Com portões abertos também aos domingos, Parque da Água Santa é um convite à contemplação poética e bucólica bem ao lado da rodoviária
Fotos: Carlos Cruz
Depois da pandemia, que ainda não acabou, mas está sob controle e já não é ameaça grave para quem cumpriu o esquema vacinal, a Prefeitura de Itabira reabre o Parque Natural Municipal da Água Santa para visitas.
É nesse parque que se encontra a fonte termal de água quente, onde os meninos antigos tomavam banho e os garimpeiros de outrora lavavam e curavam as suas feridas.
Daí o nome que nada tem a ver com a imagem da santa que foi indevidamente colocada no local, sem autorização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Itabira. E que por isso deve ser urgentemente retirada desse espaço laico, poético e histórico.
A partir de agora a prefeitura informa que o parque está aberto à visitação, inclusive aos domingos. Só não vai abrir às segundas-feiras, quando são realizadas atividades de manutenção. Nos outros dias, inclusive em feriados, pode ser visitado no horário de 8h às 17h.
O córrego da Água Santa, que passa pelo parque, está sendo saneado, com a retirada dos esgotos clandestinos. Esse serviço ainda não foi concluído, conforme reconhece o próprio Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) em comunicado à imprensa, mas terá continuidade até que seja retirado todo lançamento indevido de efluentes em seu leito.
Para isso o serviço de caça esgoto clandestino vai continuar, por meio de equipamento específico adquirido pelo Saae para esse fim e treinamento de agentes para o trabalho em espaço confinado, como são as galerias de água pluvial (das chuvas), que escorrem para o córrego, por onde esse efluentes são indevidamente lançados.
Leia aqui:
Caminhos Drummondianos
Mas a fedentina que exalava no local já não é tão forte, daí que a visita é recomendada, como já fez no passado o poeta Carlos Drummond de Andrade: “A tarde não cai na Água Santa. Ela pousa na sombra da gameleira, fica vendo meninos se banharem.”
O local integra o museu de território Caminhos Drummondianos, onde está a placa “Banho”, de CDA: “Banheiro de meninos, a Água Santa lava nossos pecados infantis ou lembra que pecado não existe?”
O parque foi inaugurado em 15 de dezembro de 2000 pela Prefeitura. Foi instalado com recursos da mineradora Vale, como parte das condicionantes da Licença de Operação Corretiva de Itabira (LOC).
Entretanto, passado todo esse tempo, ainda não encontrou a sua vocação contemplativa e como ponto turístico, até mesmo pelas condições insalubres em que se encontrava o córrego da Água Santa.
Que seja transformado em um local prazeroso de visitas, como um dia preconizou José Baptista Martins da Costa, o Batistinha, na crônica Ilustre Redação, publicada no Jornal de Itabira, em 8 de maio de 1932, sob o pseudônimo de JARTO.
“No final da rua Água Santa e o poço ficaria o parque, com vistoso gramado, belas árvores, lagos, flores, coreto para a Banda Euterpe.”
Tudo lindo mesmo, entretanto a imagem não sagrada está lá a ofender o governo laico.
Aos caminhos drummondianos falta acrescentar o poema Onda, escrito e publicado em Itabira, é o unico.
ainda tem a gameleira? – grande; gigante desde as raízes externas, como garras enterradas na terra a se segurar no planeta
pudesse eu, desasfaltaria todo o largo d’Água Santa e o transformaria num grande gramado com árvores e jardins de flores e moitas nas margens, para lazer e manifestações e festas, e o apelidara Baptistinha;
e transmudaria a rodoviária, o terminal, deixaria o prédio pra fins culturais e feiras de motivações várias.
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aproveitando o espaço e sendo mais radical, na outra ponta da avenida tombaria ao chão o supermercado, o posto, o corpo de bombeiros, que ressurgiriam em locais próximos, e faria da praça redonda, apelidada Acrísio… , um lugar aberto. livre pra qualquer liberdade, desde a visual a …