Prefeito de Itabira lamenta ausência da Vale na Conferência de Meio Ambiente: “É uma pena, temos muito a discutir e realizar”

Fotos: Carlos Cruz

Evento é preparatório para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que acontece entre 6 e 9 de maio de 2025, em Brasília

Durante a abertura da 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, realizada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na manhã desta segunda-feira (9), no Parque do Intelecto, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) destacou a importância da parceria com a mineradora Vale, em curso com o projeto Itabira Sustentável, para resolver as questões ambientais locais e reduzir a “pegada de carbono” no município.

“Assim como o mundo precisa dos Estados Unidos para resolver a crise climática, o que agora fica mais difícil com a eleição de Trump, Itabira também precisa da Vale para resolver as questões ambientais e assegurar um município sustentável para as gerações atuais e futuras, em todas as suas dimensões”, afirmou Marco Antônio Lage.

Ele lamentou a ausência de um representante da mineradora Vale na conferência, apesar da aprovação do evento pelo Codema, inclusive com o voto favorável do conselheiro representante da mineradora. “É uma pena, temos muito a debater e resolver junto com a Vale, não como em uma guerra, mas com debate e transparência”, ressaltou.

Questões pendentes da LOC

Com poucos conselheiros do Codema presentes, conferência foi aberta com participação da sociedade civil e representantes da Prefeitura de Itabira

O prefeito mencionou questões históricas pendentes da Licença de Operação Corretiva (LOC), de 2000, que ainda não foram implementadas.

Como exemplos, ele citou a falta dos hortos florestais, o corredor ecológico no entorno das minas e da ferrovia, e a questão da água, que só agora está para ser resolvida. Além disso, destacou a necessidade da diversificação econômica de Itabira para que o município deixe de depender da mineração.

“Vivemos quase um século de mineração. Agora, nossa responsabilidade é construir um plano de metas eficaz para garantir a sustentabilidade ambiental em nosso município. Precisamos da colaboração da Vale para alcançarmos nossos objetivos e deixar um legado sustentável para as futuras gerações”, conclamou o prefeito, acenando mais uma vez o projeto Itabira Sustentável, que precisa sair do papel.

Marco Antônio Lage enfatizou a responsabilidade das gerações atuais com a sustentabilidade ambiental, especialmente considerando o fim da era da mineração em Itabira, para evitar uma “derrota incomparável” se o município continuar dependente da mineração.

“Vivemos em uma cidade minerada há quase 100 anos, o primeio território nacional a produzir minério de ferro em larga escala e ainda continuamos dependentes da atividade. É esse quadro que precisamos mudar em parceria com a Vale e com toda sociedade itabirana.”

Prêmios e educação ambiental

Já em cumprimento da parte que cabe à Prefeitura, o prefeito anunciou que a partir do próximo ano, a Prefeitura vai instalar “uma escola ambiental”, com atividades no Parque do Intelecto, integrando-a ao projeto de educação em tempo integral em Itabira.

Marco Antônio Lage citou os prêmios recebidos por Itabira na área da educação, destacando a importância da educação ambiental. “Recebemos prêmios importantes em educação e vamos incrementar ainda mais. Este espaço aqui será transformado em um centro de educação ambiental para nossa comunidade”, anunciou.

Ele também ressaltou a necessidade de discutir mais sobre mudanças climáticas e temas ambientais com a sociedade itabirana. “Temos desafios importantes a enfrentar, principalmente considerando que somos uma cidade minerada, com desafios bem específicos e localizados”, disse o prefeito.

Segundo ele, o projeto Itabira Sustentável, desenvolvido com a Vale desde 2021 e concluído no ano passado, busca o desenvolvimento em várias dimensões, incluindo econômica, ambiental e cultural.

“Precisamos da Vale como parceira nessa jornada. As metas ambientais de Itabira dependem de recursos significativos e é preciso agir agora. Não temos mais tempo a perder”, afirmou.

Homenagem a Maria Alice

Marco Antônio Lage com a professora Maria Alice de Oliveira Lage, ambientalista, primeira presidente do Codema: homenagem (Foto: Reprodução)

O prefeito cumprimentou os conselheiros do Codema e prestou homenagem à Professora Maria Alice de Oliveira Lage, primeira presidente do órgão municipal, destacando sua contribuição para o debate ambiental em Itabira.

