Vereadores de Itabira aprovam projeto de lei que designa Centro de Esportes e Lazer Marielle Franco na comunidade do Alto Barbacena, no bairro Pedreira
Foto: Raíssa Meireles/ Ascom/CMI
Foi aprovado pela Câmara Municipal de Itabira, nessa terça-feira (19, projeto de lei número 101/2023, de autoria do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), que denomina o recém-construído Centro de Esporte e Lazer com o nome da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, no Rio, juntamente com o seu motorista Anderson Gomes.
O projeto com a homenagem foi aprovado por unanimidade, com algumas poucas e tímidas manifestações de descontentamento de vereadores da oposição, por não homenagear alguém do lugar. Mas tiveram que resignar, uma vez que o prefeito atende solicitação dos moradores da comunidade Alto Barbacena.
O centro esportivo foi construído com recursos de emenda parlamentar, indicada pela deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL). Atende a uma necessidade e reivindicação dos moradores por mais esporte e lazer – e que acompanharam a construção e aplicação dos recursos.
O centro esportivo vai ser inaugurado no domingo (24), em uma grande festa popular lembrando o significado da luta de Marielle Franco por melhores condições de vida e moradia para os moradores da favela da Maré, onde nasceu e viveu a sua curta vida finda crivada de balas, um crime que está longe de ser esclarecido, sem se ter ainda os nomes dos mandantes.
Quem foi Marielle Franco
Mulher preta e feminista, Marielle pautou a sua atividade parlamentar, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na firme defesa dos direitos humanos, além de combater e denunciar a corrupção das milícias, que a assassinaram brutalmente.
Foi crítica também da intervenção federal no Rio de Janeiro e da atuação da Polícia Militar. Denunciou vários casos de abuso de autoridade por parte de policiais contra moradores de comunidades carentes. Foi essa história de vida e de luta política que levou os moradores da comunidade do Alto Barbacena, em Itabira, aprovarem o seu nome para o centro esportivo.
Passados mais de cinco anos desse assassinato político, as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) ainda não apontaram quem são os mandantes. Em 14 de março de 2019, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz foram presos acusados de serem os executores do crime. Eles irão a júri popular.
Mesmo com as investigações ainda não conclusivas, políticos do Rio figuram entre os suspeitos da autoria intelectual: o vereador Marcelo Siciliano (PHS), o ex-vereador Cristiano Girão e o ex-deputado Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Todos negam envolvimento.
Com o avanço das investigações, é bem possível que se cheguem a outros nomes de grande influência no Rio de Janeiro como mandantes, pelos interesses políticos e econômicos contrariados pela firme atuação de Marielle Franco, razão de seu brutal assassinato juntamente com o motorista Anderson Gomes.