Início da campanha foi desastrosa para Bolsonaro com isolamento institucional e tentativa de tomar celular de desafeto

O presidente ficou deslocado na cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Rafael Jasovich

Na primeira semana da campanha oficial, o presidente Jair Bolsonaro (PL) passou em isolamento institucional à frente do país, depois de se comportar como assaltante de celular. Some-se a isso os resultados das últimas pesquisas eleitorais que não trouxeram as boas notícias que ele esperava.

Por outro lado, o ex-presidente Lula tem usado o seu recall, ou seja, as lembranças dos “tempos do Lula”, para se manter assim tão firme no coração dos mais pobres e à frente nas pesquisas eleitorais.

A pobreza aumentou no país e exigirá um programa social mais robusto, com engenharia social sofisticada e eficiente. Não bastará restaurar o nome Bolsa Família.

Por seu lado, Bolsonaro foi vítima de si mesmo diante dos episódios da semana passada. A estratégia bolsonarista de crescer nas redes sempre foi por meio da cultura da lacração.

Ele tem prazer em atacar jornalistas com atitude agressiva, muitas vezes aos gritos, esperando alguma hesitação para depois taxá-los de ignorantes.

Isso resulta em vídeos, editados maldosamente, que fazem a festa dos seus seguidores e ganham milhões de cliques. Foi assim em 2018, e depois já na presidência.

O “cercadinho” por onde ele conversa com os seus áulicos é o ambiente dessa comunicação marginal do presidente da República. Foi lá que saiu da boca de um youtuber de direita o pior meme da campanha, o “tchutchuca do centrão”.

Outro constrangimento de Bolsonaro foi a cena que já entrou para a história como a do maior flagrante do isolamento de um presidente. Hirto, contrariado, ele foi visto cercado pela institucionalidade brasileira, resistindo ainda ao sistema eleitoral.

Tinha, pingados na plateia, alguns apoiadores para o seu protesto de não acompanhar as palmas, na posse e discurso do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Só foi seguido pelo general Paulo Sérgio Nogueira, o ministro Nunes Marques, o filho pregado na cadeira, e alguns ministros aduladores.

Bolsonaro escolheu para a campanha à reeleição jogar todas as energias em falsos problemas. Combateu a máscara, a vacina, as medidas de emergência sanitária com a Covid-19, os governadores, a ciência, a cultura, os servidores que cumpriram as suas funções, a floresta, os indígenas e as urnas.

Ofendeu mulheres, negros e a comunidade LGBTQI+. Defendeu as armas, as corporações militares, o garimpo ilegal e a cloroquina como panaceia contra o vírus que assustou todo o mundo e que Bolsonaro desdenhou.

Tentou abolir cadeirinha de criança nos carros e eliminar pontos nas carteiras dos contraventores do trânsito. Atacou a urna eletrônica como parte do projeto antidemocrático. No auditório do TSE, o Brasil deu um ultimato ao presidente

Já o ex-presidente Lula, que estava na sua frente naquele salão da Justiça, tem a comemorar as vantagens que se mantêm nas pesquisas eleitorais. Muitos números bons o embalam.

Mantém-se com grande margem nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas, e enorme diferença no Nordeste.

Lula vive hoje muito da memória afetiva dos anos que passou à frente da presidência. Na primeira vez que chegou ao Planalto, encontrou o terreno arado.

Se for eleito, não é o que encontrará dessa vez. Lula está sendo favorecido pelo seu capital político e pelos erros do adversário. Mas ainda ele precisa de um projeto novo do tamanho dos novos desafios.

É o que a grande maioria de seus eleitores espera que ele apresente ainda na campanha eleitoral que está só começando.

Bolsonaro será o primeiro entrevistado da série que a TV Globo fará com os presidenciáveis. A conferir a sua performance na telinha da Vênus Platinada.

 

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