Itaurb primariza serviços que havia sido terceirizados e reduz dívidas trabalhista e tributária
Fotos: Carlos Cruz
No destaque, caminhão da Itaurb em operação: trabalho de coleta é insalubre e novo modelo, com coletores em caçambas, é alternativa que pode ser implantada
Presente na reunião da Câmara, em Ipoema, nessa terça-feira (22), o presidente da Empresa de Desenvolvimento Urbano (Itaurb), Amilson Flávio Nunes, em sua prestação de contas, disse que a nova administração municipal encontrou uma frota de caminhões deficitária e sucateada. “Nos últimos 15 anos foram abertos novos bairros em Itabira e a frota permaneceu do mesmo tamanho”, afirmou.
Segundo ele, a média de vida da frota de caminhões ultrapassa oito anos, com muitos equipamentos com mais de 20 anos.
“A frota não atende à demanda do município e estamos gastando muito com manutenção. É uma luta diária, na semana passada estávamos com oito caminhões quebrados.”
Daí a necessidade de renovar a frota, o que deve ocorrer ainda neste ano, disse ele.
“Outro investimento que já estamos fazendo é em tecnologia, para melhor monitorar a logística na coleta de lixo (resíduos urbanos)”, disse ele. “Nossos caminhões já estão sendo equipados com GPS (Sistema Global de Posicionamento) para se saber, em tempo real, onde estão operando.”
O presidente da Itaurb reconheceu que a coleta seletiva de resíduos urbanos ficou prejudicada com a pandemia, mas que agora a situação está sendo normalizada. É que segundo ele, com a pandemia todo resíduo passou a ser tratado como infectante.
Daí que a coleta seletiva foi suspensa pela administração passada, com todo material sendo encaminhado para o aterro sanitário, com sério risco de novamente virar um lixão.
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“Vamos reestruturar a coleta seletiva para que volte a ser referência nacional”, disse Amilson Nunes, prometendo também uma ampla campanha educativa, na expectativa de se ter novamente, entre a população, a cultura de segregar os resíduos domiciliares.
Receitas e dívidas
Com a primarização dos serviços de coleta e varrição, a Itaurb teve, neste ano, uma importante melhora no seu faturamento. “Em janeiro do ano passado a nossa receita bruta foi de R$ 2,8 milhões e em dezembro deu um salto para R$ 5,4 milhões”, informou.
No ano passado a Itaurb faturou R$ 38,7 milhões. O seu principal gasto foi de R$ 22 milhões com a folha de pagamento de cerca de 900 empregados. “Tivemos um lucro operacional de R$ 626,2 mil. Mas como herdamos um passivo trabalhista de R$ 3,9 milhões, fechamos o ano no negativo, com um déficit de R$ 3,2 milhões”, lamentou.
Para fazer frente a essa situação e reestruturar a empresa, está para ser mudada a razão social da Itaurb. “Vamos alterar o seu CNPJ para deixar de pagar tantos impostos como empresa municipal”, disse ele. Para isso, possivelmente a Itaurb vai virar uma autarquia municipal, a exemplo do já é o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).
“Assim que for quitada a dívida tributária, a Itaurb vai poder participar de licitações de obras e assim passar a respirar por conta própria”, acredita o seu presidente.
Segundo ele, a dívida encontrada foi de R$ 80 milhões, hoje está em R$ 50 milhões. “A redução de R$ 30 milhões inclui a quitação de parte do passivo trabalhista e negociação da dívida tributária”, esclareceu.
Sucateamento
O presidente da Câmara, Weverton “Vetão” Andrade (PSB), recordou que na administração passada a mensagem era de que a Itaurb estava quebrada – e que por isso era preciso enxugar o quadro de empregados, como de fato ocorreu com a demissão de vigilantes, que depois foram reintegrados já nesta administração por decisão judicial.
“Diziam que sem a demissão dos vigias, a Itaurb não durava mais seis meses”, recordou. “Servidores nomeados entravam com reclamação trabalhista na justiça e a Itaurb deixava de recorrer, aumentando a dívida trabalhista. Sucatearam intencionalmente a Itaurb. Antes, boa parte dos serviços eram executados por empresas de apoiadores de campanha do governo anterior”, afirmou.