Vaidade no ego e rebeldia sem jeito

Exército mercenário tem à frente o empresário russo Yevgeny Prigozhin

Foto: Reprodução/AFP

Veladimir Romano*

As solicitações materiais são muitas, a corrupção anda selvagem e lugar para refletir já não tem. Parece que na existência humana em certos lugares, só os outros morrem enquanto auspiciosos privilegiados conquistam seus castelos com vidas entre recheios afortunados pelo que a ciência positiva já nem tem mais lugar.

O histórico cultural das milícias como método estratégico e herança das grandes civilizações no contexto contemporâneo não é diferente sendo este caso da rebeldia do líder dos “Wagner” dando na Rússia a sua implosão, como poderia ter acontecido com os “Cobra” da Inglaterra, “Blackwater” dos Estados Unidos, “AIS” franceses, movimento “Azov” ucraniano, ou até podendo recuar no histórico, descobrimos depois da fundação do programa nazi de 1920, nascendo os “Schutzstaffel” [espécie de tropa-segurança com licença para matar]; nada de novidade existe no lado mais ruim do ser humano.

O ser humano se instrui na violência, numa brutalidade entendida pelo ego como acatamento do poder, perigosamente ineficiente mas de maneira avulsa, alimentando efeitos da ostentação, tratando de momento delicado, impreciso, porém, perturbador; bem que podia tudo haver acabado num quase inexplicável banho sanguinário, caso algum bom senso  não tivesse resistido a uma desaconselhada imprudência, provocação arriscada feita por Yevgeny Prigozhin incapaz de procurar debater sentidas diferenças pela via do prólogo direto, discreto, diplomático, profissional; preferiu canais públicos fabricando escândalo.

Naturalmente que teria de fazer subir temperaturas através da instabilidade social, militar, castigando o pleno heroísmo, nobreza, coragem ou virtudes [se elas mesmo ainda existem]… assim condicionando a sua própria existência e a dos seus camaradas, nasceu uma inútil tirada só servindo para criar mais intriga, equívocos, concluindo a mesma marginalização do grupo agora desfeito forçado a integrar forças do exército russo, tendo como opções irem para casa ou saírem do país; castigos até bem leves.

Seguindo agora o histórico fundador dos “Wagner”, com futuro incerto, o velho tópico onde se exerceu o percurso vaidoso como autêntico requisitório desenvolvido no egocentrismo com representação fixa na geocêntrica identidade psicológica do ser inteligente, previamente, deveria este no aconselhamento dizer que nenhum homem tem o tamanho do planeta, seja ele qual for… o mundo se governa, mas ao mesmo tempo ignoramos como nos devemos governar. Em rebeldia?! Só mesmo forças da Natureza.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.

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