Da idolatria à teoria em conotação abusiva – hoje é Dia da Língua portuguesa

Luís de Camões, poeta do Classicismo português

Imagem: Reprodução

Veladimir Romano*

A cada ano elites políticas e académicas esperam o “Dia Mundial da Língua”, no nosso particular, a Portuguesa, quando oportunidades não faltam exibindo tamanhas personalidades suas teorias e considerações, enquanto outros, promovem uma certa idolatria repleta de silenciosas divergências repetindo e definindo redundâncias como se fossem proprietários da Língua de todos aqueles que a levam como seu primeiro modo quer de expressão, trabalho ou na primeira ordem do pensamento.

Com a cultura humanista nos dias que vão correndo em manifesta degradação, o Português falado, escrito e apresentado nos órgãos da especialidade lutando pela informação, incluindo a confusão e agravo provocado pelo Acordo Ortográfico de 1990 por alguns usado sem preconceito e contestado por outros até com exaltação primitiva como se a Língua tivesse dono.

É assim que incapazes ficamos de entender através dessa cisão ou retórica uma linguagem oscilando entre valores, tabus ou até fanatismos pouco declarados como na vida o tempero de cada personalidade deva ser controlado através da observação que nem precisa ser mais atenta.

Evidente fica a manifesta desorganização e plena mistificação, oscilando, desvalorizando, acentuando determinada polissemia aplicada ao sintoma linguístico.

A Língua sendo de todos nós, mas atentos aos absurdos dentro das funções metalinguísticas, também opacas mensagens submissas já codificado numa tamanha idolatria de sentidos semânticos das influências externas que nem bem interpretadas acabam numa acumulação das asneiras entrando na Língua e teimosamente ocupando o ego de certos especialistas.

E daqui se vai para uma imposição dogmática quando redações desde o audiovisual à escrita manipulam, extravasam, chegando também atrofia dos sentidos semânticos.

Deitando mais um olhar sobre este contexto teórico, averiguando ao detalhe o enfraquecimento, índice e por que não, algum irracionalismo; tendo o arbítrio desta situação quando abusivamente escutamos desde responsáveis, usarem palavras repetidamente como obsessiva postura intelectual, outra maior irracionalidade.

Da influência externa quando se deveria dizer “comunidade”, se repete “diáspora”, se muda ou traduz aquilo que nunca deve ser retirado pela regra de ser original: vejamos em York quando aparece Iorque, como se houvesse alguma tradução possível e depois como fica mal “Flórida”, em vez de simplesmente “Florida”. O nome, por muito que os fervorosos apreciadores da língua do Tio Sam, é nome de origem latina, neste caso, dado pelos castelhanos.

Sem discussão, a linguagem é um processo criativo, mas nunca para ser vassalo de mentalidades doentias.

Esquecemos o famoso “Código Tridimensional” nos seus limites e aplicações legítimas, vamos ao Paradigma quando na Simbólica e eterna Sintagmática… ao invés, aplicado sem verdadeiros critérios ou antes, coloridos jogos reluzentes entram incertezas marcando o real e aparece uma submissão de conotações abusivas… então o bom-senso não aceita.

O Dia da Língua Portuguesa é comemorado no dia 10 de Junho em homenagem ao nosso grande poeta Camões, poeta maior da língua portuguesa.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.  

 

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1 Comentário

  1. A nossa língua devia ser a ancestral, Tupi Guarani, mas os colonizadores roubaram nossa fala, nosso espírito, nosso ouro, nossas florestas. Agora falamos brasileiro, língua amalgamaada de três étnicas . E agora de novo aqui no Brasil fala-se um arremedo de ingrês . .. um horror.
    Viva Camões, o Grande e viva Valadimir Romano, o Grande

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