Desmatamento da Amazônia Legal é o maior dos últimos 15 anos

Rafael Jasovich

De agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados quase 11 mil quilômetros quadrados de floresta da Amazônia Legal, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo, com incentivo e impunidade do governo de Bolsonaro.

Essa foi ainda a segunda vez, segundo os novos dados do Imazon, que o desmatamento na Amazônia Legal passou dos 10 mil quilômetros quadrados

A área de floresta desmatada da Amazônia Legal em 2022 foi a maior dos últimos 15 anos, de acordo com novos dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados nesta quarta-feira (17).

De agosto de 2021 até julho deste ano – quando começa e termina, respectivamente, o calendário de monitoramento do SAD – foram derrubados 10.781 quilômetros quadrados de floresta.

O cenário alarmante já era previsto nos primeiros cinco meses deste ano, quando o instituto divulgou que o bioma havia perdido no período o equivalente a 2 mil campos de futebol por dia de mata nativa. Ou, 3.360 quilômetros quadrados de floresta.

O desmatamento nos primeiros meses do ano foi maior do que o registrado em 2021, que já havia representado um salto em relação a 2020.

Naquele ano, também segundo o levantamento do instituto, o indicador foi de 1.740. Ou seja, em dois anos, com a aceleração promovida sob o beneplácito do lo governo federal, o salto da devastação foi de quase 100%.

Política de destruição

O Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o desmatamento acumulado na Amazônia sob o governo Bolsonaro, de janeiro de 2019 a julho de 2022, atingiu 31 mil quilômetros quadrados. Uma área que equivale ao território da Bélgica.

O tamanho da devastação pode ser ainda muito maior dada a diferença de metodologia do Deter do Inpe para a do SAD do Imazon. Segundo o instituto os satélites usados por ele são mais refinados e capazes de detectar áreas desmatadas a partir de um hectare. Enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que três hectares.

Amazonas, Acre e Rondônia lideram

Dos nove estados que compõem a chamada Amazônia Legal, o território que mais vem sendo atacado pela devastação fica na divisa com Amazonas, Acre e Rondônia, região conhecida como Amacro.

Ao menos 36% de todo o desmatamento ocorreu nesse local, segundo o instituto.

Grandes áreas desmatadas têm ocupado florestas públicas não destinadas e áreas protegidas por pastagem. Houve uma alta de 29% no desmatamento dessa região em relação ao ano passado. Superior inclusive ao crescimento de 3% da devastação em toda a região amazônica.

O aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia. Além de contribuir para a maior emissão de carbono em um período de crise climática.

Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensas. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades.

 

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *