Frigorífico de Itabira é reaberto na sexta-feira e abates devem ocorrer sem especifismo

Foto: Ascon PMI/
Divulgação

Fechado por irregularidades sanitárias e fiscais, o matadouro de Itabira, explorado pelo Frigorífico Milleniun, volta a funcionar desde sexta-feira (31), após regularização e adequação concluídas no início do mês passado. O fechamento ocorreu após fiscalização do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Para a reabertura e retorno da produção de proteínas de origem animal (bovino, bubalino e suíno), a empresa concessionária (o matadouro foi construído pelo município, inaugurado no início da década de 1980) teve de fazer inúmeras mudanças na forma de abate – e também no recebimento dos animais, com as respectivas notas fiscais, assegurando as suas origens.

Para a reabertura, o frigorífico passa a contar com o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), por meio de convênio entre o Consórcio Intermunicipal Multissetorial do Médio Piracicaba (Consmepi) e a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAA).

Para o médico-veterinário do Consmepi, Alexandre Lopes, a reabertura do frigorífico observa as normas sanitárias, com o abate de forma correta e registrada.

Segundo ele, está também assegurada “a qualidade física, química e microbiológica dos produtos que saem daqui, que são carcaças, carnes bovinas e suínas e seus miúdos”, afirma.

“A população pode ter a certeza que vai consumir o melhor produto possível”, diz o veterinário Hilton Rodrigues, um dos proprietários do frigorífico, de acordo com nota distribuída pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Itabira.

“E contará também com inspeção rigorosa”, reforça o proprietário do frigorífico, que recebe animais para abates de fazendeiros de Itabira e da região.

“A reabertura ocorre com toda responsabilidade na segurança alimentar”, assegura o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Rupert Barros.

Sencientes

Assim como o ser humano, todo animal sente dor, angústia, raiva, sendo dotado de direitos que precisam ser observados também na hora do abate (Foto: Reprodução)

Além da fiscalização da qualidade da proteína animal comercializada em Itabira e na região, é preciso observar também a forma de abate desses animais, para que não cause sofrimento generalizado com crueldades.

É importante lembrar que os animais possuem direitos intrínsecos, que precisam ser observados antes de chegar ao matadouro, assim que chegam ao frigorífico e na hora do abate.

“Os animais são seres sencientes (que são capazes de sentir dor, angústia, raiva e que gozam de personalidade jurídica sui generis, o que os tornam sujeitos de direitos que devem ser respeitados), situação que não é privilégio do ser humano, mas de todos os seres vivos”, defende o filósofo Peter Singer, em seu livro Libertação Animal, de 1975.

Assim, segundo ele, todos seres sencientes devem receber tratamento adequado que evite as circunstâncias dolorosas, mesmo na hora do abate.

Singer batizou de “especismo” o preconceito e os maus-tratos contra as espécies não humanas. Nisso incluem o fim do enjaulamento, dos rodeios, das touradas e das corridas de cavalo, o fim dos aquários, dos zoológicos e a presença de animais nos circos, entre outras medidas de proteção e garantia dos direitos dos animais, inclusive na hora e na forma do abate.

Portanto, a reabertura do matadouro municipal deve ser celebrada, como fazem os secretários municipais que visitaram o estabelecimento nesta segunda-feira (3). Eles exaltarem a sua importância para a economia local, pela geração de empregos, e “pela garantia de consumo de proteínas animais inspecionadas e de qualidade assegurada, sem risco à saúde”.

Mas é preciso que a inspeção municipal, por meio do Consmepi, observe também as condições de criação desses animais nas fazendas, na chegada ao frigorifico e também na forma de abate. Isso para que cause o mínimo de sofrimento, o que interfere também na qualidade da carne consumida pela população de Itabira e da região.

 

 

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