São João Batista, o cemitério da poesia e das artes
| Ocupa uma vasta área, tendo de frente pela Rua General Polidoro, 333,5 metros, estendendo-se desde daquela frente, até as vertentes do Morro de São João, tendo na parte plana a superfície de 183.123 metros quadrados. Por dentro do terreno passa canalizado o Rio Berquó. |
Por Cristina Silveira
Nesta segunda-feira (25) fui ao Cemitério São João Batista, necrópole do município do Rio (16 de outubro de 1851), fazer uma visita ao jazido da Família Drummond de Andrade.
Lá estão os ossos da Maria Julieta, do Carlos e da Dolores Dutra. O poeta Drummond não é conhecido entre os coveiros, diferente do compositor Cazuza que é referência pra localização de ruas do cemitério.
O que vi, e muito alegrou, é que a campa do poeta fica do lado esquerdo do grande cemitério. Nos lados e nos fundos estão as montanhas cobertas de árvores e moradias (casas e prédios).
Um lugar propício ao descanso eterno – e calmo. E ainda há os que querem fazer o traslado dos restos mortais de Drummond para Itabira, um sacrilégio que espero não venha acontecer em nome de sua memória eterna.
Mas voltando ao que vi no cemitério São João Batista, fiquei satisfeita com a visão geral. O jazigo do poeta é simples, a família Drummond não está naqueles castelinhos enormes em que se pode morar viva ou sob uma escultura gigante como a do Santos Dumont, ainda bem!
O que senti falta é que no mármore preto está faltando o nome de Dolores Dutra, a mãe da bela Maria Julieta, um descuido de quem ainda está longe de ocupar aquele lugar. O zelo do Knorr faz falta aqui…
Fiz uma sequência de fotos (péssimas) desde a entrada do São João Batista até o jazigo. Fui entrando guiada pelo coveiro José Félix, que nunca tinha ouvido falar do poeta. No final da caminhada, ao agradecer lhe, perguntei:
MCS – Sabe quem é Drummond?
José Félix – Agora é mole, é um poeta de Itabira.
E emendou: – Itabira fica no Ceará?
Deixei uma florzinha sobre o mármore preto e vim embora. E pensei muito nessas três pessoas significativas pra Itabira: Carlos, Dolores e Maria Julieta.
| “Até junho de 1855 foram feitos mais 412 sepultamentos, em sua maioria de vítimas de uma epidemia de febre amarela que grassava pela então corte imperial”. Agora são as vítimas da Covid-19 que ocupam a maior parte do cemitério.
Excelente reportagem. Explora um viés totalmente imprevisível. Parabéns, Cristina, por mais essa.
Volto aqui pra completar as informações sobre a morada eterna do poeta, que fica na rua 18, jazigo 19.099. Pra quem quiser dar uma passadinha no São João Batista pra uma visita sem tocar a campainha.