Alta de preço dos combustíveis só acaba com o fim da paridade internacional

O preço dos combustíveis no Brasil está atrelado à cotação do dólar

Foto: Carlos Cruz

Rafael Jasovich

A população brasileira enfrenta uma alta histórica nos preços dos combustíveis e a única maneira de combatê-la é mudando atual política de preços da Petrobras, orientada por flutuações no mercado internacional de petróleo e no câmbio.

Na quinta-feira (10), a estatal anunciou novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

Agora, o preço médio de venda do litro da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86, alta de 18,8%. O do diesel foi de R$ 3,61 para R$ 4,51, reajuste de 24,9%.

A única forma de acabar com esses preços elevados é acabar com a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), que faz com que o valor da refinaria simule uma importação.

É como se fôssemos comprar gasolina no Golfo do México. Com o fim da PPI é possível manter receitas e vender para o mercado local.

A Petrobras tem um papel social e não pode focar em distribuir bilhões de dividendos aos sócios, empurrando os maiores preços da história para o consumidor.

A Petrobras passou a adotar a PPI a partir de outubro de 2016.

Com o aumento da volatilidade do petróleo no mercado internacional em função da guerra na Ucrânia, aumentou a pressão pela revogação da política, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) resiste em fazer uma mudança nesse sentido.

Ele tenta se desassociar da política de preços, mas não muda essa política de paridade porque quer agradar o mercado, finge que é contra e não o confronta.

Agora, ele quer tirar dezenas de bilhões de reais dos cofres públicos, cortando impostos, só para não enfrentar a política de preços da Petrobras, que é insustentável para a economia brasileira.

Os projetos que tramitam no Congresso Nacional, que buscam reduzir o valor dos combustíveis, também não são positivos.

Além disso, a proposta de fundo de estabilização para financiar a diferença de preço preocupa, porque o governo coloca dinheiro público para bancar a política de preço internacional.

Não são projetos que atacam o verdadeiro problema e mantêm o lucro dos acionistas.

Na realidade nua e crua, Bolsonaro favorece o mercado e apoia os aumentos, mas com a proximidade da eleição, e com a má performance nas pesquisas eleitorais, quer culpar a Petrobras.

Não cola, já é ele quem nomeia a maioria dos diretores no conselho. Foram eles que votaram a favor dos aumentos, atendendo às premissas do mercado.

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