Biden versus Putin: confronto vai ter reflexo no Brasil qualquer que seja o desfecho

Rafael Jasovich*

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e Estados Unidos, Joe Biden, aceitaram participar em uma reunião de cúpula proposta para evitar uma invasão russa da Ucrânia, mas o Kremlin, sede do governo russo, destacou que é “prematuro” falar de um encontro entre os dois chefes de Estado.

A iniciativa de Paris é um novo esforço diplomático para conter a crise. A reunião proposta pelo presidente francês será seguida de encontro com “todas as partes envolvidas” em que será abordada “a segurança e a estabilidade estratégica na Europa”, afirmou o Palácio do Eliseu. Macron destacou, no entanto, que o diálogo “não poderá acontecer se a Rússia invadir Ucrânia”

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que a reunião deverá acontecer depois que o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o Ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, se encontrarem no próximo dia 24.

As posições de ambos os presidentes são demonstração de força, sendo que a de Putin é militar e a de Biden de ameaças de sanções econômicas que, segundo ele, afetarão grandemente a economia russa.

Não parece que a ameaças americanas sejam de meter medo em Putin que acertou um acordo de cooperação com a China e que vende grande parte do gás que a Europa utiliza.

Como já expressei em diversos artigos neste site, Biden é um belicista e precisa de uma demonstração de força para adquirir liderança real nos Estados Unidos.

Pelo lado do Putin há a necessidade imperiosa de parar o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para cada vez mais perto de suas fronteiras.

Repercussão no Brasil

A crise está longe de acabar. E os desdobramentos serão nefastos para o Brasil qualquer um que seja o resultado.

O governo brasileiro mais uma vez tem atuação ridícula na área das relações internacionais. Jair Bolsonaro declara apoio a posição russa num claro enfrentamento com os Estados Unidos e que já motivou uma reprimenda pública do governo norte-americano.

A reunião com o presidente da Hungria foi outra catástrofe internacional, uma vez que nada acrescenta ao Brasil e só isola cada vez mais nosso país do concerto das nações.

Rússia nada fará em favor do Brasil se houver sanções ou se houver guerra, não esquecendo que, na América do Sul, Putin é aliado da Venezuela e tem excelentes relações com Argentina, Chile e Bolívia.

O capitão ainda presidente já se isolou com os nossos vizinhos, não participou da posse de nenhum dos presidentes progressistas e democráticos eleitos sejam na Argentina, na Bolívia e no Chile.

No caso de fortes sanções econômicas por parte dos Estados Unidos quem vai sofrer mais fortemente as conseqüências econômicas é o Brasil.

A crise se agrava

O presidente russo reconheceu a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia. A decisão, porém, não prevê anexá-las e adicioná-las formalmente ao seu próprio território.

Disse ter mandado tropas a esses territórios para garantir a “paz”.

Putin também pediu à Ucrânia que cesse imediatamente as “operações militares” contra os separatistas pró-Rússia. Caso contrário, o país será responsabilizado “por mais derramamento de sangue”

Esperam-se fortes sanções por parte da Otan (leia-se Estados Unidos)

Putin declara que está pronto para negociar. Com guerra ou sem ela, Brasil será fortemente atingido.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

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