Ailton Krenak, imortal da ABL, é também itabirano com registro de nascimento

Foto: Divulgação

Sim, não se trata de uma figura de linguagem, mas realidade. O agora primeiro escritor indígena imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), Ailton Krenak, é itabirano, revela o colunista Matheus Leão, da revista Veja, embora ele viva o paradoxo de ainda não ter respirado o ar poluido da cidade natal de seu “conterrâneo” Drummond.

Só agora o imortal vai finalmente conhecer a sua “terra natal”, ao participar da terceria edição do  Festival Literário Internacional de Itabira (3º Flitabira), que acontece entre 31 de outubro (aniversário de Drummond) e 5 de novembro, com ampla programação literária, além do 1º Festival Literário de Viola Caipira, uma novidade que certamente será também grande sucesso.

Aos que duvidam de que Ailton Krenak tenha Itabira como sendo a sua cidade natal, o filósofo escritor/poeta, ambientalista, ativista dos povos originários apresenta a sua certidão nascimento.

Nesse documentto está com todas as letras o nome de Itabira como a cidade onde teria nascido, embora ele nasceu em Itabirinha  de Mantena, na divisa de Minas Gerais com o Espirito Santo, em 1953.

É que somente quatorze anos após ter nascido, o seu pai foi ao cartório registrar o filho. E por erro do tabelião, na certidão nascimento foi registrado como sendo a terra natal de Carlos Drummond de Andrade a cidade de nascimento de Ailton Krenak.

Bom para Itabira, que passa a ter mais um filho ilustre, imortal da ABL, assim como é Drummond no reino da poesia. Ailton Krenak assumiu a cadeira número 5 da ABL, que estava vaga desde a morte do historiador José Murilo de Carvalho (1939-2023).

No Flitabira, Krenak vai participar da mesa de abertura, em 1 de novembro, às 19h30, debatendo o poema O Homem; As Viagens, de Drummond, com mediação de Sérgio Abranches, que é também um dos curadores do festival literário, juntamente com o jornalista Afonso Borges.

Cidadania honorária

Para reforçar a ligação já histórica, digamos de nascimento, ainda que por oportuno engano do tabelião, dessa grande figura humana que é Ailton Krenak com Itabira, é de todo oportuno e perfeitamente justificável a Câmara Municipal conceder o título de cidadão honorário a essa figura ilustre, com atuação em prol dos direitos dos povos originários reconhecida internacionalmente.

Alô vereadores Heraldo Noronha, Júlio Rodrigues, Júber Madeira, Weverton “Vetão, Neidson Freitas, Rose Félix e todos os edis itabiranos: que tal uma indicação coletiva, para entrega solene do título de cidadão honorário no Flitabira de 2024? Assim, com certeza, Ailton Krenak voltará mais uma vez à sua “terra natal”.

Portinari e Drummond em diálogo

Por obra de pesquisadores de engenharia eletrônica da Unifei, liderados pelo professor Juliano Monte-Mor, Drummond e Portinari vão bater o maior papo no 3º Flitabira, consoante com o tema Arte, Literatura e Correspondências.

Professor Juliano Monte-Mor, da Unifei (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal)

A proeza eletrônica foi obtida com os pesquisadores sintetizando as vozes dos dois como se estivessem lendo as próprias correspondências que trocaram entre si.

Para obter a voz de Drummond não foi difícil. Além de algumas (poucas) entrevistas, há ainda disco por ele gravado com os seus poemas.

Já a voz do pintor, até recentemente sem registro, só foi obtida quando o Projeto Portinari, presidido por João Candido Portinari, seu filho, descobriu uma entrevista dele, em 1946, para uma rádio francesa. “Portinari fala por somente 59 segundos. É o único registro”, informa o colunista Matheus Leão.

O resultado com a proesa desse admirável mundo eletrônico será conhecido no 3º Flitabira, com extensa e diversificada programação.

Quem perder é mulher do padre, não do padre Fábio de Melo que não será dessa vez que virá a Itabira, mas de quem não aprecia a literatura e a arte, achando que tudo é balbúrdia, festa pagã sem reconhecer o papel da cultura que anda efervescente na cidade, que respira poeira, mas também poesia.

Mais sobre o Flitabira

A abertura do 3º Flitabira contará também com Pedro Drummond, neto do poeta, e João Candido lendo algumas das cartas, presencialmente.

“Cada edição de um festival literário tem uma história diferente, um modo de fazer, tem um lugar-comum: uma narrativa. Começa sempre um pouco antes do festival do ano anterior terminar – com o nublar do domingo, sempre o último dia, mas quando, oficialmente, o próximo festival inicia. A gestão anual praticamente nos obriga a agir assim”, explica Afonso Borges, curador do festival e idealizador do Sempre um Papo.

Serviço

III Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira
De 31 de outubro a 5 de novembro
Local: Circuito Cultural do Centro Histórico – Itabira-MG
Informações: www.flitabira.com.br

 

 

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1 Comentário

  1. Me meto por aqui: o flitabira nos tirou a Semana de Literatura. Isso não se desculpa, portanto o flitabira não é “nossa”;
    Pra que o Krenak foi se meter naquele antro do Rechillie, ele é muito mais…

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