Cortejo poético, nesta quarta-feira (17), homenageia Marcelo Dolabela e Roberto Soares no coração de Belo Horizonte

Imagens: Divulgação

Homenagem itinerante celebra a poesia marginal e performática de dois ícones da cena cultural de Belo Horizonte, com intervenções urbanas, projeções e performances nos bares do hipercentro

Nesta quarta-feira (17), o hipercentro de Belo Horizonte será palco de uma celebração singular da poesia marginal e performática mineira. O evento marca o aniversário de nascimento do poeta Marcelo Dolabela (1957–2020) e homenageia também o poeta-performer Roberto Soares (1953–2020), ambos, figuras centrais da cena cultural alternativa da capital.

Batizado como “Dia M-D”, a data foi instituída por coletivos e amigos de Dolabela como um tributo à sua vasta e multifacetada obra. Neste ano, o cortejo poético ganha ainda mais força ao incorporar a memória de Roberto Soares, parceiro de Dolabela em diversas intervenções artísticas e performances urbanas. Ambos faleceram em 2020, ano marcado por perdas profundas na cultura brasileira.

Marcelo Dolabela, o poeta dadamídia

Nascido em Lajinha, Minas Gerais, Marcelo Gomes Dolabela foi poeta, músico, professor, roteirista e artista multimídia. Com mais de 50 livros publicados, muitos em edições artesanais e independentes, Dolabela foi um dos principais nomes da poesia marginal em Belo Horizonte.

Sua obra é marcada pela irreverência, experimentação e crítica social, com destaque para títulos como Radicais, Poeminhas & outros poemas, Letrolatria e Acre Ácido Azedo. Também foi autor do ABZ do Rock Brasileiro, referência enciclopédica sobre o gênero até os anos 2000.

Dolabela faleceu em 18 de janeiro de 2020, aos 62 anos, vítima de complicações de um AVC. Sua trajetória inclui passagens por bandas como Sexo Explícito e Divergência Socialista, além de roteiros premiados no cinema e atuação como professor universitário.

Roberto Soares, a poesia como urgência

Natural de Governador Valadares, Roberto Soares foi um dos pioneiros da performance poética em Belo Horizonte. Integrante dos grupos Cemflores, Vírus Mundanus e Incrível Rúcula, publicou cerca de 15 livros de poesia.

E participou de diversos projetos culturais e sociais, como o Consultório de Rua e o Centro de Referência da Juventude. Soropositivo e em situação de vulnerabilidade, Soares transformou sua vivência nas margens em potência poética, com versos que mesclam urgência, lirismo e crítica social.

Faleceu em novembro de 2020, pouco antes de completar 67 anos. Sua obra permanece como registro da poesia feita no calor da vida, com destaque para livros como Fogos de Ar e Flores Amarelas pra Mim.

Roteiro do cortejo

O cortejo poético terá início às 19h30 no Bar Banzai, na avenida Augusto de Lima. De lá, os participantes seguem em direção à esquina da rua da Bahia com avenida Álvares Cabral, com paradas para recitação de poemas dos homenageados. Na empena do edifício, haverá projeções poéticas realizadas por Nélio Costa.

O trajeto segue descendo a rua da Bahia até o Edifício Maletta, onde haverá uma performance em frente à tradicional Cantina do Lucas. O encerramento será no bar Xok Xok, outro ponto emblemático da boemia belo-horizontina.

Presenças confirmadas

Entre os artistas e coletivos que participam do evento estão o performancer Ed Marte, o Coletivo Cemflores, Emília Mendes, Luciana Toneli, Ana Gusmão e diversos poetas e amigos dos homenageados.

Mais que uma homenagem, o cortejo é um gesto de resistência poética, uma celebração da arte feita nas ruas, nos bares e nas brechas da cidade.

*Com informações da Vila de Utopia e Tantas Folhas.

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *