MEC aprova curso de Medicina para o UNIFuncesi
Foto: Carlos Cruz
O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB), e a direção do Centro Universitário da Fundação Comunitária do Ensino Superior de Itabira (UNIFuncesi), estão exultantes – e não é para menos. É que o Diário Oficial da União (DOU) divulgou nesta terça-feira (23), portaria do Ministério da Educação (MEC) autorizando a abertura de uma faculdade de Medicina, a ser instalada no campus do Areão, depois de vencida várias etapas burocráticas.
Em coletiva de imprensa, o presidente da Funcesi, Maurício Mendes, anunciou que o vestibular será realizado ainda neste semestre, para a formação da primeira turma. A expectativa é que as aulas com o novo curso tenham início em agosto. Serão abertas mais de 60 vagas, conforme foi autorizado pelo MEC.
Investimentos necessários para recepcionar o curso de Medicina já foram, em parte, realizados pela instituição, com patrocínios da mineradora Vale e da Prefeitura de Itabira. Outros, porém ainda terão de ser feitos por meio de parcerias público-privada, a exemplo do que ocorreu com a própria criação da faculdade.
Para a abertura do curso de Medicina, em 2015, a instituição recebeu os primeiros R$ 400 mil da Prefeitura de Itabira para dar início aos trâmites legais para formatar o curso, assim como para a obtenção da autorização ministerial para a sua instalação, que sai agora.
Efeméride
“Hoje é um dia especial para Itabira e região com a autorização para a abertura do nosso tão sonhado curso de Medicina”, anunciou Maurício Mendes em postagem na rede social.
“Agradecemos os nossos parceiros, Diocese, Prefeitura, Câmara e a Vale, que com certeza será (novamente) nossa grande parceira na implantação desse novo curso em Itabira”, enfatizou. “O prefeito já colocou o hospital Carlos Chagas e os PSFs à disposição para receber nossos futuros estudantes de Medicina.”
Em manifestação também pela rede social, o prefeito Marco Antônio Lage está também radiante com a aprovação do novo curso.
“Venho trazer uma grande notícia para todos nós, itabiranos. O governo federal acaba de aprovar a nossa faculdade de Medicina para Itabira na Funcesi. É um sonho antigo que agora estamos realizando”, anunciou.
Segundo o chefe do executivo itabirano, a nova faculdade propiciará inúmeros benefícios para o município.
“Os itabiranos poderão cursar Medicina em nossa cidade”, relacionou, esquecendo-se de dizer que um curso privado de medicina custa caro – e é para poucos, a menos que, com a parceria público-privada, seja assegurado um percentual mínimo de bolsas para alunos de escolas públicas, além daquelas já garantidas pelos programas do governo federal (Pro UNI e Fies).
Ainda de acordo com o prefeito, a cidade e a região também lucram com a formação de novos médicos na cidade. “Vamos ter dezenas de estudantes residentes de Medicina, junto com os professores, atuando na área da saúde em nossa cidade, na rede primária e nos hospitais, melhorando o atendimento à nossa população”, assegurou.
Além da melhoria do atendimento à saúde da população, Marco Antônio vê na faculdade um fator a mais para a diversificação da economia local, hoje altamente dependente da mineração que está chegando ao fim.
“Vamos nos tornar cidade macrorregional em atendimento à saúde”, afirmou. “Itabira está se transformando em polo universitário importante em nossa região”, ufanou-se. “É uma vertente que estamos trabalhando em alternativa ao minério.”
Espera-se que o curso de Medicina venha para ficar, não se tornando efêmero como foram outros cursos abertos pela Funcesi no passado recente, a exemplo de Ciências Biológicas, Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, que tiveram vida curta por motivos diversos.
Novos cursos
Espera-se também que o campus local da Unifei possa, enfim, abrigar outro curso de Medicina, público e gratuito, cujo pedido de abertura já foi encaminhado ao MEC. Isso para que se torne, de fato, uma universidade na verdadeira acepção da palavra e não apenas um conjunto de faculdades de engenharia.
E que o UNIFuncesi venha a cumprir a sua função social e comunitária, para a qual foi criada em 5 de outubro de 1993, fazendo-se jus ao seu nome. Para isso, é importante abrir também cursos de licenciatura para a formação de professores, o que há anos já não se tem mais em Itabira, que já teve, inclusive uma faculdade de Letras. Hoje não tem mais, o que é lamentável na cidade do poeta-maior.
Apoios
Segundo o presidente do UNIFuncesi, para a aprovação dessa primeira etapa foi relevante o apoio do prefeito, que colocou à disposição para a “residência médica” todo o serviço municipal de saúde.
Isso inclui o hospital municipal Carlos Chagas e as unidades de saúde (PSFs e Policlínica Municipal). “O hospital Nossa Senhora das Dores também deve receber nossos futuros acadêmicos”, adiantou Maurício Mendes em entrevista a este portal de notícias em 18 de maio do ano passado.
Outro peso importante para a aprovação do curso, segundo Maurício Mendes, é o apoio da mineradora Vale. “Um possível patrocínio da Vale está sendo negociado pelo prefeito Marco Antônio Lage dentro de um pacote que deve ser anunciado em breve.”
É bem possível que esse apoio da mineradora à faculdade de Medicina ocorra à semelhança do que foi dado à Unifei, que teve os seus laboratórios patrocinados pela mineradora.
Procurada pela reportagem no ano passado, por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale respondeu positivamente, mas sem entrar em detalhes de como será esse patrocínio.
“A Vale tem se dedicado às ações que busquem o desenvolvimento de oportunidades para o município de Itabira dentro do conceito de visão sistêmica e integrada. Nesse sentido, está em avaliação o apoio à implantação do curso de Medicina do UNIFuncesi”, confirmou. “A empresa reforça que um de seus compromissos é contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das localidades onde está presente.”
Assessoria
Para a apresentação e formatação do curso de Medicina, o UNIFuncesi contou com a assessoria da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), instituição filantrópica, que mantém a Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG).
“Com a Feluma temos um contrato de assessoria e prestação de serviços para a implantação e gerenciamento do curso. Se for de nosso interesse, e da instituição, podemos estender essa parceria para nos ajudar na administração do nosso curso de Medicina”, adiantou Maurício Guimarães, na mesma entrevista do ano passado.
Além disso, os laboratórios já existentes dos cursos de Biomedicina, Enfermagem e Fisioterapia, hoje fechados, foram considerados suficientes pelo MEC para os dois primeiros anos do curso de Medicina.
Os cursos supracitados tiveram “vida curta” devido aos preços altos cobrados pela pseudo instituição social e comunitária.
Torcendo para que este curso seja acessível para os itabiranos.