Com tradição na ajuda mútua, moradores do bairro Pedreira do Instituto promovem a 2ª Feira de Economia Solidária e Meio Ambiente
Fotos: Divulgação/ Ascom/PMI
Se existe um bairro em Itabira onde a solidariedade, historicamente, é prática comum entre os seus moradores, esse é o Pedreira do Instituto. Nas décadas de 1960/70, quando intensificou a sua ocupação, foi comum a prática de os moradores se unirem para um ajudar o outro na construção das primeiras casas, numa prática que ainda persiste do mutirão.
O brasilianista Tomás C. Burneau, no livro Catolicismo brasileiro em época de transição (Loyola), ao analisar a importância das Comunidades Eclesiais de Base, citou Itabira, juntamente com a cidade de Crateús, no Ceará, por onde a solidariedade por meio dos mutirões foi ampliada, com incentivo da igreja Católica pelo seu clero progressista, seguidores da Teologia da Libertação. Outro bairro itabirano que se destacou nesse quesito foi o João XXIII em seus primórdios.
Pois acerta a Associação Comunitária do bairro Pedreira, com apoio da Prefeitura de Itabira, em parceria com a rede Camaco Engenharia Popular, grupo de extensão da Unifei, e também com as Brigadas Populares, ao promover a 2ª Feira de Economia Solidária e Meio Ambiente, no sábado (11), de 10h às 17h, na praça da igreja Nossa Senhora das Graças, um templo católico que também contou com a participação dos moradores em sua construção, por meio do trabalho em mutirão.
Economia popular
A proposta da feira, que deve ser repetida pelo sucesso alcançado, foi criar um espaço para a comercialização, a preços justos e acessíveis, de produtos confeccionados (alimentos e artesanato) pelos moradores, como meio de fortalecer a economia popular. “Foi uma oportunidade de os moradores mostrarem as suas potencialidades, com trabalho, geração de renda e solidariedade”, explica Leonardo Reis, coordenador da Rede Camaco.
A importância da feira foi exaltada também pelo presidente da Associação Comunitária do bairro Pedreira, Hudson Júnior, com os produtores locais interagindo com os moradores, divulgando os seus produtos. “Os produtores mostraram o seu valor no ramo alimentício, no artesanato. Em nossa comunidade, a solidariedade é bem enraizada com a prática do associativismo e cooperação, um sempre ajuda o outro”, confirma o líder comunitário.
A importância da preservação ambiental foi outra pauta exaltada, com distribuição de mudas de árvores nativas, no mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. A preparação para a feira contou com diversas atividades nas escolas e comunidade, com oficinas, workshops e palestras motivadoras para a participação dos moradores.
Encontro e compromissos
O prefeito Marco Antônio Lage (PSB) prestigiou a feira, ressaltando a sua importância para a divulgação e incentivo ao incremento da economia popular. “Fortaleceu a cultura associativista, como meio de gerar trabalho e renda para os moradores.”
Na feira, o prefeito se encontrou com a vereadora Bella Gonçalves (PSOL), de Belo Horizonte, quando conversaram sobre pautas importantes para a inclusão social e o respeito à diversidade.
Antes de voltar à capital mineira, a vereadora postou na rede social: “Tive uma conversa muito boa e produtiva com o prefeito de Itabira, @marco.antoniolage . Falamos sobre a necessidade de superar a dependência da mineração, a situação dos atingidos, as políticas voltadas para LGBTs e mulheres”, registrou.
“Aliás, soube que a dignidade menstrual já é lei em Itabira. Foi um excelente espaço de troca e saímos de lá com o compromisso de estreitar a relação e seguir o diálogo, buscando convergências em benefício do povo itabirano. Obrigada pela acolhida, prefeito. Até logo!”
Falta agora a Prefeitura de Itabira partir da teoria para a prática. Para isso, precisa regulamentar a lei da dignidade menstrual, aprovada pela Câmara, de iniciativa da vereadora Rosilene Félix (MDB), e já sancionada pelo prefeito, mas que ainda não virou realidade. O projeto estabelece a distribuição de absorventes às adolescentes de baixa renda e às mulheres vulneráveis.
LGBTIQIA+
Outro projeto que precisa virar realidade é o de número 10/2022, enviado à Câmara pelo prefeito no início do ano e que o presidente da Câmara, Weverton “Vetão” Andrade (PSB), ainda não se dignou de colocar em pauta para discussão e votação. Deu uma segurada depois que pastores evangélicos, intolerantes e aversos à diversidade, pressionaram contrários à iniciativa.
“O projeto já foi lido pelo plenário e seguiu para as comissões. O que houve foi um pedido do prefeito, e isso foi dito publicamente, para aguardar um debate e apresentação de emendas por todos os interessados”, defendeu-se o presidente do legislativo itabirano sem citar quem são esses interessados.
O projeto trata da promoção do respeito, dos direitos e da dignidade das pessoas LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e mais o que se quiser ser que ninguém tem nada com isso).
Cria também o Conselho Municipal de Promoção da Diversidade (COMLBTQIA+), com a finalidade de implantar ações governamentais “que visem o acolhimento, a proteção, a saúde, o trabalho e a participação da sociedade civil na definição da política municipal de promoção da cidadania e da diversidade LGBTQIA+ no município de Itabira”.