Cidades com mais verdes evitariam um em cada 10 casos de asma
Sem arborização urbana – Itabira, cidade mais impactada pela mineração no Brasil, é uma das cidades menos arborizadas do país, ocupando a distante 4.980ª posição entre os municípios brasileiros, com apenas 25,2% de áreas verdes urbanas, segundo o IBGE
Foto: Carlos Cruz
Estudo identifica que medidas simples, como restrição a carros poluentes e mais parques, teriam impacto direto na saúde pulmonar
EcoDebate – Um estudo recente do Karolinska Institutet, na Suécia, aponta que até 10% dos casos de asma em crianças e adolescentes poderiam ser evitados com melhorias no ambiente urbano.
A pesquisa, publicada no periódico The Lancet Regional Health – Europe , destaca como a poluição do ar, a falta de áreas verdes e outros fatores urbanos impactam diretamente a saúde respiratória.
Os Riscos do Ambiente Urbano para a Saúde Respiratória
De acordo com o estudo, crianças e jovens que vivem em cidades com altos níveis de poluição atmosférica e poucos espaços verdes têm maior risco de desenvolver asma. A exposição a partículas finas (PM2.5), óxidos de nitrogênio (NOx) e outros poluentes está diretamente associada ao aumento de casos da doença.
“Sabemos que a asma tem causas multifatoriais, incluindo genética e estilo de vida, mas nosso estudo mostra que uma parcela significativa dos casos está ligada a fatores ambientais modificáveis”, explica Zhebin Yu, um dos autores do estudo.
Áreas Verdes como Fator Protetor
A pesquisa também destacou que a presença de parques, árvores e zonas de baixa emissão de poluentes pode reduzir significativamente o risco de asma.
Cidades que investiram em planejamento urbano sustentável, com mais espaços para pedestres e ciclovias, apresentaram menores índices da doença.
Recomendações para Políticas Públicas
Os pesquisadores sugerem que governos e gestores urbanos adotem medidas como:
- Redução do tráfego de veículos poluentes em áreas densamente povoadas.
- Expansão de áreas verdes e corredores de ar puro.
- Fiscalização mais rígida de limites de emissão de poluentes.
“Se as cidades priorizarem um ambiente mais saudável, podemos prevenir milhares de casos de asma e outras doenças respiratórias”, afirma Erik Melén, outro coautor do estudo.
Impacto Global
A asma afeta cerca de 340 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com o aumento da urbanização, o estudo do Karolinska Institutet serve como um alerta para a necessidade de cidades mais sustentáveis e saudáveis.
Fonte: Karolinska Institutet
Referência:
External exposome and incident asthma across the life course in 14 European cohorts: a prospective analysis within the EXPANSE project
Yu, ZhebinMetspalu, Andres et al.
The Lancet Regional Health – Europe, Volume 0, Issue 0, 101314