Assassinatos em Itabira chocam moradores que assistem onda crescente de violência na cidade
Para fugir dos criminosos, sobreviventes refugiam na Delegacia de Polícia, no bairro Praia
Foto: Reprodução
Não bastasse o assassinato de Welton Almeida Figueiredo, 41 anos, na madrugada de domingo, 17, a morte a tiros do jovem Marcelo Marques Fonseca, 18, à noite, antes do show de Maria Gadú, na praça do Areão, no encerramento do Festival de Inverno, é outro crime que deixa Itabira ainda mais assustada com a onda de violência na cidade.
Invariavelmente, as vítimas são jovens de periferia, pobres e sem empregos, vítimas dessa guerra interminável, que se arrasta há vários anos, pelo controle da venda de drogas na cidade. Nessa guerra, as vítimas quase sempre são os “aviões” que deixam de pagar uma conta, ou mesmo por vingança de crimes anteriores. Mas muitos são jovens trabalhadores, que nada têm com esse comércio ilícito.
Crimes sem castigo
Muitos crimes ficam sem a identificação de seus autores. E há também tristes e recorrentes casos de feminicídio ou mesmo de assassinatos por motivos fúteis, na triste onda da banalização dos crimes de morte que crescem também pelo desprezo à vida, como se observa em todo o país.
Foi o caso do homicídio, em 16 de julho de 2021, um ano completado agora, de Gabriel de Freitas Ferraz Araújo, assassinado com quatro tiros logo após deixar a filha na casa da mãe, no bairro Jardim das Oliveiras.
“Ele foi alvejado dentro do carro, na frente da residência onde acabara de entrar. Uma clássica execução. Uma moto encostou ao seu lado, um homem desceu e disparou à queima roupa. O autor do crime ainda não foi identificado”, escreveu neste site o seu irmão, jornalista Lucas Ferraz.
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Matar e morrer em Itabira: o descaso
E quando os autores são identificados, as investigações policiais quase sempre ligam ao tráfico e outras atividades ilegais. Foi o que relatou um dos sobreviventes da quase chacina no bairro Praia que, perseguidos pelos autores em uma moto, só sobreviveram depois de ingressarem no pátio da Delegacia de Polícia.
Foi esse atentado que resultou na morte de Welton Figueiredo. Ex-aluno da escola Ipocarmo, no curso de agropecuária, Welton era um trabalhador, muito lembrado quando exercia a função de jardineiro, “gostava de plantas e flores”. Muito conhecido no bairro Praia, onde residia com familiares, era tido como uma pessoa simpática, educada.
A suspeita é que tenha sido vítima de acerto de contas entre pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Mas mitos que o conheceu não acreditam no seu envolvimento com o tráfico, o que está sob investigação policial.
Banalização da morte
Da mesma forma, a morte do jovem Marcelo Fonseca, também sob investigação policial, independentemente do resultado, é mais um assassinato de jovem que tinha toda uma vida pela frente, vítima da violência que assola o país e mata principalmente pretos pardos pobres de periferia.
Vulnerabilidade
São crimes que demonstram o quanto as pessoas estão vulneráveis. Foi o que se observou na praça do Areão, que estava com grande público. Por sorte, balas perdidas não atingiram outras pessoas presentes.
A cena do crime é clara: quatro tiros foram disparados no jovem, que estava em frente à Maria Fumaça, com muitos outros jovens ao seu redor. A vítima chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levado ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu), que foi acionado, chegou em seguida e socorreu várias pessoas. Muitas, apavoradas, passaram mal com tamanho susto e violência em meio à multidão.
Essa triste onda de violência não é exclusividade de Itabira, mas demonstra que a cidade se encontra na onda de homicídios violentos que assola o país. Não serve de consolo e nem de justificativa.
São sintomas de uma sociedade doente, com alto índice de desemprego, falta de expectativas de vida e trabalho, principalmente para os jovens. E que são cooptados por grupos criminosos, gerando essa onda de violência sem fim. Não raro são mortos, para tristeza geral de seus familiares e amigos.
FCCDA autoriza realização de show mesmo depois do crime de assassinato na praça do evento
O show de Maria Gadú deveria ter sido cancelado, até mesmo em respeito ao jovem assassinado. E, também, por medida de segurança.
Afinal, o crime não havia sido esclarecido e na multidão outros tiroteios poderiam ocorrer, com novas vítimas. Poderia se ter ali um serial-killer, como nos Estados Unidos, que os brasileiros gostam de imitar no que eles têm de pior.
Nota oficial
“A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) lamenta a ocorrência policial ocorrida na noite deste domingo (17), na Praça do Areão, durante o encerramento do 48º Festival de Inverno de Itabira.
A FCCDA, sempre atenta à segurança da população e após a manifestação de manutenção do policiamento pela Polícia Militar no intuito de garantir a segurança dos participantes, tomou a decisão de continuar o evento, com apresentação da cantora Maria Gadú.
O evento contava com amplo efetivo da Polícia Militar, seguranças particulares, brigadistas e ambulâncias, seguindo todo protocolo para eventos desse porte.
Vale ressaltar que durante os 22 dias de festival não foram registradas ocorrências policiais nos locais em que ocorreram os eventos.”
Falta de respeito da Fundação em continuar com o evento.
Banalização não é apenas da cultura.
A minha cidade vivi um dos piores momentos de violência nos últimos 9 anos. Digo isso porque em 2013, primeiro ano do governo Damon, a delegacia de polícia registrou 36 homicídios na cidade. Eu me lembro que o Delegado nessa época fez um esclarecimento na Tribuna da Câmara Municipal no começo de 2014, que das 36 mortes em Itabira, 85% delas foram por envolvimento com Drogas. Agora em 2022 estamos fechando o sétimo mês do anos e não posso precisar quantos vidas foram perdidas nesses 7 meses, mas deve estar bem próximo esse número. Fica uma pergunta para as nossas autoridades que comanda o município. Itabira tem mais de 120 mil habitantes, sem considerar que todas as vezes que a Vale executa vários projetos em nossa cidade o números de habitantes aumenta bastante. Agora uma pergunta que entendo ser uma das maiores falhas dos governos passados e o presente: Belo Horizonte, ,Betim, Contagem, Sete Lagoas, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, e até Nova Lima que tem 95 mil habitantes tem uma GUARDA MUNICIPAL, Itabira não tem, por qual motivo, as nossas praças infestada com usuários de drogas, as portas das escolas, os hospitais, as portas de bancos a própria prefeitura não tem a mínima segurança, veja o que aconteceu dentro do pronto socorro não tem segurança, será que não tem alguém contra a criação de uma GUARDA MUNICIPAL EM NOSSA CIDADE, Será que é a Câmara Municipal que não enxerga essa situação ou é o executivo. A vida para as autoridades políticas de Itabira não vale nada, Fica aqui a minha revolta, e tem mais, aponte um projeto de segurança pra cidade. Se vocês políticos não tem, mando pra vocês a hora que entender ser melhor, como cidadão tenho uma visão ampla de segurança. A entrada das drogas na cidade tem um só caminho, e todos sabem por onde passa, não é pelo Ar e nem pelo mar…
Guarda municipal piora a situação, na linda cidade, o Rio, tem gurda municipal, e nao adianta.
Guarda municipal piora a situação, na linda cidade, o Rio, tem gurda municipal, e nao adianta.