Nandy Xavier, o cantor mais pop de Itabira, agora está cantando no céu

O cantor e compositor no pré-carnaval de Serra dos Alves, em 23 de fevereiro de 2023, na estreia do bloco Filhos de Nandy

Foto: Eduardo Cruz

Faleceu nesta triste tarde de sexta-feira (8), o músico, compositor, dançarino, skatista Fernando Antônio Xavier de Souza, o Nandy Xavier, aos 61 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).

Ele estava internado há três semanas no Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC). Deixa duas filhas, dois filhos e netos, além de um legado musical inestimável, a lembrança de um cantor e compositor pop carismático, um artista popular itabirano que fez sucesso por onde andou.

Deixa também amigos e amigas que guardam dele ternas e inesquecíveis lembranças. “Nandy sempre foi para mim a referência de um cara legal, de um amigo fraterno”, conta muito emocionado o também músico Carlos “Cabeça” Moura Andrade, que da convivência com o artista guarda a ternura de um homem bom e a lembrança de um músico criativo.

Retorno

Foi Carlos “Cabeça” quem o convenceu a retornar a Itabira, depois de passar uma temporada vivendo na paradisíaca e histórica ilha de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. “Ele estava se recuperando bem da dependência ao álcool e drogas, feliz por voltar a cantar e tocar violão. Fizemos uma homenagem a ele no ano passado, no pré-carnaval na Serra dos Alves. Ele ficou comovido e agradecido”, recorda.

Segundo o amigo, o emprego que Nandy conseguiu na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), como produtor cultural, fez muito bem ao artista, pela remuneração que passou a ter, mas também pelo apoio que teve no relacionamento com colegas de trabalho.

“Todos tinham muita estima pela sua pessoa e pela sua arte. Nandy cantava com entusiasmo, fosse para dez pessoas ou para 3 mil pessoas. O que ele mais gostava de fazer era cantar e conhecer novos amigos e amigas”, diz Carlos “Cabeça”, mentor e organizador do bloco pré-carnavalesco Filhos do Nandy, que desfilou pela primeira vez no povoado de Serra dos Alves, em 23 de fevereiro do ano passado.

O mesmo bloco em sua homenagem desfilou pela segunda vez neste ano, no pré-carnaval de Itabira, na praça do Expedicionário, onde  o músico fez o seu último show. Foi aplaudidíssimo, ovacionado por conhecidos e por muitos jovens que o ouviram cantar pela primeira e última vez.

Pouco depois ele sofreu o AVC. Nandy estava sozinho em casa e só foi socorrido depois que colegas de trabalho da FCCDA, ao sentiram a sua falta no trabalho, ligaram para familiares para saber o que estava acontecendo. “Um genro de Nandy foi até a sua casa e o encontrou bastante mal depois de sofrer várias convulsões”, recorda Carlos “Cabeça”.

Prosa Musical

Convidado a participar do programa Prosa Musical, do produtor cultural e músico Júlio “Mengueles”, na companhia também do baterista e amigo Tadeu Felipe, Nandy contou como aprendeu os primeiros acordes no violão, como autodidata no instrumento e no canto, herança de seu pai, o baterista e bela voz Serginho, também já falecido.

“Passou um cara com violão perto de casa, na Cesário Alvim, e me ensinou os primeiros acordes. Em casa o meu pai me ensinou outras posições e assim fui aprendendo a tocar violão e também a cantar. Eu tinha 12 anos e daí em diante não parei mais”, ele relembrou no Prosa Musical, que pode ser acessado aqui:

Nandy foi autor de grandes sucessos como Banho de Iemanjá, tendo participado da gravação de dois discos da banda Cor, com a qual fez shows na região e excursões nacionais, principalmente pelo Nordeste brasileiro. Outro sucesso foi a música Água de Coco. Banho de Iemanja foi gravada pela banda Axé Blond, da Bahia.

Velório

O corpo de Nandy Xavier será velado neste sábado (9), no foyer da FCCDA, no horário de 10h às 16h.