Uma forma de saudade

Mauro Andrade Moura

Capa das páginas do diário de Drummond (Foto do destaque: O Globo)

Chegou a nós nesta sexta-feira, bem ao estilo Drummond, sem nenhum alarido ou promoção que mereça uma obra que nos trás algumas lembranças do poeta Carlos Drummond de Andrade.

São páginas do diário pessoal que o poeta mantinha e retirou-as no limiar da vida por ser referente às pessoas mais próximas. Os pais, os irmãos e os amigos mais pessoais, que com ele mantinham uma relação direta, mereceram registros, algumas passagens e fatos, principalmente os das “passagens” de cada um.

Uma primeira parte deste diário foi publicada ainda em 1985 sob o título O observador do escritório, separando o que considerou de cunho mais pessoal.

Contracapa do livro Uma forma de saudade

A primeira parte destas memórias são as saudades. Transcritas do diário de Drummond, estão dispostas por tema: família, pais, irmãos, a cunhada, os amigos Manoel Bandeira e Rodrigo Melo Franco de Andrade.

Composto também com várias fotografias do álbum de lembrança do poeta, remete-nos a outro tempo, outras figuras e mensagens diversas transmitidas pelas belas imagens.

Drummond se lembra da família em pequena árvore genealógica a partir dos avós. E chega aos sobrinhos netos, com um trabalho minucioso de cada um dos parentes diretos.

Na segunda parte deste livro, o leitor será brindado com vários poemas dedicados aos pais, aos irmãos, Sá Maria e aos amigos de sempre, Manoel Bandeira e Rodrigo Melo Franco de Andrade.

Alguns poemas:

 

Ator

No chão de Laranjeiras arma-se o teatro

de faz de conta.

O pequenino ator

Domina a plateia cativada.

Não será João Caetano ou astro de tevê.

Será tradutor de Shakespeare e de Schiller.”

 

Com Machado de Assis

 

No bonde Cosme Velho, o rapazinho e o Bruxo

Conversam de Camões e da Ilha dos Amores.

            A poesia é um luxo

que se agasalha, e bem, entre roucos rumores.”

 

Drummond em citação ao poeta e amigo Manoel Bandeira

 

Os mortos de sobrecasaca

Havia a um canto da sala um álbum de fotografias intoleráveis,

alto de muitos metros e velho de infinitos minutos,

em que todos se debruçavam

na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca.

Um verme principiou a roer as sobrecasacas indiferentes

e roeu as páginas, as dedicatórias e mesmo a poeira dos retratos.

Só não roeu o imortal soluço de vida que rebentava

que rebentava daquelas páginas.”

 

Drummond

 

Uma publicação da Companhia das Letras/Editora Schwarcz S.A.

Capa e projeto gráfico de Raul Loureiro

Fotografias da capa Acervo Fundação Casa de Rui Barbosa

Preparação de Sílvia Massimini Felix

Revisão de Huendel Viana e Ângela das Neves

 

Disponível em Itabira na Livraria Clube da Leitura.

 

Boa leitura aos interessados.

 

 

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4 Comentários

    1. Pois é, Cris, de repente, não mais que de repente, eis que surge este novo livro com as memórias do nosso Poeta.
      A leitura foi dinâmica para apresentar aos amigos e amigas este novo livro o mais breve possível.
      Dia desses vou empreender uma leitura completa.
      Grato pela leitura.
      Besitos en todos de la Tierra de la Mancha.

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