

“A tecnologia trouxe agilidade, mas também impaciência. Há uma cobrança constante por aparecer, quando o verdadeiro objetivo deveria ser permanecer. A reputação é o que resiste quando a campanha termina.”

Ela reconhece que há algo de nostálgico na lembrança dos tempos dos panfletos e anúncios impressos, mas acredita que esse saudosismo serve como alerta.

“Antes, cada ação de comunicação exigia mais tempo, planejamento e significado. Hoje, a facilidade de publicar faz com que muitos esqueçam o porquê da mensagem. É preciso retomar a intenção de dialogar, e não apenas divulgar.”

Para Carolina, o futuro da comunicação está em unir estratégia e propósito. “A publicidade convida. A imprensa confirma. Quando essas duas vertentes se encontram, nasce a influência verdadeira, aquela que não depende de modas ou algoritmos.”

Ela conclui que, embora o mercado e as ferramentas mudem, a boa comunicação continua sendo um trabalho de consistência e verdade. “A atenção pode ser comprada, mas a credibilidade é conquistada. É isso que diferencia quem apenas aparece de quem permanece.”

Leia também: O marketing das aparências ganha força com influenciadores, o novo colunismo social da modernidade líquida

 

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