“Com o aquecimento global, a humanidade corre risco, o que é uma pena: não haverá mais quem lerá Drummond”, disse Tamara Klink, no 4º Flitabira

Mesa com os escritores Sergio Abranches, Tamara Klink e Tom farias

Foto: Carlos Cruz

É sabido, pelo menos por muitos, que a literatura desempenha papel fundamental na sociedade como entretenimento, mas também ao explorar e desvendar a realidade, seja por meio da ficção ou do documentário.

Foi o que se viu na quarta edição do Festival Literário Internacional de Itabira (4º Flitabira), realizado na cidade natal de Carlos Drummond de Andrade, entre 30 de outubro e 3 de novembro, com as inúmeras mesas de debates.

Nesses debates políticos/literários, um dos temas mais recorrentes foi o aquecimento global que já está afetando severamente a vida no planeta, sendo que para muitos debatedores, já se vive na Terra uma emergência climática.

Rota navegada por Tamara, desde Alesund até o Rio de Janeiro (Reprodução/Wikipedia)

Na abertura do Flitabira, na primeira mesa de debates, o escritor Sérgio Abranches quis saber da navegadora e escritora Tamara Klink, quais são as suas impressões pelo que viu dos efeitos climáticos durante a sua travessia do Atlântico e também pela Antártica.

A navegadora, em 2021, tornou-se aos 24 anos a brasileira mais jovem a cruzar o oceano Atlântico, navegando sozinha com o seu pequeno veleiro Sardinha, partindo da França ao Brasil.

Tamara é filha do navegador Amyr Klink e da fotógrafa Marina Bandeira Klink. Com a família, participou também de expedições à Antártica, tendo registrado o que viu e sentiu em dois livros, Férias na Antártica e, o mais conhecido, Nós, o Atlântico em Solitário.

Portanto, como toda essa experiência pelos oceanos, e pelo mundo, pode-se dizer que ela já é uma autoridade no tema.

“Vi que as ‘bitelas dos permafrost’ estão reduzindo cada vez mais, elas ficam geralmente congeladas por dois anos ou mais anos consecutivos. Como o aquecimento global, estão derretendo em ritmo acelerado”, descreveu

Permafrost é um tipo de solo que permanece congelado durante todo o ano. Cobrem  cerca de 25% da superfície terrestre do Hemisfério Norte, especialmente em regiões como a Rússia, Canadá e Alasca. O permafrost é uma mistura de solo, rochas e gelo – e pode ter espessura que varia de poucos metros a centenas de metros.

Conforme relatou Tamara Klink, o aquecimento global está causando o derretimento do permafrost, o que representa uma ameaça para o clima e para a própria vida humana, na medida em que acelera as mudanças climáticas.

Tamara no pequeno veleiro Sardinha (Foto: Reprodução)

Vida humana em perigo“Nesse ritmo o Ártico vai deixar de ser um refrigerador para passar a ser um aquecedor com o degelo acelerado”, lamenta a navegadora, para quem é preciso que a sociedade reveja hábitos de consumo para diminuir o ritmo do aquecimento global. Sem isso, o planeta Terra pode até continuar existindo, mas a vida humana está ameaçada.

“Quando (e se) o ser humano deixar de existir, surgirão outras espécies. Mas é uma pena que a nossa espécie corra riscos, pois se isso acontecer, não haverá quem vai ler Drummond, não haverá mais as coisas boas da vida”, entristece a navegadora, que, entretanto, ainda acredita na possibilidade de a humanidade superar essa situação que ela mesma criou.

“Para isso, as pessoas precisam abrir mão de certos confortos, de certos privilégios. Muitas indústrias terão de deixar de existir ou terão de se adaptar,”, ela aponta, ainda otimista.

Para reverter esse quadro, Tamara recomenda mudanças nos hábitos de consumo e, mais ainda, que os governos e as grandes indústrias, que são os principais responsáveis pela poluição que causa o aquecimento global com as consequentes tragédias climáticas que estão cada vez mais severas e afetando todo o mundo, mudem as suas políticas públicas e de investimentos.

É preciso, portanto, implementar ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o que é crucial para diminuir o degelo do permafrost, assim como toda crise climática, um dos maiores desafios da humanidade.

Tudo isso precisa acontecer em escala mundial, promovendo a transição para fontes de energia renovável, como meio de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

São novos conceitos que precisam ser implementados nas indústrias, na agropecuária, nas cidades onde a vida acontece com todos as suas tragédias e consequências para a vida humana, afetando também a vida silvestre e todo o ecossistema.

É assim, com essas mudanças imediatas sendo efetivadas (e que estão em risco com a eleição de Trump), Tamara Klink acredita ser possível reduzir o aquecimento global, o que é imprescindível para a sobrevivência da humanidade, com todos buscando soluções sustentáveis. “O futuro da vida na Terra ainda está em nossas mãos e cada ação conta”, conclama.

Acompanhe Tamara Klink no Instagram: https://www.instagram.com/tamaraklink/

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