“Itabira não é das cidades menos arborizadas do país, mas ainda está longe do ideal”, diz secretário de Meio Ambiente.
Fotos: Carlos Cruz
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Itabira dispõe de apenas 25,2% de suas vias públicas arborizadas. Em decorrência, a cidade ocuparia a 4.980ª posição entre os 5.570 municípios brasileiros no ranking dos mais arborizados.
Ou seja, somente 581 municípios brasileiros contariam com menos árvores no perímetro urbano que Itabira, a cidade que um dia já foi do Mato Dentro. Confira aqui https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/itabira/panorama.
No estado de Minas Gerais, Itabira estaria na 752ª posição nesse mesmo ranking de cidades verdes, entre as 853 cidades mineiras. Com isso, apenas 101 cidades mineiras seriam menos arborizadas que a terra de Drummond. E na microrregião, somente três cidades teriam, proporcionalmente ao número de habitantes, menos árvores que Itabira no perímetro urbano.
Dados defasados
Essas informações, contudo, são contestadas pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Denes Martins da Costa Lott, para quem as informações do IBGE estão defasadas, já que foram levantadas pelo censo de 2010.
“Não estão incluídas nesses dados do IBGE as unidades de conservação urbanas, como a Mata do Intelecto, os parques Belacamp. Água Santa que contam como áreas verdes urbanas”, exemplifica. “Os quintais particulares, como os existentes no centro histórico e em muitos outros bairros, não entram nesse inventário de áreas verdes urbanas.”
Ainda segundo Denes Lott, com as atuais legislações urbanísticas e ambientais, novos loteamentos para serem aprovados em Itabira são obrigados, por força de condicionantes, a arborizar ruas e avenidas.
Isso, segundo ele, aumentou o índice de área verde por habitante em Itabira. De fato, essa exigência consta da legislação, mas não é o que se observa na maioria dos novos bairros.
É que o empreendedor pode até mesmo fazer o plantio de árvores, mas sem manutenção, as mudas acabam sucumbindo pelas queimadas e por animais soltos, que estão por quase toda a cidade.
Após a aprovação do loteamento, a responsabilidade pela manutenção e replantio das espécies suprimidas passa a ser da Prefeitura, mas isso não tem ocorrido. É só percorrer os novos bairros para constatar essa triste realidade.
Percentual ideal
De acordo com recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), no perímetro urbano deve-se ter um mínimo de 12 metros quadrados de área verde por habitante, sendo que o índice ideal é de 36 metros quadrados para cada pessoa. Estocolmo, capital da Suécia, umas das cidades mais arborizadas do mundo, dispõe de 86 metros quadrados por habitante.
O secretário de Meio Ambiente não soube dizer qual é esse percentual na cidade de Itabira, mas assegura que o objetivo com o novo plano de manejo de áreas verdes, que se encontra em elaboração, é atingir um percentual próximo desse índice ideal recomendado pela OMS. Ele promete para breve divulgar qual é a atual relação entre área verde e o número de moradores na cidade.
Para isso, a secretaria de Meio Ambiente está fazendo um levantamento, com base no geoprocessamento e fotos aéreas, como também empiricamente, quando se terá um quadro mais preciso de como está a arborização urbana na cidade. “Infelizmente ainda não temos em Itabira um sistema de informações com esses dados”, lamenta Denes Lott.
Além desse levantamento, uma equipe formada por seis servidores de carreira da Prefeitura está incumbida de elaborar um manual de arborização. A proposta é incrementar o plantio de espécies nativas em áreas urbanas – e também na recomposição de matas ciliares na zona rural.
Manejo adequado
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, a Prefeitura não vai sair plantando árvores a esmo, como foi feito no passado com o projeto Verde Novo, da Vale, que prometeu plantar 1 milhão de árvores nativas na cidade – e que redundou em um enorme fracasso.
Não foram plantados nem 10% desse total. E do que foi plantado, muito pouco restou em alguns bairros. Entretanto, algumas espécies plantadas remanescentes do projeto ainda podem ser observadas nos bairros Campestre, Bela Vista, Nova Vista, Amazonas, Santa Tereza.
Para melhorar o índice de arborização em Itabira, segundo o agrônomo Júlio Pessoa, que integra a equipe técnica da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, novos plantios devem ocorrer em áreas verdes e em ruas e avenidas que tiverem passeios mais largos.
Para isso, os passeios devem ter espaços suficientes para dispor de arborização com espécies apropriadas, sem que impeçam a passagem de pessoas, inclusive de cadeirantes, e em passeios sem degraus, o que infelizmente são muito comuns em vários bairros da cidade. E que o plantio seja feito no lado oposto da fiação elétrica.
“O plano de arborização está 80% pronto e em breve será divulgado”, promete. A ideia é, principalmente, formar hortos florestais em áreas verdes, naquelas que não foram leiloadas pela administração passada. Com isso, espera-se que Itabira atinja o percentual de áreas verdes por habitante preconizada pela OMS.
Cinturão verde
Há um consenso de que cidades mineradas, com minas bem próximas como é o caso de Itabira, devem ser mais arborizadas. “Estamos cobrando da Vale um maior adensamento do cinturão verde”, diz Denes.
Segundo a mineradora, isso já vem sendo realizado, conforme informou o seu representante em recente reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema).
Entretanto, esse replantio ainda está longe de atingir a extensão que a cidade demanda para reduzir a emissão de pó preto de minério sobre a área urbana, conforme é facilmente constatado pela simples observação.
Não se espera o cumprimento a promessa de plantio de 1 milhão de árvores por parte da mineradora, mas que essa “cortina verde” tenha algo próximo disso, de preferência, ou exclusivamente, com espécies nativas. E que possam, de fato e não de ficção, formar um denso cinturão entre as minas e a cidade, como também ao longo da estrada de ferro.
E a revitalização do Belacamp?Quando sai,hein Denis?Continuo esperando…