Itabira registra dezenas de focos de queimadas e pede ajuda para identificar e punir os piromaníacos

Fotos: acervos Vila de Utopia/
Instituto Bromélia

Já foram registrados mais de 60 focos somente no primeiro semestre, fora os que não foram apurados; dias piores já aconteceram em agosto e ainda virão até o fim da estiagem

A cidade de Itabira, assim como sua zona rural, enfrenta mais uma temporada crítica de queimadas, com impactos diretos sobre a saúde da população, o meio ambiente e a segurança das pessoas.

Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 67 focos de incêndio em vegetação, segundo dados do Corpo de Bombeiros, mas com certeza o número real de ocorrências seja maior, já que nem todos os casos são oficialmente contabilizados.

Fonte: CBMMG Itabira

Em julho, mês até aqui mais seco do ano, ocorreram 36 novos casos, sendo a maioria em áreas urbanas, principalmente em lotes vagos. Em 2024, o número já havia sido alarmante: 243 ocorrências em toda a cidade.

Com a estiagem prolongada, as ocorrências deste ano ainda devem crescer exponencialmente. Não há um só dia sem várias ocorrências na cidade e também na zona rural.

Diante da gravidade da situação, a Prefeitura de Itabira, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal (Semapa), promete intensificar a campanha de prevenção e combate às queimadas.

A ação é realizada em parceria com o Corpo de Bombeiros e o Instituto Bromélia. Busca alertar a população sobre os riscos do fogo, incentivar denúncias e proteger vidas, a biodiversidade e o patrimônio coletivo.

Fumaça tóxica agrava doenças respiratórias

A fumaça tóxica das queimadas agravam doenças respiratórias como bronquite, asma e pneumonia, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades

Durante reunião do Codema, realizada em 8 de agosto, a professora Ana Carolina Vasques de Freitas, pesquisadora da Unifei, apresentou dados preocupantes sobre os efeitos das queimadas na saúde pública.

Em sua palestra Os impactos da poluição atmosférica na saúde da população de Itabira, ela destacou que a fuligem liberada pelas queimadas contém partículas finas conhecidas como PM 2,5, que penetram profundamente nos pulmões e podem alcançar a corrente sanguínea.

“Essas partículas agravam doenças respiratórias como bronquite, asma e pneumonia, especialmente em crianças, idosos e pessoas com comorbidades”, alertou.

A pesquisadora também relacionou o aumento da poluição atmosférica à sobrecarga dos serviços de saúde, que enfrentam picos de atendimentos durante os períodos de maior incidência de queimadas e incêndios florestais, que já estão ocorrendo no entorno da cidade, principalmente em áreas de florestas homogêneas.

Solo empobrecido e biodiversidade ameaçada

Queimadas em pastagens: morte dos microorganismos essenciais à fertilidade, empobrecendo o solo

Além dos danos à saúde humana, as queimadas provocam sérios impactos ambientais. O fogo destrói a cobertura vegetal, mata microorganismos essenciais à fertilidade do solo e acelera processos erosivos.

Com a morte da fauna microbiana, o solo perde sua capacidade de regeneração natural, tornando-se infértil e vulnerável à degradação.

A biodiversidade também é afetada: animais silvestres são mortos ou expulsos de seus habitats, e nascentes ficam desprotegidas, comprometendo a vazão dos cursos d’água.

Na zona rural de Itabira, a situação não é diferente. Segundo levantamento do Instituto Bromélia, entre outubro e dezembro do último ano, foram registrados 28 incêndios na região de Itabira e Serra dos Alves, sendo 14 em pastagens, 10 em trechos de mata e três em plantações de eucalipto.

Esses dados reforçam a urgência de intensificar as ações preventivas e educativas, intensificando a campanha na cidade e também em áreas rurais.

Denunciar é proteger

Queimadas prejudicam a saúde e ameaçam propriedades na cidade e na zona rural

A secretária de Meio Ambiente Elaine Mendes faz um apelo à população: “Precisamos que cada cidadão seja um aliado nessa luta, denunciando, mesmo que de forma anônima, para que possamos identificar e punir os responsáveis. O silêncio só protege quem faz o mal, e o prejuízo recai sobre todos nós.”

Provocar incêndios em áreas de vegetação é crime ambiental, previsto na Lei Federal nº 9.605/1998, sujeito a multa e até prisão.

Denunciar é um ato de responsabilidade coletiva. Para isso, a população pode ligar para o 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) ou para (31) 3839-2137 (Semapa).

A campanha segue com ações educativas em escolas, capacitação de brigadistas e mobilização comunitária.

Entretanto, para que Itabira respire melhor, é preciso que todos façam sua parte, não realizando queimadas e denunciando os piromaníacos que ateiam fogo no mato seco.

Só assim eles podem ser identificados e penalizados, já que a maioria das ocorrências é criminosa.

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