Metabase de Itabira volta a se filiar à CUT e já pode contar com assessoria do Dieese nas negociações com as mineradoras
Fotos: Divulgação
Depois de deixar a Central Geral dos Trabalhadores (CGT), à qual se filiou na fatídica década de 1960, antes, portanto, de o golpe civil-militar derrubar o então presidente João Goulart ( 1961 a 1964), para se filiar à Central Única dos Trabalhadores (CUT), em meados da década de 1980, com a redemocratização do país, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Extrativa Mineral de Itabira (Metabase), retorna à entidade sindical que o assessorou nas grandes negociações salariais e coletivas – e que culminaram na histórica greve de 1989.
Entretanto, após longos anos de filiação à CUT – a maior central sindical brasileira da atualidade e – , recentemente o Metabase se filiou à Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), uma organização tida como sendo mais à esquerda, mas sem a infraestrutura e o peso político da central que nasceu com o movimento sindical do ABC paulista, no fim da década de 1970.
Foi nesse contexto de luta que surgiu a maior entidade representativa dos trabalhadores na América Latina. Surge sob a liderança de sindicalistas paulistas e mineiros, com destaques para o então presidente do sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade, João Paulo Pires de Vasconcelos, juntamente com o então sindicalista Luiz Inácio “Lula” da Silva (PT), que, em 1º de janeiro, assume pela terceira vez a presidência da República Federativa do Brasil.
Dieese
A refiliação do Metabase-Itabira à CUT foi aprovada, por unanimidade, pelos associados em assembleia na quinta-feira (22), na sede da entidade, no bairro Pará. Com o isso, volta a contar com a assessoria técnica, econômica, social e política do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com cerca de 700 entidades sindicais filiadas.
O Dieese conta ainda com 17 escritórios regionais, inclusive em Belo Horizonte – e cerca de 50 subseções, instaladas em sindicatos. Desenvolve pesquisas socioeconômicas e subsidia as entidades que representam a classe trabalhadora, fortalecendo as suas lutas com base na análise da realidade e das condições trabalhistas, assim como das correlações de forças na produção econômica/minero/industrial.
É com essa assessoria, técnica-trabalhista, política, social, que o presidente do Metabase de Itabira, André Viana, espera contar nas próximas negociações com as mineradoras da região (Vale, Anglo, Bemisa, Belmont). O Metabase é o maior sindicato representativo da categoria dos mineiros na região, com extensão territorial até Conceição do Mato Dentro.
“A nossa refiliação à CUT é pelo nosso desejo de ter uma assessoria técnica e política capacitada para levar à frente a nossa luta permanente por melhores condições de trabalho e de vida para a classe trabalhadora que representamos em Itabira e na região”, justificou André Viana. “É um desafio para que seja dado um caráter permanente à presença organizada de trabalhadores e trabalhadoras na luta por um mesmo ideal”, salientou.
Pauta mais ampla
Presente na assembleia da categoria, o presidente do Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo (Sindifer-ES), Wagner Xavier, entidade também filiada à CUT, lembrou que a luta dos trabalhadores não se restringe às questões relacionadas ao mundo do trabalho, mas se estende por tudo o que diz respeito à vida dos trabalhadores brasileiros.
Segundo ele, os sindicatos muitas vezes se prendem às questões trabalhistas, quando devem estender a atuação também para as demais políticas que afetam a vida dos trabalhadores, seja no trabalho como também em sociedade.
Para isso, ele entende que as entidades representativas das respectivas categorias não devem ficar restritas aos acordos coletivos. “É nosso papel participar das discussões em torno da Previdência Social, das medidas provisórias de interesse dos trabalhadores. Com o apoio da CUT, aumentam as nossas chances de êxitos”, ele acredita.
Nessa mesma linha, o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho, vê na central sindical um instrumento de unificação da luta dos trabalhadores brasileiros, principalmente agora que um novo bloco histórico assume a governança do país.
“A CUT representa a unidade de várias categorias, seja do serviço público, ou privado. Tudo isso nos faz pensar em como construir o que é melhor para os trabalhadores brasileiros”, acentuou. “O Metabase (de Itabira), com toda a sua história, vem para contribuir e fortalecer a nossa central”, acrescentou.
Mobilização
Com a refiliação à CUT, André Viana espera desenvolver uma ação sindical que seja também mobilizadora da juventude trabalhadora. “Vamos acordar dessa letargia que nos leva à perda de direitos”, convocou.,
“E com a participação de todos, vamos conquistar o que é nosso por direito, com unidade, organização e muita luta”, disse ele, acentuando que as pautas de reivindicações da categoria dos mineiros, daqui para frente, serão cada vez mais amplas.
“A nossa luta é sindical, mas é também política e social, tributária, nacional e municipal”, acrescentou, ao celebrar o que chamou de momento especial e histórico para o sindicato Metabase, que foi criado ainda nos primórdios da luta trabalhista em Itabira, pouco tempo depois da fundação da então estatal Companhia Vale do Rio Doce, em 1942.
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