Levantamento inédito sobre a memória ferroviária e cultural de sete territórios mineiros é concluído pelo projeto Estação

No destaque, antiga pera ferroviária de Itabira, na década de 1980

Foto: Eduardo Cruz

Com apoio da Vale, iniciativa documenta histórias, saberes e patrimônios de comunidades moldadas pela ferrovia Vitória-Minas

O projeto Estação acaba de concluir e tornar público um levantamento histórico-cultural inédito sobre a memória ferroviária em sete municípios de Minas Gerais: Antônio Dias, Barão de Cocais, Belo Horizonte, Itabira, João Monlevade, Nova Era e Rio Piracicaba.

As cidades compõem o trecho de atuação do projeto em 2025, que se estenderá por 30 municípios até 2028. O material já está disponível ao público e representa uma contribuição valiosa à valorização das identidades locais construídas no entorno da ferrovia.

Mais do que um acervo de fatos e datas, o estudo oferece um olhar sensível sobre a vida cotidiana, os saberes tradicionais e as manifestações culturais que persistem e florescem nesses territórios.

EFVM liga Minas ao mar

A Estrada de Ferro Vitória a Minas, uma das mais longevas do país, há mais de um século conectando o litoral ao interior, é reconhecida como vetor essencial da formação social, econômica e simbólica dessas comunidades.

Por meio de entrevistas, observações em campo e um extenso registro fotográfico e documental, o projeto dá protagonismo a moradores como ex-ferroviários, artistas, lideranças locais e guardiões da memória.

A pesquisa adota uma metodologia híbrida que entrelaça história oral, cartografia social e análise documental, revelando como memórias individuais e coletivas estão impressas nos espaços urbanos e nas paisagens marcadas pelos trilhos.

Mosaico de experiências

Lugares, sons, cheiros, festas, ofícios e afetos compõem esse mosaico vivo de experiências, que ajudam a reinterpretar o passado e inspiram novos olhares sobre o presente.

Como relata Diogo Nunes, pesquisador e historiador do Projeto Estação, o mais  significativo na pesquisa foi a oportunidade de ter tido contato com pessoas e territórios tão diversos, ricos e plurais.

Segundo ele, cada local possui dinâmicas e complexidades próprias, que não são simples de identificar e explorar. “É desafiador, mas também instigante”, afirma.

“Na pesquisa, não se trata exatamente de achar, de descobrir, mas de ser encontrado, de colocar o corpo como algo a ser afetado pelas tramas dos territórios. Isso nos permitiu acessar memórias, saberes e fazeres que não são óbvios à primeira vista, especialmente para quem vem de fora”, explica.

Clique de gente

A disponibilização do levantamento é mais do que uma entrega de pesquisa – é um convite à valorização da cultura como um bem comum, diz o pesquisador.

De acordo com ele, ao celebrar os modos de vida, saberes e tradições que surgiram às margens da ferrovia, o Estação promove o reconhecimento e o fortalecimento das identidades locais, além de estimular políticas públicas de preservação do patrimônio cultural. “É memória que se compartilha, se transforma e segue viagem”, afirma.

O projeto Estação é idealizado e realizado pela Horus Planejamento e Gestão, tem apoio da Vale por meio de recursos para a preservação da memória ferroviária e é regulado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Serviço

O levantamento já está disponível na bio do projeto no Instagram:@projeto_estacao

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