Série: um poeta & um teórico na caixa de fósforos

Foto: Emília Mendes

Reginá Guerra

 Capítulo 6
Safo & Pablo Picasso

 “Cansei-me de ser moderno. Quero ser eterno.”

Essas frases do pintor espanhol Pablo Picasso poderiam ter sido escritas para contar a história de Safo. Supermoderna na Grécia Antiga, assim permanece mais de dois milênios depois.

Quase trezentos anos após a morte de Safo, sua obra foi recolhida e organizada pelos sábios da Biblioteca de Alexandria em nove livros, cada um segundo uma métrica específica.

Safo foi incluída na plêiade dos maiores poetas líricos gregos. Entretanto, todos os livros se perderam e a obra de Safo só sobreviveu por meio de pedaços de papiros e citações em tratados antigos, além de alguns registros esparsos, tendo restado um único poema na íntegra, o chamado “Hino a Afrodite”. Um desastre. Perdas incontáveis…

Se a Biblioteca de Alexandria não tivesse sido incendiada, muito mais poderíamos conhecer sobre culturas & ciências antigas e da obra de Safo em particular. As bibliotecas são as verdadeiras revoluções do conhecimento. São incomparáveis: as grandes difusoras da ciência, arte & cultura da história da humanidade.

Hoje deixo os últimos haicais # Safo da série de 10 haicais escritos pelo Marcelo, sua homenagem a Safo, dentro da HAIKAIXA.

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Safo # 22

as estrelas

são escamas

de sereias

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Safo # 23

o perfume das sereias

desenha

as ondas

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Safo # 25

ostras do rochedo

o idioma do mar

é teu segredo

*

Safo # 26

vem montanha à planície

ouvir — na areia —

o sussuro de Circe.