Brasil e China firmam acordo para corredor ferroviário interoceânico ligando Atlântico ao Pacífico

Foto: Michel Corvelo/MT/
Agência Brasil

A assinatura do memorando ocorreu nesta segunda-feira (7) no Ministério dos Transportes, em Brasília

Brasília – Em um movimento estratégico para fortalecer a infraestrutura logística sul-americana e ampliar o escoamento de exportações para a Ásia, os governos do Brasil e da China assinaram nesta segunda-feira (7) um memorando de entendimento para o desenvolvimento de um corredor ferroviário bioceânico.

O projeto prevê a ligação do território brasileiro ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru, financiado por capital chinês, integrando as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Centro-Oeste (Fico) e a Ferrovia Norte-Sul (FNS) ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru.

O acordo foi firmado entre a estatal brasileira Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e o China Railway Economic and Planning Research Institute, braço de planejamento da maior empresa ferroviária pública do mundo.

Os estudos serão conduzidos pela Infra S.A., estatal vinculada ao Ministério dos Transportes, e a China Railway Economic and Planning Research Institute.

O corredor ferroviário tem uma parte em execução no Brasil, por meio da Fiol, que parte de Ilhéus, na Bahia, e vai até Mara Rosa, em Goiás, e da Fico, que parte de Mara Rosa e se estende até Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. A cidade goiana será o entroncamento das duas ferrovias com a FNS, que vai de Açailândia, no Maranhão, a Estrela d’Oeste, em São Paulo.

Com a nova malha ferroviária, que passará pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e o Acre, até alcançar o Peru, a expectativa é que a nova rota reduza o tempo de transporte de cargas entre o Brasil e a Ásia de 40 para 28 dias.

Integração continental e impacto geopolítico

Embora o porto de Chancay integre a iniciativa chinesa “Cinturão e Rota” (a chamada Nova Rota da Seda), o Brasil não aderiu formalmente ao projeto. O governo brasileiro avalia que, dada a robustez das relações comerciais já existentes com a China, seu principal parceiro comercial, a adesão oficial não é necessária.

O corredor ferroviário será parte das Rotas de Integração Sul-Americana, iniciativa do governo brasileiro para conectar modais de transporte em áreas de fronteira. A ferrovia bioceânica também se articula com projetos como a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), ampliando a intermodalidade e a competitividade logística nacional.

Próximos passos

O memorando tem validade inicial de cinco anos e prevê a realização de estudos técnicos conjuntos sobre viabilidade econômica, impactos ambientais e integração com outras infraestruturas de transporte.

Ainda não há estimativas oficiais sobre o custo total da obra, que dependerá dos resultados desses estudos.

Para o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, o acordo representa “um passo estratégico para o setor de transporte no Brasil” e marca o início de uma nova era de cooperação internacional no campo da engenharia ferroviária.

Brics

A assinatura do acordo ocorreu perto do fim da Reunião de Líderes do Brics, nesta segunda-feira no Rio de Janeiro. Na declaração conjunta emitida no domingo (6), o grupo comprometeu-se em promover o diálogo para ampliar a infraestrutura de transportes entre os países em desenvolvimento.

“Esperamos promover ainda mais o diálogo sobre transportes para atender às demandas de todas as partes interessadas e aprimorar o potencial de transporte dos países do Brics, respeitando, ao mesmo tempo, a soberania e a integridade territorial de todos os estados-membros no âmbito da cooperação em transportes”, destacou o documento.

Segundo a declaração final, a integração entre as estruturas de transporte estimulará o desenvolvimento e integra-se à sustentabilidade ambiental.

“Reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento de uma infraestrutura de transporte sustentável e resiliente, reconhecendo seu papel crítico no crescimento econômico, na conectividade e na sustentabilidade ambiental”, diz o documento.

*Com informações da Agência Pública, O Liberal e Infomoney

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