“Maria Alice tem sido fundamental no debate sobre temas ambientais em nossa cidade. Sua dedicação e sabedoria são inspirações para todos nós”, afirmou Marco Antônio Lage, que visitou recentemente a ambientalista. “Ela está bem de saúde e lúcida”.

Palestrante

O evento contou com a presença do escritor, cientista político e jornalista Sérgio Abranches, reconhecido pensador e ambientalista, que ofereceu sua visão sobre as mudanças climáticas e suas implicações nas cidades e no mundo.

“É um privilégio contar com a presença de Sérgio Abranches, um dos maiores cérebros do país no pensamento sobre mudanças climáticas. Sua generosidade em participar deste evento sem cobrar nada é um testemunho de seu compromisso com o meio ambiente”, ressaltou o prefeito.

Marco Antônio encerrou seu pronunciamento destacando a necessidade de ações concretas e colaboração entre todos os setores da sociedade. “Precisamos da mobilização social e da sociedade civil organizada. Não é uma guerra (que queremos com a Vale), mas uma discussão consciente sobre o futuro sustentável de nossa cidade”, conciliou o prefeito de Itabira.

Debate Nacional

A 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Clima, com o tema “Emergência Climática”, prossegue nesta tarde no Parque do Intelecto com discussões de temas específicos em grupos. O evento tem como objetivo discutir e propor medidas emergenciais, bem como de médio e longo prazo, para enfrentar os desafios climáticos na cidade.

A conferência em Itabira é preparatória e escolherá delegados para representar o município etapa estadualm que antecede a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), nos dias 6 e 9 de maio de 2025, em Brasília.

Durante o evento em Itabira, estão sendo debatidos três temas principais: Mitigação, Adaptação e Preparação para Desastres (com foco nas barragens de rejeitos de minério) e Governança.

Responsabilidade 

Durante a conferência, Denes Lott, presidente do Codema e secretário municipal de Meio Ambiente, relembrou a primeira conferência realizada em 2013.

Ele destacou as reflexões daquela época sobre a gestão e destinação correta dos resíduos na cidade, ressaltando que o contexto atual é ainda mais amplo e grave.

“É essencial para nossa cidade e nosso país desenvolver sistemas ambientais que assegurem o bem-estar das atuais e futuras gerações. A atividade mineradora, embora traga benefícios, também impõe desafios que precisamos enfrentar”, afirmou Lott.

Desafios

Denes Lott destacou os objetivos da conferência, exaltando o papel do Codema

Denes Lott ressaltou os objetivos principais da conferência, que são discutir e apontar soluções para as emergências climáticas que afetam o planeta e, especificamente, Itabira.

“Precisamos enfrentar problemas como a degradação da paisagem, a diminuição da oferta de água e a presença do material particulado, conhecido como ‘poeira’, que afeta nossa cidade principalmente no período de seca”, explicou.

Ele destacou também o papel do Codema como órgão deliberativo e consultor da Secretaria de Meio Ambiente no debate de questões fundamentais para o município. “Temos instalados grupos de trabalho que discutem com a Vale medidas para reduzir a poeira na cidade e também o grupo de Fechamento de Mina”, enumerou.

Desses grupos, a mineradora recusou participar do último, apesar de seu representante no órgão ambiental ter aprovado sua instalação juntamente com os demais conselheiros. Para a Vale, ainda não é hora para debater com a sociedade o fechamento das minas.

Projetos em andamento

O secretário destacou o desenvolvimento de projetos como o Água de Itabira e o projeto Mosaico, o primeiro para a preservação e proteção de nascentes, enquanto o segundo visa a inserção de unidades de conservação e a melhoria da qualidade de vida na zona rural.

“Além de contribuir para melhorar a qualidade das nossas águas no município, esses projetos melhoram também as condições de vida no campo.”

Ele enfatizou o caráter participativo e democrático da conferência, citando o artigo 225 da Constituição, que estabelece o meio ambiente como bem jurídico comum do povo e impõe à coletividade, junto com o poder público, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Denes Lott propugnou a participação da sociedade na construção de um futuro economicamente próspero, politicamente democrático e ambientalmente sustentável. Que assim seja, desde agora.

 

 

 

 

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