Prefeito cobra da Vale o fornecimento regular de 160 l/s de água para amenizar a crise hídrica em Itabira na estiagem
Fotos: Carlos Cruz
Todos os anos a história se repete: as águas de março ainda não fecharam o verão, mas a crise hídrica já se instala em Itabira, o que vem se arrastando há vários anos.
Isso é devido à falta de alternativas superficiais de captação, uma vez que no passado a mineradora Vale, detentora do quase monopólio das outorgas no município, dizia não ser preciso pois iria sobrar água dos aquíferos com a exaustão das Minas do Meio, o que seria suficiente para abastecer a população com sobra para atrair novas indústrias.
e aqui
Agora, como a mineradora já descartou essa opção – e o município aceitou –, por força de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado com o Ministério Público, a mineradora vai ter de bancar o investimento para captar água no rio Tanque, uma alternativa que já deveria ter sido efetivada há mais de uma década e que só deve ser concluída em 2024, numa projeção otimista.
É assim que as autoridades municipais já estão preocupadas e parte da população itabirana já sobre com a escassez do precioso líquido. O desabastecimento vem ocorrendo em vários bairros com a estiagem que chega mais cedo neste ano depois do aguaceiro prolongado – e do obsoleto sistema de captação, tratamento, reservação e distribuição.
Manobras
Nessa terça-feira (15), o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) e assessores se reuniram com a direção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para encontrar meios de amenizar a crise. Não vai ser fácil dadas as poucas opções existentes e com a Vale deixando de cumprir integralmente uma das condicionantes do TAC.
Essa condicionante determina que a mineradora faça o reforço das Estações de Tratamento de Água (ETAs) da Pureza (Rio de Peixe) e Gatos, o que tem sido feito, precariamente, com fornecimento de água dos aquíferos, bombeada e transportada por caminhões-pipa.
A alternativa se tornou necessária pela contaminação por manganês das águas das barragens do rio de Peixe e Santana, que seriam as alternativas iniciais apresentadas pela mineradora para o reforço dessas ETAs.
No encontro com técnicos da autarquia foram debatidas outras alternativas para amenizar o sofrimento da população, da parte servida por esses duas ETAs. Somente os moradores dos bairros servidos pela captação de águas profundas nas Três Fontes não devem sofrer com a crise hídrica neste ano.
“Mesmo com as chuvas (do início do ano), diversos fatores impactam diretamente o abastecimento na cidade. Estamos com problemas na ETA Rio de Peixe e com pouca vazão no anel hidráulico”, confirma a presidente do Saae, Karina Lobo.
“Estamos realizando manobras para equilibrar o abastecimento na cidade”, disse ela, sem assegurar se essas manobras serão suficientes para o período mais crítico da estiagem. Certamente, não serão.
Cobrança
“Precisamos assegurar o fornecimento (pela Vale) dos 160 litros por segundo (l/s) no anel hidráulico”, cobrou o prefeito. “Itabira não suporta mais esse problema crônico de falta de água. Não podemos passar por racionamento novamente nos próximos anos.”
O prefeito pede a intervenção do Ministério Público para que seja agilizado o projeto Rio Tanque. Mas isso não depende dessa ação ministerial, uma vez que há um longo caminho a percorrer até que se conclua o projeto executivo e o início das obras sem atropelar o necessário processo de licenciamento ambiental.
Enquanto isso, resta ao prefeito e ao Ministério Público cobrarem o cumprimento da condicionante que obriga a mineradora a suprir a defasagem dos 160 l/s no sistema de abastecimento durante a estiagem.
Ressalte-se que, pelo Código das Águas, o abastecimento público é prioridade, antes mesmo do suprimento das usinas de concentração de minério – e até mesmo para diminuir a poeira que atormenta os moradores com a estiagem.
É assim, ano a ano, que a história que se repete como farsa, sem que se dê solução para tamanho impacto que afeta a saúde e o bem-estar da população itabirana.
Mete a pica, prefeito!
Uma alternativa seria a Prefeitura criar um programa pra recolhimento de águas das chuvas e o reaproveitamento de águas cinzas, nos territórios que sofrem com a falta de água roubada pela mineradora infame.
Em Volta Redonda, a Prefeitura descobriu que a CSN, é dona de todo o território da cidade…. vamos agir e botar essa canalhada pra fora do país.