Fernando Collor é preso nesta sexta-feira (25) por corrupção e lavagem de dinheiro
Foto: ABR/Valter Campanato/ Agência Brasil
Da ascensão política à prisão por corrupção
Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República, foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió, Alagoas.
A prisão foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a rejeição de recursos contra sua condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Collor foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, em um desdobramento da Operação Lava Jato.
Collor foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o fim da ditadura militar, em 1989. Sua campanha ficou marcada pelo discurso contra privilégios, ganhando o apelido de “caçador de marajás”.
Após sua absolvição pelo STF em 1994, Collor retornou à política como senador por Alagoas, cargo que ocupou até 2022.
Durante esse período, ele foi acusado de envolvimento em esquemas de corrupção relacionados à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Entre 2010 e 2014, Collor teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas para facilitar contratos irregulares com a construtora UTC Engenharia.
Desdobramentos
A prisão de Collor ocorreu enquanto ele se dirigia ao aeroporto para embarcar rumo a Brasília, quando, segundo seu advogado, pretendia se apresentar espontaneamente à Justiça. O ex-presidente foi levado à Superintendência da Polícia Federal em Alagoas e aguarda os próximos passos do processo judicial.
O caso de Collor é um marco na luta contra a corrupção no Brasil, destacando o papel das instituições em responsabilizar figuras públicas, independentemente de sua posição política.
Sua trajetória política, que inclui momentos de glória e queda, reflete os desafios enfrentados pelo país na busca por transparência e justiça, observado o devido processo legal.
O caso PC Farias
O governo de Collor foi interrompido em 1992, quando ele renunciou à presidência em meio a um processo de impeachment. As acusações de corrupção que levaram à sua queda estavam centradas em seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, conhecido como PC Farias.
Ele foi apontado como operador de um esquema de tráfico de influência e desvio de recursos públicos, que incluía o uso de dinheiro ilícito para pagar despesas pessoais de Collor, como a famosa compra de um Fiat Elba.
PC Farias tornou-se uma figura central no escândalo, sendo acusado de arrecadar milhões de dólares em propinas durante o governo Collor. Em 1996, ele foi encontrado morto ao lado de sua namorada, Suzana Marcolino, em uma casa de praia em Maceió.
A cena do crime levantou inúmeras dúvidas: inicialmente, a hipótese oficial foi de homicídio seguido de suicídio, mas especialistas questionaram essa versão, apontando inconsistências nos laudos periciais e sugerindo a presença de uma terceira pessoa no local.
Até hoje, o caso permanece envolto em mistério, alimentando teorias sobre possíveis motivações políticas ou econômicas por trás das mortes. A trajetória de PC Farias e seu trágico fim continuam a ser um capítulo sombrio na história política brasileira.
*Com informações da Agência Brasil e Folha de S.Paulo.