Vale é acusada nos Estados Unidos de enganar investidores com dados falsos sobre a tragédia de Brumadinho e segurança de barragens

Foto: Ricardo Stuckert/
Fotos Públicas

Não são nada boas as notícias vindas dos Estados Unidos para a mineradora Vale, que tem a pretensão de se manter em linha com o ESG (Environmental, Social and Governance), o que só conseguirá melhorando os seus indicadores socioeconômicos e ambientais nas localidades onde está presente com as suas atividades minerárias.

É que a Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais naquele país ainda hegemônico no mercado mundial, anunciou nesta quinta-feira (28), que a multinacional mineradora brasileira apresentou dados falsos e enganosos sobre a segurança da barragem 1, da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.

O rompimento dessa estrutura, em 25 de janeiro de 2019, causou a morte de 270 pessoas, entre trabalhadores, moradores e turistas, despejando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos ao longo da bacia do rio Paraopeba, afluente do São Francisco.

A SEC é a mesma instituição a qual a Vale apresenta, desde 2000, relatório anual como empresa estrangeira com ações negociadas nas bolsas de valores norte-americanas, com os resultados financeiros, operacionais, fatores de risco (como são as barragens de rejeitos), investimentos e projetos.

É neste relatório Formulário 20 que a mineradora apresenta as projeções para a exaustão de suas reservas minerais, como é o caso de Itabira, agora com previsão de fim para 2041. A primeira projeção divulgada pelo relatório Form-20, em 2001, era de que as minas de Itabira iriam exaurir em 2014.

Tragédia anunciada

“O colapso (da barragem de Brumadinho) matou 270 pessoas, causou danos ambientais e sociais imensuráveis e levou a uma perda de mais de US$ 4 bilhões na capitalização de mercado da Vale”, registra o relatório da SEC, que acusa também a Vale de “manipular múltiplas auditorias” sobre a segurança de suas barragens em Minas Gerais.

Para a SEC, muito antes da ruptura a mineradora sabia que a barragem de Brumadinho não atendia aos padrões de segurança reconhecidos internacionalmente, Isso embora apresentasse documentos oficiais atestando que aderiu “as mais rígidas práticas internacionais” de segurança e 100% de suas barragens estavam certificadas como tendo condições estáveis”.

Para o órgão regulador do mercado norte-americano a empresa enganou investidores e que o crime de Brumadinho provocou “perda de mais de US$ 4 bilhões na capitalização de mercado da Vale.”

A SEC diz que além de enganar investidores, a mineradora tem ludibriado também governos e comunidades sobre segurança de barragem, assim como tem apresentado dados falsos para obter a certificação ESG, que considera as performances das empresas candidatas nas questões sociais, ambientais e de governança.

Outra grave acusação da SEC é que a Vale teria obtido vantagens econômicas internacionais indevidas, com base em dados falsos, ao obter empréstimos de US$ 1 bilhão no mercado norte-americano, enquanto as suas ações eram negociadas livremente nas bolsas de Nova Iorque.

O que diz a Vale

Em nota distribuída à imprensa, a mineradora Vale confirma a ação judicial aberta nos Estados Unidos, mas nega as acusações. Leia a íntegra:

A Vale confirma que hoje a Securities and Exchange Commission dos Estados Unidos (“SEC”) iniciou ação judicial contra a Companhia no Tribunal Distrital para o Distrito Leste de Nova York, nos Estados Undios, alegando que certas divulgações da Vale violaram as leis de valores mobiliários dos Estados Unidos.

O processo foca em divulgações relacionadas à gestão de segurança de barragens da Vale anteriormente ao trágico rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil, em janeiro de 2019.

A Vale nega as alegações da SEC, incluindo a alegação de que suas divulgações violaram a lei dos Estados Unidos, e defenderá vigorosamente este caso.

A Companhia reitera o compromisso que assumiu logo após o rompimento da barragem, e que a tem guiado desde então, para a remediação e a reparação dos danos causados pelo evento.

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