Cinema brasileiro aposta em diversidade e qualidade para conquistar espaço no Oscar 2026
Wagner Moura em cena de O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho
Fotos: Divulgação
Seis filmes concorrem à indicação brasileira para o prêmio de Melhor Filme Internacional; diversidade temática e excelência técnica marcam nova fase do cinema nacional
Ana Cristina Ribeiro Fraga*
Seis filmes concorrem à indicação brasileira para o prêmio de Melhor Filme Internacional; diversidade temática e excelência técnica marcam nova fase do audiovisual nacional
Nesta segunda-feira (15), a Academia Brasileira de Cinema anuncia qual produção representará o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2026, na categoria de Melhor Filme Internacional.
A seleção reúne seis obras que refletem não apenas a diversidade cultural do país, mas também um salto de qualidade que tem reposicionado o cinema brasileiro no cenário mundial.
Temas urgentes e reconhecimento internacional

Entre os concorrentes estão O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, premiado em Cannes; Manas, de Marianna Brennand, que aborda a exploração infantil na Ilha do Marajó; O Último Azul, de Gabriel Mascaro, um drama distópico com forte apelo visual.
Há, ainda, Baby, de Marcelo Caetano, que explora juventude e identidade; Kasa Branca, de Luciano Vidigal, ambientado na Baixada Fluminense; e Oeste Outra Vez, de Érico Rassi, um faroeste sertanejo que revisita o gênero com sotaque brasileiro.
As obras se destacam por abordarem temas urgentes com profundidade e sensibilidade, além de apresentarem alto nível técnico e narrativo. A presença em festivais internacionais reforça o reconhecimento da crítica e do público estrangeiro.
Cinema nacional evolui e conquista espaço
Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem investido em roteiros mais sofisticados, direção autoral e parcerias internacionais que ampliam o alcance das produções. A profissionalização técnica, o fortalecimento de políticas públicas de incentivo e a presença crescente em festivais de prestígio contribuíram para essa nova fase.
Além disso, há uma clara aposta em narrativas que dialogam com temas universais como repressão, identidade, desigualdade, sem perder o olhar local. Essa combinação tem despertado o interesse de distribuidores e críticos estrangeiros, consolidando o Brasil como um polo emergente de produção cinematográfica.

A escolha do filme que representará o país será anunciada nesta tarde. Mas, independentemente do resultado, o Brasil já se afirma com uma safra de obras que não apenas emocionam, mas também inquietam, provocam e iluminam.
Em tempos em que o negacionismo cultural e científico avança de forma preocupante, essas produções reafirmam o cinema como um espaço de resistência, memória e empatia.
São narrativas que resgatam a humanidade em meio à desinformação e ao desencanto, devolvendo às pessoas o direito de sentir, refletir e imaginar futuros possíveis, que não se limitem ao horizonte distópico que se impõe sobre o presente, no Brasil e em tantas outras partes do mundo.
Ao iluminar o que a realidade tenta apagar, o cinema brasileiro reafirma seu compromisso com a vida, com a verdade e com a potência transformadora da arte.

*Ana Cristina Ribeiro Fraga é colunista, cinéfila e escritora bissexta.