Paulo Guedes sobe no telhado
Rafael Jasovich*
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue derretendo nas pesquisas e a última cartada para tentar se salvar é o tal de auxilio Brasil, o que o levou ao enfretamento com a equipe econômica que também aproveitou para fazer o “mercado” reagir contra o aumento do teto de gastos.
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Com o anúncio do pedido de demissão de pelo menos quatro dos principais assessores do ministro da Economia Paulo Guedes aumentou a irritação contra o chefe da pasta entre os assessores mais próximos do presidente Jair Bolsonaro.
A avaliação é que Guedes está esticando a corda contra seus colegas da área política para evitar que o projeto que substituirá o Bolsa Família – o tal “Auxílio Brasil” – ofereça a seus beneficiários um valor superior aos R$ 300 propostos pela área econômica.
Guedes e seus auxiliares calculam que é este valor que cabe no Orçamento da União sem desrespeitar o teto de gastos imposto pela Constituição.
A crise se agravou ao longo do dia com o anúncio de paralisação dos tanqueiros (caminhoneiros que transportam combustível). A resposta dada pelo capitão-presidente foi pagar um auxílio a 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar o aumento do diesel. O preço do combustível subiu 37,25% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado.
Assessores próximos do presidente acham que, sob a proteção de Guedes, seus auxiliares estão insuflando a crise, num momento já delicado, com queda de popularidade do presidente, uma pandemia, a proximidade do ano eleitoral de 2022, e os problemas energéticos que o país está vivendo.
Seria quase que como uma traição, disse um auxiliar do presidente. O resultado pode ser imprevisível.
O capitão está sendo insuflado pela área política do governo a simplesmente ignorar os reclamos do ministro da economia.
A corda esta esticada, os próximos capítulos da novela dramática que vive o Brasil poderão agravar a fome e a miséria. O ministro subiu no telhado e sua queda pode ser iminente.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional
presidente do Banco Central cotado para o cargo